Não fique aí remando contra maré. Se não for pra ser, não vai ser.
Point of view Charlotte Adams
- Eu confio em você. - Sussurrei. Ele me envolveu com força em seu abraço. E, com os lábios encostados nos meus cabelos, murmurou: - Nós fazemos bem um pro outro, Char.
Foi com essas palavras na minha mente que adormeci em seus braços.
mais tarde naquela noite.
- Não faça isso... Não. Não faça isso... Por favor. - Os gritos de Justin me fizeram pular da cama, com o coração disparado. Tive que me esforçar para recobrar o fôlego, observando com os olhos arregalados o homem que se contorcia ao meu lado. Ele rosnava com um animal feroz, com as mãos fechadas, chutando sem parar. Eu me afastei, com medo de que ele me acertasse acidentalmente enquanto dormia. - Saia de perto de mim! -ele disse, ofegante.
- Justin! Acorde.
- Saia... saia... - Ele arqueou os quadris e soltou um gemido de dor. Ficou nessa posição, com os dentes cerrados e as costas arqueadas como se a cama abaixo de si estivesse em chamas. Então desabou, fazendo o colchão ceder sob seu peso.
Justin. - com a garganta queimando engoli em seco. Ele gemia agoniado, contorcia-se com tanta violência que a cama inteira tremia. Eu me virei para ele... E o encontrei se masturbando com uma violência atordoante. A mão que segurava seu membro estava pálida de tanto fazer força, e se movia para cima e para baixo de maneira brutal. Seu lindo rosto estava deformado pela dor e pelo martírio. Temendo pela sua segurança, sacudi seus ombros com as duas mãos.
- Justin, pelo amor de Deus. Acorde!. - Meu grito interrompeu o pesadelo. Seus olhos se abriram e ele se sentou, olhando freneticamente ao redor.
- Quê?- ele perguntou sem fôlego, com o peito ofegante. Seu rosto estava todo vermelho, principalmente as bochechas e os lábios. -O que foi?
- Minha nossa. - Passei as mãos pelos cabelos. O que se passava na cabeça dele? Que espécie de impulso sexual era capaz de produzir sonhos tão violentos? - Você estava tendo um pesadelo;- disse com a voz trêmula. - Quase me matou de susto.
- Char. - Ele olhou para baixo e, ao notar sua ereção, ficou ainda mais vermelho, dessa vez de vergonha. Eu o observava à distância, de perto da janela.
- Você estava sonhando com o quê? - Ele sacudiu a cabeça e abaixou-a, humilhado. Eu nunca o havia visto em uma posição tão vulnerável. Era como se outra pessoa estivesse ocupando seu corpo.
-Não sei.
- Mentira. Tem alguma coisa aí, corroendo você por dentro. O que é?- Ele se recompôs visivelmente quando sua mente conseguiu espantar de vez o sono.
- Foi só um sonho, Char. Todo mundo sonha. - Olhei bem para ele, magoada por estar sendo tratada daquela maneira, como se fosse uma imbecil.
- Não me venha com essa. - Ele corrigiu a postura e cobriu as pernas com o lençol.
- Por que você está brava?
- Porque você está mentindo. - Ele inspirou profundamente; depois soltou o ar numa bufada.
- Desculpe por ter acordado você. - Apertei o espaço entre meus olhos, sentindo uma forte pontada de dor de cabeça se espalhar. Meus olhos ardiam de vontade de chorar por ele, de chorar por causa do martírio que ele estava enfrentando. De chorar por nós, porque, caso ele não se abrisse, nossa relação não teria futuro.
- Vou perguntar de novo, Justin: com o que você estava sonhando?
- Não lembro.- Ele passou as mãos pelos cabelos e pôs as pernas para fora da cama. - Estou com um negócio na cabeça que está atrapalhando meu sono. Vou dar uma volta pelo manicomio. Volte pra cama e durma mais um pouco.
- Essa pergunta tinha mais de uma resposta certa, Justin. 'Vamos conversar sobre isso amanhã' seria uma delas. Até um 'Não estou pronto para conversar sobre isso' seria aceitável. Mas você tem a cara de pau de fingir que não sabe do que estou falando e de me tratar como uma imbecil.
- Char..
- Nem comece.- Pus as mãos na cintura. - Você acha que foi fácil contar a você sobre meu passado? Acha que foi tranquilo me abrir daquele jeito e pôr tanta sujeira pra fora? Corri esse risco porque quero ficar com você. Um dia, quem sabe, você queira fazer o mesmo. - Saí do quarto.
- Char! Que droga, Char, volte aqui. Qual é a sua?- Comecei a andar mais depressa. Sabia o que ele estava sentindo: o nó no estômago que se espalhava como um câncer, a raiva incontrolável e a necessidade de ficar a sós para tentar arrumar forças para empurrar as lembranças ruins de volta para o canto escuro de onde saíram. Isso não era desculpa para mentir ou fingir que não estava acontecendo nada. Sua nudes o impediu de vir atrás de mim.
Parei em frente a porta do quarto de maria e engoli o choro antes de dar duas batidas na porta.
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Manicômio
Fiksi PenggemarEle: Um psicopata. Ela: Uma suicida. Combinação perfeita ou desastre? Com ele, nunca se sabe ao certo quando a verdade começa e a ironia termina. Apenas os tolos acreditam que fechar os olhos fará os monstros irem embora. '' -Eu não consigo mais, J...