thirty-tow | there are many stories about what a brave girl you are.

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Selena Gomez's Point of View.

Los Angeles, Califórnia,  EUA
10h20min AM

       SINTO uma corrente de energia elétrica atravessar todas as células de meu corpo e concentrar-se exatamente em minha perna esquerda, fazendo-me balança-lá de um modo rítmicado e frenético. Olho tudo ao meu redor com a respiração entrecortada; vendo como Julian estava calmo e seguro de si, como sempre. Acho que sempre invejei sua postura.

— Você vai casar com o Bieber. – ele não pergunta, na verdade, tudo o que há para saber sobre mim ele sempre consegue um jeito de descobrir. – Mesmo depois de tudo o que aconteceu.

— As coisas seguiram um rumo diferente, Julian. – começo, exausta desse assunto. Sim, eu o amei um dia e foi um ótimo momento aquele que passamos juntos, mas, foi apenas isso, um momento. – Eu não tenho que provar nada para você. Eu estou aqui por que agora eu tenho um milhão de motivos para qual eu quero melhorar, mas se não for capaz de pôr suas emoções de lado e ser proficional, eu ficaria mais do que feliz em receber recomendações sobre outros bons psicólogos que há na cidade.

Seus olhos azuis gélidos me traziam lembranças de sua irmã. Na verdade, eu sempre os achei parecidos. Eu gostava dela, sabe, mas acho que nos perdemos. Eu me lembro de chegar da escola e pensar sobre como minha mãe iria gostar de conhecê-la. Eu teria ficado com ela.

— Vamos começar. – ele sorriu, sentou na poltrona de frente para mim e balançou levemente os ombros. – Kimberly me deu uma pequena fortuna para cancelar toda a minha agenda desse dia para atender apenas você, então, pode começar, senhorita. Dando início pelo casamento. Como se sente?

— Me sinto muito bem, mas exausta. Não quero que ele saiba sobre mim, mas também não acho justo esconder as coisas. Sei, dentro de mim, que estou tentando proteger ele da dor, mas, às vezes, proteger não é o melhor remédio. Sei disso por que durante toda a minha vida minha mãe mentiu com a desculpa de que estava me protegendo por me amar demais. Isso não é desculpa.

— Vocês vão começar uma família. – ele disse, olhando bem para mim. – Não deveria começar dizendo a verdade? Todo aquele lance de na saúde e na doença não é apenas teoria, Selena. Ele tem o direito de estar lá por você da forma que eu sei que você estaria por ele.

— Nossa relação está ótima, Julian, se é isso que te preocupa, mas eu não quero ter que expôr minhas fraquezas.

Existem muitas histórias sobre como você é uma garora corajosa.

— Eu não acreditaria muito nelas. – eu ri, apenas.

— E como a família de vocês reagiu com a notícia?

— Está todo mundo muito contente. Kimberly, Sienna, Jazmyn estão preparando tudo para daqui há alguns meses. Não quisemos esperar muito e nem nada muito grande. Será meu primeiro e último casamento, quero algo memorável para nós dois e aqueles que nos amam.

A verdade é: quero que ele tenha a sua vida para além da nossa. Que consiga se divertir sozinho e mesmo que pense em mim, continue levando muito a sério isso de viver por si. Que ele descubra sua própria felicidade e ache prazer em compartilhá-la comigo, independente do momento que achar oportuno fazê-lo. Do nosso amor quero a liberdade de poder decidir. E de poder te dizer que haverá dias em que precisarei somente da minha presença. Não quero que a gente atrapalhe um a jornada do outro com pesos desnecessários e cobranças sobre quem sente, fala, demonstra, tenta primeiro. Com ele, desejo que nosso amor seja generoso na forma de enxergar um a falha do outro. Não como quem tenta curar a ferida a todo custo, mas como quem entende que a ferida é uma mensagem do tempo para o nosso próprio corpo: “calma, você está quase lá”. Que a gente consiga ser paciente um com o outro para admitir que temos tentado e que tentar é o mais importante. Que o caminho é construído juntos, mas que também há partes dele onde você será o responsável por ir na frente. E que em outros momentos, serei eu a pessoa que estará guiando a direção. O amor, afinal, é isto: a eterna vontade de caminhar.

E quando a vontade deixar de existir, que a gente tenha a honestidade de dizer que não está dando mais. Que o caminho precisará ser seguido sozinho. Que a vida precisará ser a sós.

A verdade é que eu desejo que ele enxergue novas maneiras de continuar comigo. E que quando isso não acontecer mais, sua honestidade para abandonar o barco ser mais uma forma que você tem de demonstrar seu amor por mim. E que, sim, a gente consiga ter nossas próprias direções ainda que juntos. Porque a verdade é que o te amo e o quero livre, ainda que comigo.

“Já memorizei seu corpo todo para o caso de a gente não se ver de novo”,  era o que eu mentalizava enquanto estava em seu peito, em Amsterdã.

Eu sabia. A gente sempre sabe quando no dia seguinte não tem ligação. A gente sempre sabe quando no dia seguinte aquela pessoa não vai retornar nossas expectativas infinitas e nossa vontade de ficar. E eu senti, naquele momento em que ele me olhou e o silêncio entre nós foi mais ensurdecedor do que uma multidão gritando. Eu fiquei me perguntando se aquele último dia em que estivemos juntos era sobre alguma coisa que eu precisava aprender. Talvez diminuir as expectativas, se preparar para fins imaginários, porque eu sempre imagino fins que não existem. São finais de relações que invento na minha mente porque dói menos ter respostas dolorosas do que um grande espaço corroendo você.

E você se pergunta: “o que fiz?”, “o que deixei de fazer?”. Você se questiona se poderia ter feito diferente, se poderia ter tentado de outra forma, mas no final das contas, a gente nunca prevê como será alguém se desligando do que construímos. Ainda que essa construção tenha sido de dias, semanas. A gente nunca tá preparado para o silêncio do dia seguinte, e para os dias que não trazem resposta. A gente sempre fica com aquela frustração na garganta por não termos perguntado: “está sendo a última vez? a última vez que a gente faz isso?”. Eu fui a última vez que ele fez isso. Ele foi a última vez que eu sinceramente desejei estar com alguém. Eu fui a última vez que ele fugiu de alguém por medo de intensidade. Eu fui com ele a última vez que abro o peito e deixo tudo sair voando.

Eu deveria ter o olhado nos olhos e perguntado se seria o suficiente para continuarmos no mesmo caminho, mas como na música, a única coisa que fiz, naquele dia em Amsterdã, foi memorizar seu corpo, sua pele, e todo o amor que eu poderia o dar se ele não tivesse optado por ir na direção contrária à minha.

“Eu não quero viver para sempre, porque eu sei que estaria vivendo em vão. E eu não quero me encaixar em nenhum outro lugar, eu só quero continuar chamando o seu nome, até você voltar pra casa.”

— i don't wanna live forever

Notas da autora:

ALO ALO

Não sei se já repararam nisso antes ou não, mas eu adoro escrever sobre os sentimentos da Selena. É sempre tão bom e natural, as coisas simplesmente fluem.

All the love..

endless • selena gomez [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora