Capítulo 6

234 24 2
                                    


20hs28min – Isabella.

– Depende. – Ele sorriu maliciosamente, como se matar dezenas ou centenas de pessoas fosse a coisa mais normal a se fazer.

– Do que? – Tentei agir tão naturalmente quanto ele, mas a indignação estava estampada em minha voz.

– Tem umas vadias que eu comi e foram parar embaixo dos seus pés. – quase caí da cadeira, fazendo-o rir enquanto eu tentava me equilibrar, jogando meus braços pela bancada. – É uma espécie de porão, mas com cinzas de putas mortas.

– Quantas? – minha respiração estava pesada.

– Um pouco mais de quarenta. – sua voz estava ficando um pouco mais grossa.

– Eu vou para lá? – abaixei mais uma vez minha cabeça, encarando os dedos dos meus pés.

– Chega de perguntas, porra! Para de encher o saco, Isabella! – Ele bateu na bancada, me deixando assustada e encolhida onde eu estava sentada. – Está na hora de subir.

Suspirei enquanto o medo diminuía, já estava sem forças até para sentir medo. Queria apenas que tudo aquilo acabasse, eu não iria embora. Renan era como meu pai foi e infelizmente nunca mais sairia daqui sem ele ou sem um caixão, talvez ele nem gastasse um caixão comigo e eu fosse logo para um saco de lixo qualquer. Levantei e esperei ele vir para meu lado; acompanhei-o pelos corredores daquela enorme casa, os seguranças e empregados desviavam o olhar, fingindo que nós não existíamos.

Olhei para um dos homens que entravam pela porta da frente, seu rosto era familiar. Abaixei a cabeça, tentando encontrá-lo em alguma memória.

Michel tentava segurar meu braço, mas virei a arma, que havia acabado de encontrar, em sua direção. Ele me soltou, assustado, pálido. Sabia o que eu queria fazer. Continuei andando em direção àquele enorme prédio envidraçado.

Você não quer fazer isso, Arabella! Pare! – Michel tentava gritar, mas meu ódio era ainda maior, eu não podia aguentar ver minha mãe com cicatrizes e quase morta simplesmente por ter descoberto a amante de meu pai.

Ela quem deveria se arrepender de tê-lo conhecido. – gritei de volta, já na entrada do prédio.

Essa arma é dele, Bella! Você sabe quem ele é e ele irá te matar! – Sua voz começara a abaixar e falhar.

Talvez seja isso que eu mereça. – Olhei mais uma vez para ele e subi correndo pelas escadas, ignorando as pessoas que trabalhavam ali e pareciam não se importar com a arma que estava em minhas mãos.

Cheguei ao andar de meu pai e fui direto até sua sala. A porta estava trancada e depois de alguns chutes, mesmo com meu pé doendo, consegui quebrar a tranca. Ele estava sentado em sua cadeira, como de costume, rindo de meu cansaço. Ágatha estava sentada no seu colo, com um vestido curto e colado em uma cor vibrante de vermelho, sorrindo de forma debochada. Apontei a arma para ela, mas ambos pareceram inatingíveis.

É isso que você tem? Isso que você faz? Matar pessoas? – Gritei com ódio e indignação.

Eu vou admitir que estou surpreso por ser você, logo a minha garotinha. – Ele falou debochadamente, a forma como ele me chamava fizeram as lágrimas começarem a molhar minhas bochechas.

Por que fez isso, pai? As pessoas não fizeram nada você, a mamãe não fez nada para você! – Abaixei a arma, movimentando-a conforme minhas expressões corporais reagiam a tudo aquilo.

Arabella - Autodestrutiva Onde histórias criam vida. Descubra agora