16:35 – Isabella
Renan estava jogado na cama, com uma de suas pernas em cima de minha barriga, e apesar e relaxado, não fazia força suficiente para que minhas feridas fossem incomodas. Seus braços me envolviam e seus dedos estavam numa posição de como quem adormeceu acariciando algo especial.
Fechei os olhos por mais alguns segundos, tentando acordar de um sonho esquisito de uma pessoa com a mente completamente insana e instável, contudo, quando os abri novamente, tudo estava da mesma forma.
O sol estava se pondo, criando uma obra de arte alaranjada e pacífica no céu quase combinando com a respiração leve de Renan. Tentei me mover, mas Renan me abraçou com mais força, fazendo-me sentir um misto de medo e confusão.
- Você me deixa confusa. – sussurrei, esperando não ser ouvida.
Ele aproveitou sua posição, ficando por cima de mim com um impulso. Beijou meus lábios com certa intensidade e urgência; ignorando meus ferimentos, adentrou o pano que me cobria, apertando meus seios enquanto descia seus beijos e chupões ao meu pescoço e colo. Ainda com o rosto próximo de minha pele, senti uma risada nasalada, que em qualquer momento me traria pânico, mas naquele, me trouxe um sentimento desconhecido ao qual eu era incapaz de julgar.
- Você é fraca. Apenas de te dei um pouco de atenção e você pensa que é alguém. – o homem me soltou, olhando-me e me mostrando novamente o olhar frio e demoníaco de alguém que nunca foi capaz de sentir algo puro e real como amor, pude perceber que meu sentimento era frustração, uma frustração que nunca mudaria.
Renan levantou da cama sem cerimônias e vestiu a blusa que havia tirado durante nosso pouco tempo juntos, saindo e batendo a porta como sempre.
16:45 – Renan
Bati a porta do quarto, puto por deixar que a bonequinha pensasse que era especial e principalmente por essa impressão ter sido minha culpa. Andei até meu cômodo e depois de trancar a porta, joguei minhas roupas no chão e tomei um banho gelado e sem qualquer pressa. Meu cabelo estava maior que o normal; anotei mentalmente que precisava de um dia para cuidar da aparência até que ela voltasse a ser do monstro gostoso que eu era. Ri com os pensamentos idiotas que por poucos segundos me fizeram esquecer meus verdadeiros problemas.
Sai do banho e peguei um terno preto com costura de alfaiate, foi um dos mais caro e presenteado por quem estava, naquele momento, vestindo seu ultimo terno dentro de um maldito caixão.
Flashback
- Cara, você está ridículo! – Matheus ria enquanto eu provava aquele tal terno preto para alguma festa qualquer na qual teríamos que matar o personagem principal do evento.
- Cala a boca, porra. Pelo menos eu não estou parecendo um viadinho com esse cabelo cheio de gel barato.
- Quer sair comigo, gatinho? – Matheus riu ainda mais ao me imitar e receber meu sapato voando em sua direção.
- Oh, não! Tenho um namorado lindo que come meu cu todas as noites! – imitei meu amigo, fazendo-o ficar sério momentamente.
- Vai se foder, cara. – ri de sua reação, logo sendo acompanhado pelo mesmo. – Vou te dar esse, foi o único que quase conseguiu te fazer parecer um homem de verdade.
End Flashback
[...]
Matheus estava num caixão de madeira escura e bem polida, como sempre disse que queria. Toda a máfia estava no jardim em silêncio, todos prestaram suas homenagens antes de eu chegar. Após alguns segundos, com um sinal meu, saíram no mesmo silêncio e me deixando apenas com o cadáver.
Olhei ao redor e vi que Elisa, Gabriel e Adriel estavam sentados do lado de fora da casa de madeira, conversando sobre algo como era costume fazermos. Encarei Matheus sem a capacidade de derramar alguma lágrima, pude apenas sentir a dor de perder o único que conseguia ver além do assassino que eu me tornei.
- Você foi cedo demais, meu amigo. Eu sei que é uma palhaçada falar com quem está morto, você nunca vai me ouvir mesmo, mas acho que isso é mais pra mim do que pra você. Agora eu estou realmente sozinho aqui nesse mundão e sua ida levou o que você via em mim que nem eu mesmo consigo achar. – suspirei, sentindo arrependimento de começar a falar aquelas coisas – Você quem deveria estar falando essas baboseiras pra mim.
Tentei aceitar aquilo nos poucos minutos que o encarei. A máfia sempre gerou mortes e nunca lamentei por isso, a dor gerava confusão em mim. Olhei-o mais uma última vez, aproveitando o momento para me recompor, mandando que dessem continuação ao enterro.
- Você vai fazer falta, irmão. – me virei enquanto seu corpo era enterrado no jardim com os poucos outros que já haviam por lá e encarei os mafiosos que se encontravam no local. – Tirem alguns dias para fazerem qualquer coisa fora daqui, não quero ver a cara de nenhum de vocês.
Adentrei a cozinha da casa, seguindo direito ao bar e pegando algumas garrafas de vodka que fariam minha noite ser suportável.
--------------------------------------------------------------------------
Oi, nenéns!
Finalmente tive a dignidade de voltar aqui, desculpem a minha demora, juro que eu precisava de um tempinho off, mas agora minha meta de 2019 é me dedicar total à Arabella e aos meus próximos projetos (vocês vão estar comigo também, né?)
E gente, pelo amor, não shippem Renan e Matheus, só coloquei a música da Lana Del Rey porque foi a mais triste que eu lembrei, então não foquei na letra dela, kkkkk.
Espero muito que vocês amem e sofram nesse cap junto comigo e não desistam de mim <3
Ah, e Feliz Ano Novo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arabella - Autodestrutiva
AksiyonGuerras de Máfias. Tortura. Diversão. Arabella muda deu nome para se proteger de um mundo que não era seu, mas por algum motivo seu caminho cruza com o caminho da pessoa errada. Morra antes que ele chegue, "Isabella", sim, morra. Seu papai não e...