Arabella - Autodestrutiva

Capítulo 12

05hs00min

O frio voltou com toda a força, o que era de grande ajuda para os assassinos que já estavam na estrada. Saber como agir em dias com neblina era um dos principais diferenciais da máfia.

Rafaella e Elisa corriam em suas motos, mesmo com seus rostos parcialmente cobertos pelos capacetes, vez ou outra encaravam-se de relance e sorriam. Renan continuava calmamente em seu carro com seus próprios pensamentos enquanto Matheus e os outros seguiam noutro carro.

De ambos os lados da estrada, tudo o que podia-se ver eram as enormes árvores que pareciam não perceber que o frio estava lá. Continuavam verdes e cheias, com finas camadas de neve nas pontas de suas folhas. Muita escuridão também era a principal companhia tantos dos mafiosos quanto do resto da natureza.

Minutos depois, os carros que Luke havia informado estar lá puderam ser visto. Todos desaceleraram, para diminuir os barulhos feitos pelos motores de suas maquinas. Sem que eles percebessem, algumas motos fecharam o caminho, cercando os quatro automóveis.

- Merda! – Renan bateu no volante e abaixou o vidro do carro, encarando a policial com marra excessiva que fez o líder da máfia parar.

- Documentos do carro e seus, por favor. – ele entrou documentos perfeitamente falsificados, para que suas informações pessoais não fossem reveladas.

- Boa noite para você também. – bufou enquanto arrumava seus fios curtos e escuros.

- Renan... – ele estremeceu ao perceber que ela o conhecia, afinal, não era o nome que constava em nenhum dos documentos. – Eu sei quem você é, sou uma Stotler.

Antes que pudesse terminar sua frase, Renan destravou a arma que estava sem sua perna e continuou encarando, enquanto encontrava uma posição confortável e rápida o suficiente para matá-la antes que fosse feito o contrario.

- Se acalma, seu idiota. Se eu quisesse matar você, eu não teria vindo tão perto, tão menos teria avisado. – Renan fiz sem piscar por alguns segundos, indignado com a confiança excessiva que a mulher tinha em pensar que podia chamá-lo assim. – Sou uma de vocês e vocês estão cercados por eles. Espero que tenha noção de avisar aos outros e não continuar o caminho, você não vai conseguir resolver isso com apenas 10 pessoas. Nem isso você deve ter.

- Quem é você, caralho? – pela primeira vez depois de tantas informações, conseguiu se pronunciar.

- Você me conhecerá quando essa missão terminar. Agora vá chamar os outros antes que a merda comece. – ela devolveu meus documentos e voltou para sua moto, dando meia volta com os outros. Quem são esses outros, porra?

Quando suas motos sumiram na escuridão, os outros mafiosos foram em sua direção, juntando-se envolta do carro que já se encontrava com a porta aberta e com seu dono em pé ao lado.

- O que aconteceu? Vocês demoraram mais que os outros. – Elisa parou do lado de Renan que entregou-lhe um gravador sem sinal detectável.

- Estamos cercados, preciso que chamem os outros mafiosos porque isso vai mais difícil que pensamos. Quero todos aqui em 20 minutos.

- Quem era aquela policial, cara? O que ela disse? – Matheus colocou uma de suas mãos no ombro de Renan.

- Depois eu explico isso, Bro. Precisamos terminar isso logo. Deixa a munição pronta porque as que estão nos coldres não vão ser suficientes. – Matheus suspirou e assentiu, indo em direção a mala de seu carro e potencializando os armamentos de todos os presentes.

- Renan, ter mais sinais de calor ao redor que deveria. Que merda é essa? – Gabriel sentou no banco do motorista enquanto Renan continuava encostado a uma das portas do carro, pensando no que poderia acontecer.

- Vê o máximo de informações que você consegue, Gabriel. Os Stotler estão aqui. – Gabriel o encarou por alguns segundos antes de perceber do que se tratavam os acontecimentos dos últimos minutos.

05hs25min

Haviam por volta de 50 carros, quase todos com sua capacidade máxima de pessoas, várias motos também carregavam seus donos mafiosos. As armas com silenciadores impecáveis tomavam os corpos de cada um dos assassinos.

- Vamos. – Renan mandou e todos prosseguiram no máximo de silêncio que poderia haver naquele momento.

- Não podemos estar aqui quando amanhecer, então sejam rápidos e limpos. – Elisa lembrou já na estrada, com ajuda dos rádios de cada um.

Adriel levou alguns de seus treinados para a lateral esquerda da estrada, entrando no breu causado pelas inúmeras árvores enquanto preparava com dois ou três homens, as bombas que iniciariam o fim da máfia. Gustavo e Rafaella lideraram o lado direito, dividindo-se já na floresta, cercando os mafiosos rivais já com bombas de luz para deixá-los desnorteados enquanto focavam em acertar suas cabeças, como zumbis. Gabriel ficou num ponto estratégico devidamente armado e protegido por alguns mafiosos, dando as informações necessárias para cada um dos quase líderes da máfia. Renan, Elisa e Matheus foram pela estrada com todos os outros mafiosos, aceitando o risco de estarem na mira.

- Eles já viram vocês. Vai começar. – Gabriel disse no radio e Renan sorriu de forma orgulhosa para Matheus, que soltou uma gargalhada rápida ao perceber o quanto seu melhor amigo sempre foi tão orgulhoso e seguro de si quando tinha uma arma em suas mãos.

Em alguns minutos a estrada estava tomada de sangue e fogo, enquanto a maior parte da máfia Stotler já estava sem vida juntamente com alguns poucos da máfia Roial, mas suficientes para incitar o ódio de Renan.

06hs25min

Todos os carros que estavam próximos do carro de Lucas, agora eram chamas. Enquanto Renan, Elisa e Matheus se aproximavam do carro, Rafaella mandava estrategicamente em todos os outros que ainda estavam vivos para que tudo fosse queimado e limpo – as digitais – antes que os policiais chegassem.

Algum tempo depois, um tiro foi disparado do lado esquerdo e ficou evidente que não se tratava de um Roial, já que todos eles usavam silenciadores em suas armas.

Renan e Elisa olharam para seus companheiros na tentativa de entender o que havia acontecido. Ao olharem novamente para frente, após um som consideravelmente baixo, viram o corpo de Matheus no chão, com uma poça se sangue já escorrendo de seu peito.

A pele pálida e o resto de sangue saindo de seu peito e escorrendo levemente de seus lábios deixaram o líder imóvel por alguns segundos. Quase que num piscar de olhos, Renan chegou em seu corpo e ao sentir seu pescoço frio e sem batimentos, começou a atirar descontroladamente para a direção de onde o tiro saiu. Pouco mais de 30 balas foram gastas até que Gabriel puxasse a arma de sua mão, jogando para um dos mafiosos presentes. Elisa estava sentada no chão com a cabeça de Matheus em seu colo, deixando suas lágrimas caírem em seu rosto, misturando-se ao sangue que secava aos poucos em seus lábios.

Não houve reação de nenhum dos vários mafiosos, apenas silêncio e respeito a dor de seus chefes e principalmente, de seu líder.