Capítulo 10

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Depois de demorar tanto, consegui voltar de vez. Esse mês eu vou postar bastante, prometo. Desculpa mesmo. Ah, espero que sofram comigo nesse capítulo porque agora vai começar a treta, hahaha.

10hs20min
    - Bella! O que houve? – Rafaella me balançava, deixando claro seu nervosismo, apesar de eu ainda estar desnorteada.
    - Calma! O resto de vida que ainda tenho está indo embora só com seus balanços. – ela parou e soltamos uma risada nasalada.
    - O que aconteceu?
    - Fiquei sem sono e vim olhar o céu um pouco. Acabei dormindo aqui, pode ficar tranquila, foi só isso.
    - Você é lou... – Rafaella foi interrompida com o barulho da porta abrindo, fazendo ambas gelarem por conta da regra que proibia a minhas proximidade da janela.
    - Ara... – Elisa parou na porta, sem reação por alguns segundos. – O que raios você fez com ela, sua filha... – novamente alguém foi interrompido.
    - Calma, Elisa! – quase gritei, fazendo ela fechar a porta para não chamar a atenção de Renan. – Ela só estava me ajudando.
    - A fugir? – tinha um pouco de decepção em sua voz. Olhamos para a janela e Rafaella me ajudou a voltar para a cama.
    - Não, quando eu cheguei, ela estava deitada lá, olhando para a televisão. Acho que sai um ventinho gostoso da fresta.
    - A televisão está desligada, Rafaella. – Elisa cruzou os braços.
    - Eu esqueci o controle e não tive forças pra voltar lá – a raiva de Elisa de dissolveu e ela se aproximou de mim, vendo os curativos.
    - O que aconteceu com você? – ela estava aterrorizada.
    - Renan decidiu brincar um pouco com ela. – Rafaella pegou a maleta de primeiros socorros enquanto falava de forma cínica. – Você pode me ajudar, Elisa?
    Elisa me ajudou a tirar minhas roupas e colocar um lençol em minha intimidade e começou a tirar as ataduras enquanto Rafaella estava preparando alguns remédios. O procedimento foi feito em silêncio, provavelmente todas nós sentimos muito por mim.
    Depois de tudo, coloquei algumas músicas para tocar enquanto elas arrumavam algumas coisas no quarto. Uma música começou a tocar e parecia que um flashback passava em minha mente, me dando vontade de cantar. E foi o que fiz.
    - Agora é tarde, já não somos mais tão inocentes por deixar para trás o que passou. – comecei a cantar, com os olhos fechados na tentativa de esquecer as duas mulheres que estavam comigo.
    Sabia que elas estariam me olhando, mas respeitaram minhas feridas externas e internas.
    - Tentei ser como eles, todos tão iguais, mas todo mundo ama alguém a mais ou nunca amou.  – minha voz se tornou uma linda melancolia fazendo elas suspirarem, quase entendendo o que eu sentia. Ambas saíram do quarto, me deixando como estava.
    - Use tudo e todos que você quiser. Prove que o amor é pra quem não sabe o que quer bem como eu sou.

    Narrador – 11h00min.
    - Ara... – Renan estava do outro lado da porta quando ouviu sua voz. Em silêncio, abriu a porta e viu a garota na mesma posição que fora deixada.
    - Oh, meu bem, me fez tão mal, transformou meu tango em carnaval, mas já acabou. – sua voz era a mais linda que já ouviu.
    Renan saiu novamente do quarto, mas continuou na porta, vendo-a cantar sem perceber sua presença.
    - Ela parecer ser alguém que vale a pena, né? – Matheus parou atrás dele, olhando para baixo.
    - O que você quer dizer? – Renan continuou olhando para Arabella.
    - Eu sei, você esqueceu de lembrar. Eu sei, você de tentar. Eu sei, você esqueceu de voltar. – sua voz estava cada vez mais baixa e melancólica.
    - Ela é capaz de te amar, brother. Já está na hora de acabar com isso, ele não tá mais aqui.
    - Talvez ela seja capaz, mas eu não. – suspirou de forma frustrada lembrando do monstro criado por Luke.
    - Você só está se escondendo, Renan. Ela não merece você, cara, mas com certeza pode te amar.
    - Eu sei, você esqueceu de lutar. Eu sei, você esqueceu de ficar. – aquela parte da música em especial, chamou sua atenção como se ela cantasse sabendo de sua presença e de tudo o que ambos os homens conversavam, mas ainda estava lá, como morta, apenas com os lábios se movendo de forma preguiçosa.
    - Ela não é ninguém pra mim e nunca será mais que uma boneca qualquer. Para de falar merdas desnecessárias, Matheus. – Renan tentava mostrar raiva em seu tom de voz, mas Matheus não conseguiu ver nada além de sua frustração por ser um verdadeiro fraco.
    - Eu sei, você esqueceu de sonhar. Eu sei, você esqueceu como amar. Como amar.
    - Talvez seja hora de desistir dessa sua mania de louca sádico. Seja bom para ela, Renan. Para com essa porra! – Matheus rosnou, mas ainda quase num sussurro.
    - Eu não sou e nunca serei bom para ela, cacete. – Renan coçou a cabeça tentando controlar a raiva que começava a  sentir.
    - Mas ela é.
    - Eu sei, você esqueceu. Veja o que aconteceu. – cantou uma última vez, ficando em silêncio novamente.

Arabella - Autodestrutiva Onde histórias criam vida. Descubra agora