DOIS

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Corro.

Sem parar para pensar nas consequências ou quanto ao quê poderei fazer depois, ainda mais ao considerar que na realidade, não existe muito.

Apenas corro. Tropeço, caio, esfolo os joelhos, levanto, repito o processo. O dilema global da vida. A linguagem universal de quem ainda não morreu ou teve o azar de permanecer vivo. A vida de quem aprendeu a falar. Correr, cair, levantar, tentar de novo. Acontecer de novo. Outra vez. Mais uma. Novamente.

Então, não penso, apenas ajo. Apenas corro.

O corredor a frente é um campo de batalha, a única saída, a morte certa, o nada sem fim. Nuvens de poeira me engolem enquanto minhas pernas trabalham, meus pulmões sufocam e gritam, morrendo para sobreviver. Uma inconstância dissuasiva.

Eu não deveria ter feito isso. Eu deveria ter feito isso.

O fato, foi que fiz.

Não deveria, não deveria. Mas eu fiz.

Agir primeiro, pensar depois.

Então agora eu penso.

Deus, estou tão morta.

Quando Zero-Quatro tapou minha boca e me grudou na parede mais reclusa da cela fedorenta com violência, minha cabeça bateu novamente, meus pensamentos sacudiram e minha mente desvaneceu, tragada por um nada sem nome que sugou minha razão para dentro de algum lugar sem importância, a enxotando para fora de minha cabeça.

Então, Zero-Quatro novamente, erguendo minha blusa e forçando ainda mais a palma da mão contra minha boca, meu olho provavelmente já roxo latejando enquanto ele antecedia em gestos nada gentis as primícias do que aconteceria em seguida.

— Eles não vão se dar ao trabalho de verificar, no fim das contas — ele explicou, como se eu de fato precisasse de uma explicação, e como se fosse importante o fato de eu estar completamente lúcida sobre isso. — Não é importante. Não para eles, nem para ninguém.

A razão se foi. O pensar não era coerente.

O pavor primitivo que sempre existiu no interior do ser humano desde sempre foi o que permaneceu.

Ah, dane-se.

Apenas agi.

INSÍGNIA_ Guerra Das Máquinas IOnde histórias criam vida. Descubra agora