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Sem ar.
É mais o menos assim que me sinto agora.
É mais o menos isso que o medo faz. Ele rouba. Oxigênio. Força. Equilíbrio mental. E quando você menos espera, ele te devolve tudo de supetão, como uma bomba nuclear lançada sobre sua cabeça. Ele é inconstante. Vivo. Possuí vontade própria. Porém, sempre espera para ver como seu corpo vai reagir à ele.
Nesse momento, o meu apenas não reage.
Não entendi o que Susanna murmurou ao meu lado, mas algo me diz que ela já sabia. Ela sabia que não haveria prova nenhuma esse ano. Sabia que já havíamos sido Selecionados. Ela tinha que saber. Quero gritar, chutar ou esmurrar alguma coisa, fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Mas tudo que consigo fazer é ficar parada, imóvel e estática encarando a tela enquanto só posso pensar em uma coisa: Eu já tenho um Clã. Eu já fui Selecionada. Ou já sou uma destinada à Roleta. Minha cabeça roda, e não consigo fazer com que as coisas ao meu redor parem de girar. Existem vozes em minha cabeça, mas não consigo acompanhar nenhuma delas.
Você vai morrer. Você vai ficar. Você vai embora. Você está perdida. Tudo se danou.
Meus olhos procuram na multidão algum rastro dos Gândara e de mamãe e Thomas, mas é impossível definir rostos tão pequenos em uma multidão tão grande. Sou uma Gândara. Tenho que ser. Já fui Selecionada. Se não fosse assim, Susanna teria dado alguma demonstração.
Pelo menos, tento desesperadamente me convencer que sim.
A Seleção começa.
São muitos Candidatos, e sei que ainda terei que esperar muito até ser chamada. Acompanho com os olhos ainda vidrados a cena que se desenrola no centro da Arena. O assento é meu amparo. O medo, meu motor de ignição. Ele incita meu coração a continuar bombando sangue. Os Candidatos surgem um por um no centro do círculo onde os representantes de cada Clã estão sentados, submersos do chão por uma espécie de plataforma deslizante. Logo sei que terei que entrar na tubulação para subir à Arena quando minha vez chegar. Estarei sozinha. Estarei amedrontada. Estarei encurralada. Nada menos que um inseto prestes a ser esmagado. Sem escolhas ou alternativas. Sem opçõs. A sequência de informações repentinas faz com que meus joelhos fraquejem. Eu já sabia que não estava preparada. Só não sabia que esse despreparo me deixaria tão vulnerável.
Se a vontade de chorar vier agora, sei que não vou conseguir conter. E então a represa vai se rachar e a correnteza me puxará para o fundo. E não vou tentar.
Vou desistir.
Não sou forte. Sou uma covarde que sabe fingir.
A irônica da vida é apenas mais uma dádiva que sempre sorri no final. Um xadrez que você joga com a morte especialista, um labirinto cujas saídas você sabe estarem trancadas.
E a única saída é sempre a mesma: desistir. Cair. Quebrar.
Abrir mão da sua humanidade e deixar que o acaso tome conta. É o momento em que se joga da ponte por livre e espontânea vontade enquanto pensa "dane-se".
Estou à borda de mandar tudo ir se danar.
Sinto Susanna se mover ao meu lado, cruzando os braços enquanto escuta atenta os Clãs para os quais os Candidatos vão sendo aos poucos Selecionados. A maioria não está sendo tirada de seu Clã ou pisoteada em grande escala. Todos eles estão sendo Selecionados por seu Clã de origem.
Ninguém para a Roleta. Ninguém está morrendo.
O que estão tramando? O que está acontecendo?
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INSÍGNIA_ Guerra Das Máquinas I
Ciencia Ficción"Primeiro, houve a explosão. Depois, as luzes. Em seguida, o mundo acabou. E então, começou de novo. Num Depois onde o vínculo da passagem de tempo com o Antes se tornou uma sombra remota do que um dia foi o coração humano. O descontrole evo...