Bahamut

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"Eu vou mata-lo, Kjar! Vou esmagar suas tripas como se fossem minhocas e farei do seu crânio um depósito de merda! Ele era meu filho, desgraçado! Era Therf, filho de Terdok, a sua condenação!" As palavras do Tarl ainda ecoavam na minha mente.

Quando se está em desvantagem, a melhor maneira de vencer uma batalha é desestabilizar o oponente. É faze-lo tremer, irrita-lo, confundi-lo para que ele possa errar. Foi assim no Baldur e, eu esperava, seria assim ali. Quebrar um acordo e matar o filho do Tarl, que era refém e que estava desarmado e preso, os deixaram loucos. Tão fora de si que nem voltaram à ideia do cerco. Na verdade, eles, assim como nós, eram orgulhosos demais para revidarem com a espera o nosso afrontamento.

E agora estavam ali, levantando armas e montando formações para arrancarem a minha cabeça também. Não vi que maquinas de cerco traziam, mas eles também não fizeram questão de usa-las, pois estávamos do lado de fora do forte. Os poucos homens que receberiam a carga estavam enfileirados em frente ao portão aberto, todos portando espadas, escudos e machados.

Comigo no centro da primeira linha, os homens observavam os cavaleiros tomarem a dianteira. Aquela cavalaria de homens com couro, cota e elmo com placas faciais fechadas seria a primeira onda a subir a Prancha com alguns cavalos com proteções na cabeça, para dizimar um pequeno aglomerado de quase cento e cinquenta homens.

"Esperem seu avanço!" Gritei para este aglomerado.

As lanças que seriam usadas para bloquear o avanço inimigo foram deixadas aos nossos pés para evitar que fossem vistas. Eu os queria eufóricos, sem nenhum receio de avançar contra nossas linhas, mesmo em terreno elevado.

Os meus homens também podiam estar afoitos com a batalha, mas não havia o divertimento que se esperava. A vontade de gritar e atacar vinha de um desejo maior que o simples prazer da luta: o desejo de sobreviver. Seria uma batalha sangrenta, onde muitos de nós não viveríamos como testemunhas, tornando os corações e os lábios enrijecidos, arrancados do júbilo da nossa alma.

Eu, por outro lado, estava ansioso por lutar. Um fio de crença na vitória vinha crescendo desde as negociações, me deixando ansioso pelo legado que faria meu nome ser temido em Wstengard. Mesmo que eu estivesse errado e se ali fosse o meu fim, meus olhos estariam fechados e meus lábios, sorridentes.

Lábios estes, que se abriram mais ainda com a investida dos cavalos.


"Esperem!" Eu ordenava. "Os deixem se inclinarem." Eles perderiam velocidade quando chegassem na metade da elevação, e nós seríamos mais rápidos do que suas montarias. "Mais um pouco!" Eu observava. "Mais um pouco," então vi os cavalos forçando a subida. "Agora!"

Guardamos as armas, aqueles que tinham escudos o colocaram nas costas, nos abaixamos, pegamos as lanças e corremos. Explodimos com toda a velocidade que tínhamos e ganhávamos mais, com a inclinação a nosso favor. Concentrei-me na minha respiração curta para solta-la de vez junto com o golpe de lança; técnica esta, que pode cansar bastante, mas tem uma boa eficácia.

A nossa formação em meia lua estava perfeitamente alinhada, mantendo o ritmo a cada metro conquistado. À nossa frente, homens com couro, cota, espadas curtas ou longas, machados de guerra duplos ou não, se aproximavam com gritos e insultos.

Nossas hastes longas com lâminas largas e afiadas antes em pé, agora baixavam lentamente. Encarei o cavaleiro que vinha na minha direção, apontando a lança para o peito do cavalo. Seu dono era um feioso de cabelos desgrenhados e que segurava uma espada curta.

Nunca lute contra o cavaleiro, me dissera Fark, uma vez. O cavalo é seu alvo, é ele quem você deve atacar para transformar seu dono tão frágil quanto um ajarn.

Confissões de um Rei - ExílioOnde histórias criam vida. Descubra agora