Nunca Confie Em Sereias

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Narrado em Primeira Pessoa.
• Versão de Ellie.

Ao passar a noite com Felix me fez ter a sensação de necessitar um momento só. Minha mente não parava nem sequer um segundo. Me sentia divida entre os garotos.
Peter Pan, por mais rude que fosse e todos os desafios que provocou contra mim, eu ainda tinha, de certo modo uma atração pelo mesmo. Talvez seja o fato de ser aquele tipo de garoto arrogante, um tanto mau, e atingindo perfeitamente minha peculiaridade. Ou por ser o primeiro a se deitar comigo em uma cama.
Vocês pegaram a referência.
O mesmo me conhecia como nunca, a forma como me tocar, como falar comigo. É algo que realmente mexe com o meu psicológico, e que não existem palavras para mencionar. Apenas sentir.
Seus olhos verde oliva, que exaltado se tornam amarelados, são extremamente atraente, sedutor. Me faz sentir uma imensa vontade de correr o risco e me entregar à ele. Talvez seja assim que ele queira que eu o veja. Ou é coisa minha mesmo, que não tenho coragem de admitir nem para eu mesma.
Felix? É como aquele garoto frio e grosso da sua escola que te zomba, que te trata mal que com ao longo do tempo, fazia tudo isso para obter sua atenção de forma que camuflasse seus sentimentos em meio à multidão. Não era a melhor forma de se conversar com uma garota, mas era como ele poderia obter um escudo protegendo-se de seus sentimentos e também requerendo diálogos com você. É fiel ao seus sentimentos, embora nunca saiba como é a melhor forma de expressar-se, ele sabe sentir. Diferente de Pan que apenas fala, fala e fala, mas nada entende sobre o mesmo. Sentimento é algo que não existe explicação. É algo interior, por isso o termo sentimento, é sentir... é expressar-se através de ações. Assim como Felix reage, e por mais chucro que algumas vezes... quer dizer, a maioria das vezes, seja, eu consigo senti-lo, e sei que é puro, o que me amolece de uma forma extraordinária.

Esses desabafos mentais passaram a circular minha mente desde que sentei em uma pedra alta no Lago das Sereias.
Os pequenos pedriscos que havia na mesma rocha passei a jogá-los no lago na tentativa de passar o tempo, afinal eu estava sozinha agora. Dani e Felix estavam escolhendo o melhor esconderijo, e eu não poderia ser vista junto deles com medo que Pan tornasse a afetar-me usando o pequeno Daniel.

- Ei, garota? Você acertou os meus cabelos com as suas pedrinhas! - Essas palavras vinham de uma voz aguda e delicada que ecoaram no ambiente fazendo-me olhar para baixo e deparar-me com uma jovem que encontrava-se vestindo uma blusa de ceda branca e seus cabelos eram azul pastel.
- Quem é você? - Indaguei descendo rapidamente da rocha para ficar mais próxima dela. Talvez precisasse de ajuda. E se fosse mais uma das inúmeras garotas que Pan sequestrou?
- Meu nome é Azura. E você deve ser Ellie. - Tombei a cabeça para o lado direito ao arqueear a sobracelha. Cruzei os braços.
- Como sabe? - A questionei curiosa.
- Você está pegando as manias de Peter Pan. - Ela ria ao repousar suas mãos em sua boca. Passei a notar na mesma algumas leves escamas turqueza.
- Ah não... não vá me dizer que és uma sereia?! Achei que já havia visto de tudo nesta ilha! - Revirei os olhos um tanto surpresa porém entendiada, afinal já era de esperar. Era a Terra Do Nunca, não é mesmo?
- Você não acredita muito em Mitologia, não é? - Ela aproximou-se e por baixo da água cristalina do local pode notar sua calda azul cintilante.
- Não muito. Sabe, garota você tem sorte de ser o que é. Afinal é a única que pode sair desta ilha sem precisar esperar que Pan permita. - Sentei-me em uma espécie de terra que mais lembrava-me areia quando ela se aproximou sentando-se o meu lado porém mantendo sua calda por dentro do lago.
- Você é mais uma das garotas que ele rapitou, não é mesmo? Eu entendo como é. Ele fez o mesmo comigo, amaldiçoando-me para tornar-me o que sou agora, com intenções de que eu passasse entre reinos com mais facilidade e descobrisse o que ele precisava. Se eu não o fizesse, eu sofreria...
- Consequências. - Sussurrei ao interromper as frases calmas e delicadas da sereia.
- Isso...
- Por quê não vai embora de uma vez? Existem bruxas que são boas em outros reinos, e podem te ajudar.
- Eu sei, porém eu continuo amando-o e não consigo sair daqui por conta disso. Por mais que demorem os dias Pan sempre retorna para mim. - Com aquelas palavras eu arqueei a sobrancelha, pois de fato eu não conseguia acreditar que novamente ele conseguiu me iludir.
- Ele ama você? - Precisava daquela resposta afinal eu teria que tomar providências com relação aquilo.
- Nunca disse. Porém alguns dias atrás ele mencionou você, contou-me como eras, e que amava-lhe, mas de certa forma você não era recíproca por gostar de Felix. Inclusive o garoto que eu mais odeio nesta ilha!
- Eu não sou recíproca? Por favor, quando o ver novamente diga que eu o mandei ir a merda. Eu me esforcei tanto para que ele fosse recíproco comigo, até sequestrou meu filho mesmo dizendo que iria mudar. E agora vem com essa história? Se não estou sendo mais, foi por que ele mesmo bloqueou as possibilidades, então passei a me dedicar à alguém que realmente se importasse comigo. Aliás, e por qual motivo você odeia o Felix?
- Ele havia me dedurado para Pan, e por isso hoje sou uma sereia.
- Que filho da put...
- Esse nome foi Peter quem me deu, porém o meu verdadeiro eu não consigo lembrar. Provavelmente ele deve ter retirado uma porcentagem de minhas memórias. Mas não quero entrar em detalhes, pois sei que lutas por justiça, e ficaria chateada com Felix. Não quero estragar tudo entre vocês.
- Não existe mais nada entre eu e o loiro. Pan já conseguiu destruir tudo. - A respondi desta forma pois senti que ela queria tirar-me informações para dedurar-me ao Pan. Lembro-me bem quando Felix me disse para não confiar nas sereias.
- Óh, eu sinto muito. Ele ainda não havia me contado. Pan é definitivamente muito cruel quando envolve os sentimentos dele.
- Eu percebi.

Peter Pan Never Fails Onde histórias criam vida. Descubra agora