Capítulo 10

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Acordei. O céu ainda estava escuro, mas era possível ver traços da luz do sol. Minhas roupas, antes molhadas, estavam agora secas e coladas sobre meu corpo. Tento me sentar, mas meu corpo todo doía devido a noite mal dormida.

Minha costela esquerda doía mais que qualquer outro pedaço do meu corpo. Mexo minhas pernas fazendo com que as mesma se estalassem. Respiro fundo me sentando, faço uma careta.

Ao longe podia ver o cachorro que causou isso tudo. Olho para minha blusa manchada de sangue, um rasgo enorme dando me uma visão de uma ferida inflamada. Isso iria me trazer sérios problemas.

Tiro a minha mochila das costas e peguei a garrafa de água,bebi o líquido fresco que me causavam boas sensações; passo a mão pelos olhos respirando fundo. O sol já estava para nascer e gostaria de vê-lo, nunca sabemos quando será a última vez.

Guardei a garrafa novamente na mochila. Uma nuvem de sereno pairava sobre minha cabeça;ao longe ouvi um leve ronco de carro. Isso não era bom. Levantei correndo agarrando a mochila e me escondendo atrás de uma árvore; vejo o carro passar igual a um foguete levantando um pouco de poeira.

Acho engraçado em como entramos em uma situação de perigo de repente, e de como tiramos forças de onde não achávamos que tínhamos graças a adrenalina que percorre o nosso sangue de forma rápida e eficaz.

Solto uma leve risada nervosa. Esse era um dos efeitos pós adrenalina. Sabe quando tomamos um susto muito grande? Então, logo depois temos uma reação rápida muito distinta para algumas pessoas, uns gritam outros reagem de maneira brusca.

Logo depois dessa reação temos o efeito gelatina. Esse momento consiste em que nós fiquemos fracos, nossos corações batem como pipoca a estourar em um microondas.
Encosto minhas costas na grande árvore que me "salvou" e escorrego até o chão deixando a mochila que segurava até pouco tempo atrás, cair.

Respiro fundo tentando acalmar meu coração. Passo a mão por toda extensão do meu rosto parando no meu pescoço onde pude sentir o mesmo quase pular garganta fora.

Tiro o casaco,o botando dentro da mochila, já que senti um calor repentino. Levanto botando a mochila sobre os ombros, porém,antes de voltar me certifico que não havia ninguém ali.

Voltando para o asfalto, vejo que perdi o nascer do sol; passo pelo animal que antes estava apenas com um ferimento de bala, agora atropelado pelo carro.

O cheiro de podre subia me causando ânsias de vômito; moscas rodeavam seu corpo. Tampei meu nariz e passei em passos largos pelo animal.

A nuvem de sereno dissipou-se, deixando um lindo céu azul reinar. Balanço a cabeça seguindo meu caminho.

Sempre tentava ver o nascer do sol quando pequena,mas acabava distraída com as histórias que minha mãe contava, então adormecia,entrando em um sonho profundo. Um sonho onde tudo era perfeito, arco-íris, unicórnios e doces. Sonhos de crianças!

Mas só teve uma única vez que consegui ver o nascer do sol... Foi na véspera da viagem para Atlanta. Estava tão ansiosa que não conseguia dormir; me revirava na cama me enrolando cada vez mais no lençol.

Quando tive uma ideia para uma história comecei a escrever aproveitando o embalo da criatividade.

"Zac batucava os dedos nas cordas do violão deixando soar uma leve música. O som ecoava pelo o quarto, mas era tão baixo que só ele podia ouvir.

Se assustou quando ouviu uma leve batida na janela. Lá estava ela sorrindo e se equilibrando no telhado para não escorregar.

Zac levantou abrindo a janela deixando Sam entrar trazendo consigo o frio do inverno de Nova Iorque. Ela ajeitou o casaco assim que entrou, esfregando uma mão na outra tentando aquecê-las."

Um Último OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora