Um Último Olhar

Capítulo 14

Tudo ao meu redor ecoava de uma forma barulhenta, como se houvesse uma mosca dentro de meus ouvidos fazendo com que eu ficasse tonta; minha cabeça latejava me deixando cada vez mais enjoada. Levei minhas mãos até minha cabeça na tentativa de ajuda. Parecia que tudo que eu fazia só faria com que doesse mais, se espalhando por todo meu corpo.

Quando resolvi abrir meus olhos, senti os mesmos queimarem. Demoraria um tempo até os mesmos se acostumarem com a claridade de onde eu estava, ''Onde eu estava?'' foi uma das perguntas que mais rondavam em minha mente, me deixavam aflita. Se continuasse com os olhos fechados nunca conseguiria responder.

Respirei fundo tomando coragem para descobrir meu próximo problema. Abri os olhos lentamente e ainda sentido arder pude ver onde eu estava. O sol que entrava pela janela dava a impressão de um lugar empoeirado. Sentei passando a mão em um movimento suave por meu rosto, e pude sentir alguns cortes sem profundidade.

A cama onde eu me encontrava era grande e confortável, possuia lençóis cinzas que se contrastavam com a única cômoda marrom que havia no pequeno quarto. Me levantei sentindo o chão gélido contra meus pés descalços, um rápido arrepio correu por todo meu corpo. Olhei rapidamente por todo quarto a procura de meus pertences.

Minha mochila estava em cima da cômoda e caminhei até a mesma com dificuldade sentindo meus músculos se contraírem. Quando cheguei até a mesma rapidamente abri verificando se meus pertences continuavam ali. Fiquei surpresa quando vi que faltava o casaco do Carl. Olhei para as roupas que estavam em meu corpo não eram as minhas.

Alguém estava cuidando de mim e isso talvez fosse ruim. As roupa que estava em meu corpo era simples, uma calça jeans escura e uma blusa de manga vinho. Ainda sim queria as minhas roupas de volta assim como meu tênis. Abri uma das gavetas da cômoda procurando por minhas coisas, e assim achei as mesmas mais a minha arma junto de meu coldre.

Minhas roupas estavam limpas e assim botei elas na minha mochila parando apenas para verificar se minha arma ainda possuía munição. Quem quer que estivesse cuidando de mim não foi esperto o bastante para manter a arma longe de uma ótima atiradora. Me agachei procurando por meu tênis e o mesmo estava em baixo da cama.

Sentei na cama já com a mochila nas costas calçando meu tênis podendo reparar que não havia nenhum barulho do lado de fora da porta. Talvez ele tenha saído, de qualquer forma não haveria outro momento perfeito como esse para ir embora. Em passos lentos caminhei com cautela até a porta que por sorte não estava trancada.

Era estranho, tudo estava fácil demais, mas não poderia vacilar agora. Abri a porta com cuidando escutando a mesma ranger, botei a cabeça para o lado de fora vendo o corredor vazio e em completo silêncio. Fechei a porta atrás de mim ouvindo todo mínimo barulho ecoar pelo corredor. Meus passos se misturavam com o barulho que o piso de madeira velha fazia.

Passava pelas portas e mirava a arma, não conhecia o local, muito menos sabia se havia alguém na casa e quando finalmente vi as escadas não pensei duas vezes antes de descer. Pisava em cada degrau como se qualquer movimento brusco uma bomba explodiria e isso, óbvio custaria não só a minha vida mas também aqueles que que precisavam de mim.

Quando finalmente cheguei no andar de baixo pude ver uma sala bagunçada, mas com um lindo conceito aberto que me dava total visão da cozinha. A cozinha era moderna até onde o apocalipse permitiu, tinha uma ilha no meio com um granito escuro. Me aproximei podendo reparar que havia algumas manchas de sangue nos armários brancos.

Se não fosse pela aparência de uma cena de terror, seria um lindo lugar para uma família tomar um café da manhã aconchegante. É estranho pensar dessa maneira como se um dia tudo voltaria ao normal, não necessariamente o apocalipse acabaria, mas pensar que um dia teríamos um almoço de domingo seria errado?