O Mais Clichê

Contemporâneo

Mesmo ainda quando eu estiver gozando de um riso breve, tua risada ainda estará a solta por detrás de toda a consciência do momento.
Mesmo ainda olhando para o nada, olhando cada detalhe de uma mulher elegante que caminha em direção ao vagão do trem: Tua imagem brota em algum traço dessa mulher; O balançar do seu cabelo é o mesmo dessa mulher; Tua blusa verde é a mesma dessa mulher.
Não te procuro em outras mulheres, você que se personifica em cada lado que decido olhar. É você que me assombra. É tua imagem que se assemelha em quaisquer novos momentos. É tua presença mesmo quando só quero estar à toa, mesmo quando só quero não ter consciência de mim mesmo.
A saudade é apenas o clímax de tudo. Não é a saudade que me angustia, é a tua voz que me dói no peito. É a minha vida que se frustra na sua ausência. É o rasgo que deixou quando fostes embora - quando a mandei embora...
Nos vimos cedo demais, nada grandioso pode acontecer com quem ainda é adolescente. Não se sabe de ti, não podes decidir, qualquer discernimento é total ingenuidade de si.
Tu me condena por ser quem ainda eu era, ou quem ainda sou: Breve adolescente - maldita idade da negligência. Fui penoso, impotente e azarado.
Mesmo seguindo com meus erros. Faço os meus planos e minha carreira, mas tudo se resulta em conjuntos vazios à solução de tudo. Há algo que terá de acontecer ainda, algo não previsto na idade da negligência, do pecado, da angústia...
Que venha as grandes conquistas em minha vida, que eu mostrarei onde você estará escondida no mesmo momento: Passando por mim nas ruas enquanto se vai; Sentada sozinha enquanto veste sua blusa verde; Balançando seus cabelos enquanto não para e nem mesmo consigo ver o rosto da desconhecida.
Inconsciência da tua imagem se faz breve em quaisquer canto de quaisquer lugares, seja na memória, seja na ilusão de que a desconhecida seja você.
Fui penoso, hei de que seja esse meu castigo, minha maldição, minha maneira de ainda te ter por perto.