Capítulo 75

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Do nada o Gustavo começou a chorar, olhei a fralda e não tava suja, tava sem febre, sem nada.. Só podia tá com fome! E agora? Não sei fazer nem uma mamadeira.

Fui na cozinha e procurei nos armário algo pra dar pra ele que já estava beliscando minha canela pedindo por comida. Esquentei o almoço de mais cedo e coloquei ele sentado no balcão, rapidinho ele comeu e ficou quieto.

WL: Virou babá, irmão? -chegou rindo-
- Letícia teve que sair e deixou ele comigo. -bufei-
WL: Sério que tu tá dando isso aí pro moleque comer? -gargalhou-
- Tem sugestão melhor?
WL: Mamadeira, né?
- Se tu souber fazer né, pq eu não sei! -rimos-
Wl: Quero ver na hr de trocar...
- Cala boca, porra, se Deus quiser ele vai fica sequinho até a Letícia voltar!!

Voltei pra sala com ele e deixei ele no chão brincando, minutos depois WL foi embora e a Gabriela entrou.

Gabi: Amor?
- Já te disse pra parar de me chamar assim..
Gabi: Relaxa! -sentou no meu colo- Vim te deixar tranquilo! -começou a me beijar-

A Gabi tinha, sei lá, algo que me atraía, uma semelhança com a Bia o jeito de andar e pá. Quando eu vi ela já tinha tirado minha blusa e a dela.

- Aqui não, Gabi, meu filho tá aqui!
Gabi: Até parece que ela entende algo. -rebolou no meu colo- Deixa eu te dar aquele prazer que só eu sei vai gato! Hoje acordei pensando em vc, pensando como a gente ia fuder, a tarde inteirinha.

Ela me beijou com vontade. Depois de um tempo o bagulho já tinha pegado fogo, como ela tava de saia, foi rápido. Do nada ouvi uma gritaria na rua e um carro freiando, joguei a Gabi pro lado, peguei a glock na mesa e corri pra fora.

Quando coloquei o corpo pra fora vi a pior cena do mundo, o Gustavo caído no chão e sangrando muito. Eu fiquei sem reação, minhas pernas travaram e pela primeira vez eu tava sentindo muito medo. Corri até ele e peguei ele no colo.

- ALGUÉM CHAMA O WL PORRA, MANDA ELE TRAZER A PORRA DO CARRO RÁPIDO, MEU FILHO TÁ MORRENDO.

Tudo de pior passava pela minha cabeça e tudo culpa minha, pela minha ânsia de sexo. Não me imagino aqui sem meu filho.

O WL chegou com o carro, entrei com o Gustavo sangrando muito e ele deu a partida, em alguns minutos chegamos no hospital. Já saí do carro gritando por algum médico, os enfermeiros chegaram e colocaram ele em uma maca e levaram ele pra dentro de uma sala e me barraram.

- VC SABE QUEM SOU EU?! EU SOU O DONO DA ROCINHA E QUERO VER MEU FILHO AGORA!!
Xx: Se o senhor quer o bem do seu filho, fique aqui já traremos notícias.
WL: Calma cara, senta aí e me conta o que houve?

Eu sentei e coloquei o cotovelo apoiado nos joelhos com a cabeça baixa, minha mente tava a mil, meu coração acelerado e eu tinha sangue em todo meu corpo.

- A culpa foi minha, cara. Eu me destraí e ele acabou saindo, se eu perder meu...
WL: Cala a boca, L7. -me interrompeu- Chega de falar merda, vai ficar tudo bem! Vai acontecer nada com ele não pô.
- A Letícia não vai perdoar se algo acontecer com ele!
Leti: NÃO MESMO, SEU IRRESPONSÁVEL!! -chegou gritanso- COMO VC DEIXOU ISSO ACONTECER?! SE ALGUMA COISA ACONTECER COM O GUSTAVO EU JURO QUE TE MATO!
WL: Chega, Letícia!
Leti: CHEGA NADA WL, ELE PRECISA OUVIR! -se aproximou- ONDE JÁ SE VIU DEIXAR O FILHO SOLTA PRA DAR ATENÇÃO PRA PIRANHA DA GABRIELA?! PELO AMOR DE DEUS LUCAS, VC PERDEU A CABEÇA AONDE?! SE ELE MORRER...
- CALA BOCA, LETÍCIA!! -dei um tapa no rosto dela-

Ela me olhou com a pior cara do mundo e eu saí dali em passos rápidos. Eu nunca tinha feito isso com a minha irmã, e ela tá certa, se alguma coisa acontecer com ele a culpa vai ser minha, só minha.

WL: Porra cara, vc tá louco! -me sacudiu- Tu viu o que tu fez com a tua irmã?! Foi isso que teu pai te ensinou, seu pau no cú?!
- CALA A PORRA DA BOCA! Eu não quero ouvir mais a voz de ninguém, vcs não conseguem ficar quietos um segundo é sempre falando, falando, falando. ME DEIXA EM PAZ!

Saí dali em passos rápidos, entrei no carro e subi o morro a 140 por hora, cheguei na boca rapidinho e saí quebrando tudo que eu via pela frente.

Xx: Patrão?!
- Não me interessa, não quero falar com ninguém!!

Entrei no quartinho e já comecei a bolar um pra mim, fui no armário e peguei um pacote, abri, fiz uma carreira e enrolei uma nota de 20 conto. Cheirei tudo sem pensar duas vezes. Minha cabeça doía.

A quanto tempo que eu não pegava uma carreira inteira, mas eu precisava ficar calmo, minha cabeça ainda estava a mil e eu não conseguia raciocinar totalmente. Cada minuto que passava ficava pior, meu corpo latejava, minha mão tremia com constância. Eu tava desesperado por dentro, minha mente pesava demais.
Montei umas carreiras e bolei um pra mim.


Leti narrando

Meu peito ardia de tanta raiva que eu estava. Como ele pôde fazer isso? EU O ODEIO MUITO!!! Vi uma enfermeira se aproximando e fui até ela.

- Vc tem notícias do meu sobrinho?? -falei desesperada- Por favor, eu preciso de alguma resposta. O nome dele é Gustavo, chegou a pouco tempo aqui!
Xx: Ah, sim! -olhou a ficha- O médico já virá falar com vc.

Voltei pro meu lugar cabisbaixa, meu coração estava apertado e eu sabia que algo iria dar ruim. Lágrimas começaram a surgir lentamente no meu rosto e não consegui controlar.

Depois de um bom tempo, o doutor veio em minha direção e pediu pra que eu acompanhasse ele, entramos no quarto onde estava o Gus. Ele estava com a cabeça enfaixada, um gesso no braço e o outro estava no soro. Me deu uma vontade de chorar, de agarrar meu pequeno e apertar ele.

Dr: Vc é mãe dele?
- Praticamente, a mãe dele sumiu e deixou ele.
Dr: Enfim, nós fizemos o que podíamos por ele e agora ele está estável!!
- Graças a Deus. -dei um sorriso aliviada-
Dr: Mas não é só isso! -ficamos em silêncio- Ele perdeu muito sangue, muito mesmo, se vc reparar ele chega a estar pálido! E nosso estoque tem muito pouco pra ele, ele precisa de mais. -eu já estava chorando- Colocamos ele na lista de doações mas raramente alguém vem doar. Vc precisa achar alguém com o tipo sanguíneo dele!
- Mas como, Doutor?

Dr: O ideal seria que a mãe dele doasse, mas seja quem for, só precisa ter o mesmo tipo sanguíneo! -me entregou um papel com as informações dele- Vou deixar vc um tempinho com ele! -saiu-

Onde eu ia arrumar uma pessoa com esse tipo sanguíneo? Já comecei a mandar mensagem pra todos os meu contatos e a maioria das respostas eram "Não, não tem ninguém aqui em casa com esse tipo sanguíneo!".

Eu já estava desesperada.

Do Asfalto Ao MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora