Do Asfalto Ao Morro

Capítulo 136

L7 narrando

Eu já estava correndo a uns quinze minutos fugindo dos vermes, hoje eu iria fazer de tudo pra voltar pra casa, encontrei um parceiro meu intocado no matagal e me juntei a ele.

Nariz: Vamos passar a noite aqui pra despistar ele e depois a gente pega uma carona pra ir pra Maré. -sussurrou-
- Ninguém vai querer dar carona pra dois presidiários Nariz, tá doidão?
Nariz: Eu tenho educação, né irmão? -riu me mostrando a glock na cintura-
- Educação mil grau! -rimos-

Passamos horas ali deitados, escutando tiros, sirenes e vermes pro lado e pro outro. Foi um ano de muita luta pra consegui sair desse maldito presídio, planos que não deram certo, parceiros que se arriscaram e não conseguiram mas hoje vai ser diferente. Tenho que voltar pra minha família, pros meus filhos e pra minha loirinha.

Que saudade deles, pqp! Não vejo a hora de abraçá-los e matar toda saudade que eu estava sentindo. Foram longos anos aqui dentro, muita maluquice e confusão lá dentro mas eu não ia conseguir passar 40 anos dentro desse lugar.

(...)

JT: Caralho maluco, não acredito que tu conseguiu sair daquela porra! -me abraçou-
- Sou brabo pra caralho, primo. -fiz um toque com ele- Aquele lugar não é pra mim!
JT: Chega mais, o morrão é teu.

Subimos de moto até a casa do meu primo, JT fechava comigo pra tudo e sabia que ele ia me ajudar.

- Coe, Luna! -entrei-

Ela veio até mim e me abraçou.

Luna: Sabia que tu não ia ficar muito tempo, agora vê se toda juízo.
- Juízo? Sempre tive. -rimos-
Jt: Pode ficar a vontade aí irmão, depois cola lá na boca pra gente relembrar os velhos tempos. -riu-
- Valeu mano, tamo junto. -fizemos um toque e ele saiu- Pô, me arruma uma toalha e umas roupas do JT aí, Luna?!

Ela foi no quarto e voltou com tudo que eu pedi, tomei um banho bem demorado e me vesti, Luna colocou minha comida, tirei um rango e saí.

O povo do morro me olhava com curiosidade, já fazia anos que eu não vinha aqui de rolê, andei pra caralho mas cheguei na boca. JT tava vendendo os baglho lá com uma ruivinha no colo, ele olhou pra minha cara, ri e ele me chamou.

- Qual foi, menor?
JT: Toma aí. -entregou uma pistola pra mim- Esse menor aqui é meu, hein. Tá de rolê aqui no morro e quero respeito. -geral começou a me olhar- Qual foi Drica, vai cuidar do meu mano, não? -chamou uma morena-
Drica: Claro patrão, com todo prazer. -chegou me alisando-
- Coe cara, eu sou casado! -ri sentando ao lado dele-
JT: Tu não sabe nem como as coisas estão por lá porra, passou 3 anos no xadrez e tá nessa. -me passou um cigarro de maconha- Curte o momento irmão, ela nem vai saber!

JT traía pra caralho a Luna. Eu, ele e WL na época de adolescente só vivia colado, só dava nós na pista. A tal da Drica sentou no meu colo e ficou conversando comigo tentando me distrair. Papo vai, papo vem, vcs já sabem o que aconteceu, né?

Ficar 3 anos sem transar com ninguém é tortura pra qualquer homem.

JT: Matou a vontade, cachorro?
- Ainda, putão. -rimos-
JT: 3 anos sem nada é ossada, hein.
- A gente se vira como pode, né?!

Ficamos de rolê tranquilão pelo morro, fumamos pra caralho, comi umas piranha kkkk não tinha uma que não rendia.

Já eram 21h e nós estávamos no bar com a rapaziada. Eu tava com com maior saudades disso daqui, da farra, bebedeira, da rapaziada, até das puta... Esse clima de tráfico, morro e bandidagem é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, não largo isso por nada.

Fomos pra casa já ia dar quase 1h da manhã, me virei lá pelo sofá mesmo e dormi.

(...)

Tô voltando pra casa hoje, mas ninguém sabe ainda. Tomei um banho e troquei de roupa, tomei café e fui olhar o movimento da rua.

JT: Já tá de pé, chefe?
- Tá na hora de voltar pra casa, né...
JT: Vamo descer então pô, vou pedir pra algum menor te deixar lá.

Descemos o morro conversando sobre a próxima vez que eu voltasse aqui.

JT: Coe 3D, despacha meu irmão aqui lá na Rocinha.
3D: Caralho é longe hein, pede pra outro aí?!
JT: Tu tá doido pra tomar um sacode, né moleque? Ele é dono de lá, depois ele te dá um trocado!
- Porraaaa, já quer me extorqui! -rimos-
3D: Caralho, vamo lá né. -subiu na moto-
- Mano obrigado por tudo aí, jae? -virei pro JT- Qualquer dia tu brota lá no morro pra eu te recompensar a noite de ontem. -rimos e nós abraços-
JT: Pode brotar aqui quando tu quiser cria, o morro da Maré também é teu!

Subi na moto com o tal 3D e o moleque desceu o morro, chegamos lá na Rocinha em uns 40 minutos. Os soldados da entrada me olharam de boca aberta.

- Me descola um trocado aí, pra eu dar pra esse moleque?! -estendi a mão-

Dei 50 conto pra tal 3D e ele saiu do morro. Olhei pros moleques e cumpreimentei eles.

- Me passa o radinho, aí? -um deles me deu- O MAIS BRABO TÁ DE VOLA NESSA PORRA, HEIN.

Peguei uma moto e subi o morro brotando a boca, os soldados tudo vieram falar comigo e o WL desceu vindo até mim.

WL: CARALHO DESGRAÇADO, NÃO ACREDITO QUE TU VOLTOU, FILHO DA PUTAAAAA -me abraçou- QUE SAUDADES, PORRA!
- Quero só saber como tu não destruiu meu morro, viado?
WL: Vai se fuder, L7, eu sou melhor que tu nisso daqui tu sabe bem.
- Só sei que tô de volta e dessa vez e pra sempre, heeeein!! -comemoramos-

Vt e PL vieram falar comigo e subimos pro escritório.

- E me diz? Como tá tudo aqui?
Vt: Na perfeita ordem, o morro tá indo cada vez melhor!
WL: Tu tá ligado que pra colocar o morro assim foi com o dinheiro que tu conseguiu, né?
- Pode me agradecer! -rimos- Pode agilizar a porra toda que hoje tem baile, quero nem saber se ainda é quinta!
PL: Ih caralho, nem queriaaa. -rimos- Vou arrumar os bagulho agora! -saiu-
WL: E como tu tá, irmão?
- Bem pra caralho, saí do xadrez ontem, passei na Maré e aliviei o estresse. -ri malicioso-
Vt: Mas já, levado?
- Três anos não é pra qualquer um não pô, vi vários se perder lá dentro. Deus me livre!
WL: Vamo lá na Letícia logo cara, antes que ela surte se souber.
- Quero passar lá na Bia primeiro, tô doidão pra ver meus filhod! -eles ficaram calados- Iih qual foi do k.o? Bora, fala logo!

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O brabo voltou do jeitinho dele, né?! Kkkkkkk o que acharam?