Capítulo 96

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*1:07 da manhã*

Saímos do morro na van em direção ao hospital, tinha uns 30 vapores ali comigo. Decidimos entrar 10 por trás e 10 pela frente e o resto ficaria de guarda. Arrombamos o portão e entramos, já dava pra ouvir os moleques trocando tiro com os vermes lá na frente, entramos nos hospital e rendemos todo mundo.

- VEM CINCO COMIGO PRA ACHAR O WL.

Rodamos o hospital todo e achamos o quarto dele no segundo andar, trocamos tiro com os vermes que estavam lá dentro e conseguimos matar todos.

- Tá tudo bem, mano? -entrei no quarto-
WL: Tá sim, vamo meter o pé logo!

Saímos escoltando o WL e voltamos pra van. Ouvimos o carro da polícia já se aproximar e saímos de lá, chegamos no morro iria dar 3hrs da manhã.

- MEU MANO WL TÁ DE VOLTA PORRAAA!! -gritei ao sair da van-

Ajudei ele a descer e os moleques soltaram tiro pro alto.

WL: É muito bom estar de volta!
Pereira: Patrão, o Batoré chegou no morro. -veio até mim-
- Manda ele subir pra boca que eu vou deixar o WL lá em casa e já tô indo ter meu papo com ele.
WL: Qual foi, irmão?
- Pedi pra ele deixar a Bia em casa e ela não chegou até agora.
WL: Quer que eu vá ver isso contigo?
- Tá maluco, as meninas estão lá em casa doidas que vc chegue. -dei um tapa no ombro bom dele- Vamos logo lá!

Entramos no carro e fomos pra minha casa, chegamos e entramos juntos.

- Aí está, sã e salvo!
Nanda: Aí, meu Deus! -abraçou ele- Não aguentava mais de preocupação.
WL: Fica tranquila já tô bem. -retribuiu a abraço-
Carol: Vc nunca mais dá esse susto na gente. -bateu nele-
WL: A culpa não foi minha! -riu-
Leti: Foi sim! Quem mandou não tomar cuidado.

Enquanto eles estavam lá se abraçando, perguntando como ele estava e tals, saí de fininho e subi pra boca.


Batoré narrando

Estava na boca andando de um lado pro outro sem ainda entender o que tinha acontecido. Como eu ia explicar isso pro L7? Essa seria minha sentença de morte com certeza. Acendi um cigarro pra ver se me mantia calmo e nada.

Fiquei esse tempo todo tentando desenrolar pra ver se soltavam pelo menos as crianças e os desgraçados não quiseram. Oferieci uma boa quantia em dinheiro e nada. Tô sem palavras pra poder explicar isso pro patrão, vai ser casca grossa conseguir contar a verdade pra ele.

Pensar que ele confiou em mim pra levar eles pra casa em segurança, sou um homem morto a partir de hoje.

Ouvi passos rápidos subindo as escadas, apaguei o cigarro e sentei, o patrão abriu a porta e eu levantei olhando pra ele.

L7: Qual foi, Batoré? Tá maluco, irmão? Onde tu deixou a minha mulher?

Olhei pra cara dele tentando encontrar uma forma mais fácil de explicar o que aconteceu pra ele.

L7: Essa cara tá me assustando, porra! Cadê eles?????
- Patrão, eu saí do morro com eles, entrei pro carro e fomos em direção a casa da patroa...
L7: NÃO VÁ ME DIZER QUE O CARRO BATEU?????? -gritou-
- Não, não foi bem isso!
L7: O que é então? Tô perdendo a paciência.

As palavras pareciam não querer sair da minha boca. Pela primeira vez eu estava com medo da reação dele a partir do momento que eu contasse.
Olhei pra minha mão e vi anotado a placa do carro, suspirei e continuei.

- A patroa reparou que tinha um carro seguindo a gente...
L7: Meteu bala neles?
- Ela não deixou, por causa das crianças. -ele assentiu- Mas enfim, tentamos dar um pinote lá pra despistar os caras e ele acabaram cercando a gente...
L7: BATORÉ, EU VOU FAZER UMA PERGUNTA BEM CLARA E DIRETA. -falou nervoso mas tentando se manter calmo- CADÊ A MINHA MULHER E MEUS FILHOS?? -bateu na mesa-
- Os cara pegaram eles, L7. Eles estavam em muita quantidade e eu não tive o que fazer.
L7: PORQUE VC NÃO VEIO ANTES, DESGRAÇADO? -me empurrou- LÁ SE SABE O QUE PODE TER ACONTECIDO COM ELES NESSE TEMPO TODO. -me deu mais um empurrão-
- EU NÃO TIVE CULPA.
L7: SE ALGUMA COISA ACONTECER COM ELES, POR MAIS RESPEITO QUE EU TENHA POR VC, BATORÉ, EU-TE-MATO!!!

Eu vi sinceridade naquelas palavras, aquilo me arrepiou até a alma. Eu não sabia o que falar e ele estava transtornado, sem pensar direito, poderia fazer alguma besteira.

L7: Desce, antes que eu te mate aqui mesmo e chama o WL lá em casa. Preciso dele aqui e agora! E não precisa subir mais. -passou a mão no rosto-

Desci do escritório correndo, peguei a moto e desci pra casa do patrão. Tudo que eu conseguia pensar é que eu tava fudido e iria morrer se a Bia não voltasse sã e salva com os meninos. Cheguei lá, buzinei e a Leticia abriu o portão.

Leti: Coe, Batoré? A Bia já tá em casa?
- Eu preciso falar com o WL, ele tá aí ainda?
Leti: Te fiz uma pergunta Batoré, cadê a Bia?
- EU PRECISO FALAR COM O WL, CADÊ ELE? É URGENTE. -me alterei-
WL: Qual foi do caô Batoré? -apareceu no portão-
- Patrão, aconteceu uma bagulho, que... -suspirei- 
WL: Fala porra! -me interrompeu-
- Eu tô na neurose. O patrão tá lá em cima te esperando, ele precisa de vc agora!
Leti: Mas ele acabou de voltar do hospital... Espera, aconteceu alguma coisa com a Bia?
- WL, VAMOS!!
WL: Letícia, pode ir dormir tranquila e fala pras meninas que eu tô bem e fui pra casa, amanhã passo aqui e te dou notícias. -subiu na moto-
Leti: Toma cuidado e qualquer coisa me liga.

Arranquei com a moto dali e cheguei na boca em uns minutos, deixei ele na frente da escada e já ia saindo.

WL: Vai subir cmg não, viado?
- Ele quer conversar com vc sozinho.
WL: Me adianta o assunto aí? O que é tão urgente?
- É a Bia. Deu merda!
WL: ELA TÁ NO HOSPITAL?
- Não é nada disso, ele vai te explicar direito.

Deixei a moto em frente a boca e observei ele subir, comprei um baseado e sentei pra tentar relaxar e acalmar meu nervosismo.

L7 narrando

Eu tinha mil e uma razões pra está maluco e correndo atrás da minha mulher nos quatro cantos dessa cidade, mas nada me fazia entender o que eu tinha acabado de escutar, eu ainda estava digerindo tudo o que aconteceu e minha ficha ainda não tinha caído.

Olhei pras minhas mãos ensanguentadas e olhei pra parede novamente, eu só queria socar cada vez mais aquela parede pra ver se me despertava alguma coisa. Foi aí então que uma lágrima desceu involuntariamente, e outras vinham em seguida de um jeito que eu não conseguia contralar. Olhei pra foto dela em cima da minha mesa e foi aí que eu caí na real.

- Levaram ela de mim!

Meu coração parecia querer vim pela boca, minha mãos estavam trêmulas e eu fiquei desnorteado. Minha única reação foi deixar que esse sentimento de culpa, sofrimento e dor me atingissem.

Ouvi alguns passos e a porta abriu, olhei pro lado e vi WL em pé na porta.

Do Asfalto Ao MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora