Capitulo 37

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Bia narrando

A barriguinha da Nanda vem crescendo cada dia mais, está linda, ela tem se apegado muito a gravidez. Tenho falado pra ela ficar mais longe possível de problemas na escola, pq pode resulta em um ligação para os nossos pais e tals.

Fomos ao médico semana passada e ele disse que o bebê está ótimo, mas que ela deveria se alimentar melhor para o bebê ganhar peso.

Sobre meu aniversário, as coisas estão indo super bem. Rafa não para de tentar, sempre pede uma chance e um dia sei que vou acabar cedendo. Dá até um pouco de dó fazer isso com ele sabe.

Coloquei os brincos e desci pra tomar café.

- Bom dia, Dorota!
Dorota: Bom dia, querida.
- A Nanda ainda não desceu pra tomar café?
Dorota: Não, estava indo até lá agora acorda-lá.
- Não, deixa comigo.

Terminei o café e subi, bati na porta um monte de vezes e ela não respondeu, comecei a ficar preocupada.

- Nanda, nós vamos... -saí entrando-

Não consegui terminar de dizer aquela frase, minha mãos tremiam eu estava em choque e minha respiração ofegante. A cama dela estava rodeada de sangue e ela estava no chão. Tremendo. Chorando, agarrada a barriga.

- Nanda, o que houve aqui? -me desesperei- VICENTEE, DOROTAAAA? -gritei- Nanda, por favor, me responde. -cheguei mais perto-
Nanda: EU O PERDI. EU PERDI MEU BEBÊ -gritou- AAAHHHH NÃO AGUENTO MAIS ESSA DOR. -se contorceu-

Por um momento ela parou de gritar e apagou, caindo no chão.

- NANDAAAA -agarrei ela - SOCORROOO!!
Dorota: O que aconteceu aqui?? MINHA NOSSA SENHORA -deu um berro-
- CHAMA ALGUÉM, LIGA PRO HOSPITAL. MINHA IRMÃ TA PERDENDO MUITO SANGUEEEE

(...)

Estávamos todos lá, até Dorota e dona Zélia, esperando uma notícia do doutor. Tudo parecia tão bem, o que aconteceu? Meu Deus, ela não pode ter perdido o bebê.

Dimenor estava inconsolável, ele estava se mantendo firme para não chorar e estava sendo difícil pra todos. Eu não parava de chorar meus pensamentos só tinham ela.

Ah Nanda, quanto trabalho vc me deu nesse último ano. Vai ser muito difícil ela passar por essa agora. Meus pensamentos foram interrompidos pela chegada do médico.

Dr: Beatriz?
- Sim, Dr. -levantei-
Dr: Podemos conversar?
Dimenor: Eu também vou! -se aproximou-
Dr: E vc é?
Dimenor: Pai da criança!
Dr: Ok, vamos.

Entramos na sala e o doutor fez sinal para que nós sentarmos.

Dimenor: Por favor, doutor, sem voltas no assunto seja direto!
Dr: Ela teve um aborto espontâneo e perdeu o bebê!

O chão se abriu diante meus pés, não consegui conter as lágrimas, muito menos o Dimenor que estava em choque. Ele ainda tinha esperanças.

Dr: Sei que esse momento é difícil para todos, mais a paciente vai precisar de toda a força de vcs.
Dimenor: Ela já sabe? Queremos ver ela! -seco-
Dr: Ela quis ser informada antes de todos e disse que não quer a visita de ninguém.
- Nem a minha? -solucei-
Dr: Desculpe, mas ela foi muito específica. Ninguém!
- Mas o que houve? O senhor disse semana passada que o bebê estava ótimo.
Dr: E também recomendei repouso e que ela se alimentasse melhor! O bebê estava com menos peso de que o normal e não resistiu.
Dimenor: EU NÃO QUERO MAIS OUVIR! -bateu na mesa- Meu filho morreu. O filho que eu tanto desejei, com a mulher que eu tanto desejei...
Dr: Vc vai ter que se acalmar, se não...
Dimenor: SE NÃO O QUE? -tirou a arma da cintura- MEU FILHO MORREU E VC QUER QUE EU FIQUE CALMO?!
- Dimenor, isso não é a melhor coisa a se fazer. -levantei- A Nanda precisa de nós agora!
Dimenor: ELA NÃO QUER NEM NÓS VER, BIA. -riu nervoso-
Dr: Abaixa isso e nós vamos conversar com calma.
Dimenor: CONVERSAR? -berrou- MEU FILHO MORREU, VOCE JÁ ME DISSE. - chorou- O QUE TEMOS PRA CONVERSAR AGORA?
- Sei que esse momento é difícil, Dimenor, -abaixei a arma- se eu que sou irmã dela estou assim imagine pra ela, pra vcs. Pense nela cara, pense nela. -ele chorou ainda mais e eu o abracei-

Ficamos ali por alguns minutos chorando juntos. De repente ele saiu batendo a porta com tudo.

- Doutor, desculpa por isso. Eles são jovens e estão sofrendo demais! -sequei as lágrimas-
Dr: Tudo bem, quem não estaria né? -calmo-
- Mas ela vai poder engravidar novamente né?
Dr: Olha, eu não posso te dar certeza, mas sim, ela tem 90% de ter uma outra gravidez saudável.
- Ela vai ficar bem?
Dr: Ela perdeu muito sangue, então vai ficar em observação aqui durante alguns dias. Ela já foi informada disso, e disse que durante esse tempo não quer a visita de ninguém.
- E isso é saudável pra ela?
Dr: Não muito, mas nesses casos, ainda mais quando a paciente é jovem, elas querem pensar, chorar e se lamentar sem que as incomodem.
- É só isso?
Dr: Sim. -levantamos-
- Obrigada por tudo! -estendi minha mão e ele a apertou-

Saí da sala, respirei fundo e me aproximei do pessoal.

Dorota: Como minha menina tá? -nervosa-
- Ela não quer a visita de ninguém - disse seca- Vamos Dorota.

Não estava em condições de ficar explicando o estado da minha irmã pra ninguém. Entramos no carro e Vicente deu a partida, chegamos em casa em poucos minutos.

- Dorota? Providencie a limpeza do quarto da Nanda e eu não quero ver ninguém hoje, absolutamente ninguém! Se alguém me procurar diga que estou indisposta e depois me informe quem me procurou.

Subi pro meu quarto, liguei a banheira, me despi e entrei. Estava precisando relaxar meus músculos.

Nanda, festa, Rafa, L7, pais, escola, faculdade...Tantos problemas, não sei se dou conta sozinha. Meus pais nunca estão em casa, Nanda perdeu o bebê logo perto do meu aniversário de 18 anos, Rafa não para de insistir para nós tentarmos, L7 e eu em relação complicada.. Não sei mais o que fazer.

Jogar tudo pro alto e ir morar na Alemanha com meus avós? Ou encarar tudo do modo Bartkevihi? Não consigo nunca ficar sozinha. Amo meus amigos, mas quando não estou rodeada deles, estou rodeada de problemas. Tudo isso por que meu Deus? Algum castigo? Nunca faço mal a ninguém.

(...)

- Vc tá bem? -bati e entrei no quarto-
Nanda: Se eu não tivesse ainda taria no hospital. -seca-
- Olha aqui, ja chega! Eu sei que dói em vc, pq também tá doendo em mim, mas vc acha certo tratar as pessoas dessa forma? Vc acha que iria ser mãe com essa pouca maturidade que tá tendo? Acha mesmo que só vc sofreu? E o Dimenor? Que por sinal, era pai da criança e sofreu como vc. Vc quis um tempo sozinha e nós te damos esse tempo. Sei que essa ferida jamais vai ser fechada, mas já faz duas semana que vc saiu do hospital e se quer chamou o Dimenor pra conversar, vem dando foras em todos o tempo todo, tratando mal os empregados e até os professores. Mamãe ligou ontem pra saber o havia acontecido com vc, que vc não era assim. Enventei um monte de mentiras pra te acobertar pq eu sou sua irmã e vou tá sempre com vc! Mas comigo é diferente, sou sozinha pra tudo. Ultimamente não tô tendo ninguém pra dividir meus problemas. Ninguém tem culpa se sua gravidez foi interrompida, queremos o seu melhor, mas assim não tá dando, vc também tem que coperar. -gritei cuspindo palavras e saí do quarto-

Do Asfalto Ao MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora