Decisão

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MESES DEPOIS....

POV KATNISS

Estou desacreditada,
Enorme, exausta, cultivando pensamentos demais na mente.

Criar esse filho não é opção.

Estou quebrada, sozinha e desesperada.

Literalmente sozinha.

Tia Paylor esta numa caravana viajando pelo Brasil, aproveitando sua aposentadoria.
Então estou sozinha, Annie quase não sai do hospital e quando tem algum tempo a coitada dorme. Ser residente não é vida.

Você ja se apaixonou fortemente por alguém?

Se sim, sabe como é difícil superar isso. E piora quando seu corpo está em uma bela confusão de hormônios.

Bato a ponta da caneta no papel, não tenho palavras no momento.
O que escrever?
Qual justificativa usar?

Certo, ainda tenho alguns meses pra isso.
2, para ser exata.
Isso se esse bebê não sair antes.

A dormência nos pés volta, parece dois pães de tão gordos.
Annie me avisou sobre as mudanças no meu corpo, agora ja não consigo fazer simples tarefas.
Como pegar algo no chão, sentar ou levantar, amarrar um tênis, dormir confortável.

É uma luta toda noite.
Sendo que evito sonhar.

As lembranças, memórias na verdade, da vida passada, estão me atingindo.
Será que a ele também?

Tento não pensar no loiro, imaginar como sua vida deve estar.
Delly o ganhou de volta, tirei meu time de campo.

Agora resta lembranças, uma blusa e um chaveiro de prancha, esquecidos por ele.
Deixo tudo na gaveta, escondido dos meus olhos.

-Calma, bebê!- reclamo, sendo atingida por uma sequência de chutes e rodopios.

É legal ver através da minha pele seus movimentos, vez ou outra ate seu pé surge.
Mas o pânico aparece e me obrigo a tomar uns remédios, nada que ja não fazia antes.

Como passar por tanta novidade sem ninguém te ajudando?
É complicado, péssimo.

Agarro a mesa, apoiando a outra mão na cadeira para erguer meu corpo. Levanto bem devagar, estalando a coluna no processo.
Simplesmente trágico.

Dou calmos passos ate a janela da sala, abro sentindo o vento quente bater em mim. Suspiro abraçando meu barrigão, as lágrimas brotam.

É dificil esquecer uma pessoa que te deu muito para lembrar.

         ⊙⊙⊙⊙⊙⊙

A catraca.

Merda, como não lembrei disso?

Olho pros lados, todos os bancos da frente estão cheios.
Quero chutar um garoto adolescente de la, mas evito arrumar brigas e so vou na direção do cobrador.

Ele arregala os olhos ao notar o volume abdominal absurdo, levo uns fios do cabelo pra trás da orelha e ignoro murmuros.

-Moça, senta aqui.- uma mulher empurra o garoto que sai a contra gosto, agarro no ferro e acomodo minhas doloridas costas no banco.

-Obrigada.

-Quantos meses?

-7 meses.

Chapo a mão na superfície lisa, logo os chutes começam.
Respiro fundo, controlando um belo grito quando minha costela é atingida.

O Outro ReinoOnde histórias criam vida. Descubra agora