Quatorze: Um Beijo

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A ideia de fugir me atormentou a cada dia quando eu via os sorriso discretos e as trocas de olhares. Dulce havia se apaixonado pelo meu futuro marido, e eu soube disso no momento em que vi seus olhos brilharem ao ver Benjamim entrando na sala de jantar. Eles passavam mais tempo juntos e ela se arrumava como se fosse a um baile. Nenhuma outra pessoa parecia perceber a aproximação íntima dos dois, o que me fazia duvidar se era algo montado por minha mente traiçoeira.

— Boa noite, querida — minha mãe depositava um beijo em minha testa para sair de meu quarto. Durante a noite daquele dia, eu não consegui dormir de forma alguma.

Pus um sapato enquanto ligava a vela deixada ao lado de minha cama. Peguei meu livro favorito e caminhei para fora de meu quarto, decidida a passar minhas horas lendo em outro lugar. Tomei cuidado para não fazer zoada enquanto andava. Parei quando avistei uma janela de frente ao jardim. Puxei uma cadeira com cuidado e deixei a vela no batente da janela, me acomodei no objeto e abri o meu livro para iniciar minha leitura.

Estava há algumas horas por ali, quando ouvi passos do lado de fora. Me apressei em apagar a vela e observar quem estava no jardim em plena a madrugada. Quando avistei sombras, me encolhi entre as cortinas para ficar escondida. Meu estômago embrulhou ao ver os dois jovens que tinham transformado meus dias em tortura.

— Benjamim, está tarde, eu preciso ir — Dulce diz de forma manhosa.

— Tudo bem, foi uma ótima noite — ele sorri.

— Sim, foi — ela se vira para ir embora, mas ele agarra seu pulso e a puxa para perto.

— Falta algo — então ele se inclina e deposita um leve beijo em seus lábios — agora sim, você pode ir — minha irmã o olha incrédula. O sorriso rasga seu rosto, então ela o abraça. Foi o seu primeiro beijo! Depois que desfaz o gesto, lhe deseja uma boa noite e se retira. Deixando um príncipe francês apaixonado para trás.

E foi naquele momento, em que me vi disposta a botar meu plano em prática. Eu havia me decidido a realizar aquela loucura. Afinal, não podia acabar com a felicidade de minha irmã, e não me condenaria a um sofrimento desnecessário. Papai pode bota-lá no trono quando eu partir, será melhor para todos.

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