HENRY
Fazia dias desde o ocorrido, mas vivíamos com ele constantemente em nossas cabeças. Principalmente Anabela, que não saí do quarto e não troca mais que três palavras conosco. E eu não a culpo por isso. Não consigo imaginar o tamanho do trauma que aquilo lhe causou.
— Ela não quer comer — minha irmã disse, voltando do quarto com um prato de comida em mãos.
— Henry, ela não está se alimentando direito e temo que fique doente — minha mãe me alertou — Você tem que falar com ela — pediu.
— A senhora sabe que eu não consigo, não depois de ter feito ela passar por tudo aquilo — me refiro à violência que sofreu.
— Não foi sua culpa, meu filho — minha mãe pôs a mão em meu ombro direito.
— Como não? Ela não teria passado por nada daquilo, se eu não tivesse mandado-a embora — sinto a culpa pesar dentro de mim. Esse sentimento está me corroendo por dentro.
— Você fez o que achou ser certo no momento. Nós nunca iremos saber o que teria acontecido, se você tivesse tomado outra decisão. Por isso, não pense no que poderia ter feito, mas no que pode fazer — ela aconselhou, me entregando o prato de comida.
Respirei fundo, tomando coragem o suficiente para ir até o seu quarto. Bati duas vezes em sua porta, embora a mesma estando entreaberta.
— Não estou com fome — sua voz soou fraca e baixa, me fazendo entrar por completo no cômodo.
Tomei um susto com a sua aparência. Bela não parecia a pequena ladra que eu encurralei no rio, ela parecia indefesa e assustada.
— Bela, você precisa comer — falo cuidadosamente.
— Eu não quero — ela rebateu, ainda deitada, enquanto mantinha seu olhar em um ponto fixo na parede de madeira.
Suspirei e coloquei o prato sobre o criado-mudo. Baguncei meu cabelo, tentando formular uma frase para iniciar uma conversa com ela.
— Como você está? — eu perguntei.
— Como você acha? — ela rebateu, afiada.
Ok, pergunta idiota.
Puxei a cadeira para sentar em sua frente, me intrometendo em seu campo de visão. Cruzei os braços e esperei um pouco.
— Anabela, eu não sei o que fazer para me redimir — confesso baixo — Eu falhei com você e isso te custou muito, então, por favor, me diga o que quer que eu faça para te ajudar — peço.
Ela, finalmente, me encara enquanto ajeita sua postura para se sentar na cama.
— Me ensine a lutar — é tudo o que diz.
Rio, imaginando ser sua forma de nos descontrair da tensão, mas ela continua séria.
— Não! — digo como se fosse óbvio.
— Você disse que queria se redimir, Henry, essa é a sua chance — ela diz entredentes.
— Você quer se vingar, e eu entendo, mas eu não vou te ensinar algo que vai te machucar — explico minha visão e ela bufa, irritada, se levantando.
— EU ME MACHUQUEI PORQUE EU NÃO SABIA, E NEM CONSEGUIA, ME DEFENDER DAS MÃOS IMUNDAS DAQUELES HOMENS! — ela gritou e uma lágrima escorreu por sua bochecha.
— Eu sei disso e eu sinto muito — murmuro.
— É, Henry, você já me disse isso mais vezes do que posso contar — ela diz enquanto anda de um lado à outro, enxugando a região molhada embaixo dos olhos.
— Tudo bem — é tudo o que digo depois de pensar um pouco, ela para de andar para olhar em meus olhos — Eu não pude te ajudar antes, mas eu posso te ajudar agora, e se é isso o que você realmente quer e que vai te ajudar a enfrentar todos os seus monstros, então tudo bem — concordo e me levanto.
— Obrigada, Henry, isso é muito importante para mim — ela sorri de lado, ainda mantendo uma distância razoável entre a gente.
— Eu sei — suspiro, pego o prato de comida que trouxe comigo e dou à ela, que estende o braço para pegar — precisará comer, se quiser ter forças para segurar uma espada — aconselho, antes de sair do seu quarto.
Minha mãe e minha irmã me olham apreensivas.
— E então? — minha mãe perguntou.
— Ela quer lutar — resumo.
— Se isso vai tirar-la daquele quarto escuro e frio, então ótimo! Além do mais, vocês tiveram um diálogo, o que já é um avanço. Bom trabalho, filho. — minha mãe me parabenizou.
— Ela vai acabar se matando — penso em voz alta.
— Isso não acontecerá, se você estiver ao lado dela para a ensinar — minha mãe rebate, passando ao meu lado para acender a lareira e preparar o nosso jantar.
— Legal! Você pode me ensinar a lutar também? — Amélia pergunta, esperançosa.
— Não — respondo de imediato.
— Chato! — ela cruza os braços.
— Estou sendo o irmão mais velho — retruco, pegando uma maçã e a mordendo.
Amélia me mostra a língua, antes de virar as costas e sair de casa, batendo à porta.
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DEMOROU, MAS SAIU!Eu sinto muitíssimo pela demora, gente. Eu tive um grande bloqueio criativo e estou tendo muitas provas por estar no fim do ano, então peço um pouco de paciência.
Não saiam sem comentar ou favoritar, é importante para mim!
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Against
Viễn tưởng➸ Sinopse: Durante o século XV nas terras europeias, o reino inglês se destacou entre os outros quando uma pequena garota causou uma rebelião por causa da coroa. Anabela Williams, prestes a completar seus dezoito anos, decidiu que não queria s...