Vinte e seis: Sr. Richard

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Entramos em uma casa a parte da grande mansão que a fazenda possui. Ela não é grande, mas é aconchegante. A cozinha fica ao lado da sala de estar, os móveis são feitos de madeira escura. Existe quatro cômodos além destes, três quartos e um banheiro. Os quartos são minúsculos, cabem neles apenas a cama e uma cômoda com três gavetas. No banheiro, o espaço é limitado para uma banheira de madeira e um quadrado feito por tijolos com um buraco no fundo, serve para fazer nossas necessidades.

— Mamãe, Henry chegou! — uma garotinha grita quando vê o garoto.

— Espera, você é o Henry? — ele assente — então não é o dono da fazenda — aponto quando lembro de sua conversa com a garotinha - que se chama Amélia - mais cedo.

— Acredite em mim quando digo que você nunca vai querer encontrar o Sr. Richard. Ele é um bom homem, mas quando trata de negócios sobre a fazenda, se transforma em outra pessoa. — comenta.

— E como pretende me empregar sendo um empregado? — pergunto confusa.

— Ele é amigo da minha família. Ele não vai nem pensar duas vezes quando eu disser que você aceita metade do pagamento.

— Henry, meu filho, eu pensei que tivesse acontecido algo...— ela para de falar quando me encara — quem é sua nova amiga?

— Mamãe, está é...— ele me encara.

— Bela — respondo omitindo o Ana do meu nome. Eu não poderia levantar suspeitas sobre minha identidade.

— Prazer, Bela. Sou Joana. — ela me cumprimenta com dois beijos no rosto. Joana parece com Amélia, tem cabelo castanho escuro e é tão branca quanto a neve. Henry tem seu sorriso, mas é somente nisso que são parecidos fisicamente. Pergunto-me se parece com o seu pai.

— Bela vai ficar com a gente por um tempo, ela precisa de dinheiro porque foi assaltada na vila, então ofereci minha ajuda e nossa casa — Henry explica em um tom gentil para a mãe. Percebi que quando ele se dirige à sua família é sempre muito dócil.

— Oh, esses ladrões! Acredita que estão roubando de nossa Horta? Sr. Richard está com sangue nos olhos, disse que se pegasse o responsável não hesitaria em corta-lhe os dedos. — conta e sinto minha garganta ficar seca. Henry sorri para minha expressão apavorada, como se me dissesse em silêncio do problema que me salvou.

— Creio que isto não será possível, segui a trilha da fazenda para a floresta. Ele já deve estar longe nesse momento. — mente a última parte. Eu estava debaixo do teto deles.

— Henry é caçador, ele é ótimo seguindo rastros — sua mãe diz com orgulho.

Então foi assim que ele me achou.

— Aposto que sim — digo em um tom irônico, mas disfarçado pelo meu sorriso.

— Irei preparar a cama da Amélia para você, querida — Joana diz.

— Não precisa se preocupar, eu posso dormir no chão — asseguro.

— Bobagem! Eu tenho espaço suficiente em minha cama para que Amélia durma comigo. Não tenha vergonha, passaremos um bom tempo juntas — ela diz com um sorriso e se retira para ajeitar a cama.

— Irei colocar seu cavalo nos estábulos. Amélia, procure um vestido que sirva na Bela — pede a irmã que me puxa sorridente para o seu quarto. Ela deve ter uns dez anos. Lembra-me vagamente da Jade, por ser tão sorridente e saltitante.

— Tempestade — digo antes de Henry passar pela porta. Ele franze a testa. — O nome da minha égua é Tempestade — explico e ele sorri de canto, balançando a cabeça.

*****
HENRY, HOMAO DA PORRA QUE ABRIGA O POVO SEM NEM CONHECER.

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