Trinta e quatro: violentada

925 144 54
                                    

*AVISO

ESSE CAPÍTULO CONTÉM CENAS FORTES E NECESSÁRIAS PARA A HISTÓRIA!*

Eu havia saído da casa de Henry há, pelo menos, uma hora. Estava em uma estrada que atravessava a floresta, pensando onde diabos deveria ir.

A notícia sobre a recompensa por minha cabeça já deve ter se espalhado por todo o reino. O local mais seguro para mim era a fazenda do Sr. Richard, mas não por tanto tempo já que ele também descobriria sobre a minha verdadeira identidade.

Eu estou tão ferrada, não tem como ficar pior do que isso.

Quase como uma resposta do destino que sim, tinha como as coisas piorarem. Uma flecha passou ao lado do meu corpo, cortando superficialmente o meu braço. Olhei na direção em que ela veio e entrei em pânico quando vi quatro homens em seus respectivos cavalos apontarem suas espadas para mim.

— Peguem-na! — o que parecia ser o chefe, ordenou. Sem nem pensar duas vezes, fiz com que Tempestade corresse para dentro da floresta. Eu teria que despistar eles.

Uma fuga começou. Eu me esquivava dos galhos baixos das árvores por onde passava e tinha cuidado para que Tempestade não pisasse em qualquer buraco que nos prejudicasse. Outra flecha foi disparada, desta vez passando bem perto de minha cabeça.

— Vamos lá, garota — aticei Tempestade para que ela corresse mais rápido. Se continuássemos no mesmo ritmo, nós duas estaríamos mortas antes mesmo que o sol raiasse.

Minha visão estava limitada, pois o dia já estava em seu fim e a única coisa que iluminava o nosso caminho era a lua.

— Não deixem ela escapar — o homem gritou e eu pude ter a certeza de que eles estavam um pouco mais distante.

— Isso! — eu comemorei.

Cedo demais, eu diria, porque cerca de dez segundos depois uma flecha acertou uma das pernas de Tempestade e fez a mesma cair comigo ainda em cima dela.

Eu fui arremessada de sua traseira e rolei pelo que parecia uma pequena ladeira formada por pequenas rochas e plantas. Quando finalmente parei na base dela, senti meus braços e minhas bochechas latejarem e arderem.
Eu estava sangrando.
Me apoiei em meu braço esquerdo, na tentativa falha de me levantar. Meu corpo inteiro doía. Ouvi os sons dos cavalos e soube que eles estavam perto. Perto demais.

— Escutem o que eu digo, garotos, a cabeça dessa mulherzinha desprezível nos dará passagem direta para realeza — o homem disse, descendo de seu cavalo e parando ao meu lado.

— Quem você pensa que é para falar de mim desse jeito? — tento erguer a minha voz e sou respondida por um chute na costela, me fazendo encolher com a dor.

— Você se acha mesmo no direito de falar algo, princesa? — ele riu com, o que eu supus ser, os seus filhos. Todos são jovens, sujos e com algum defeito físico visível. O velho é definitivamente o mais rabugento de todos.

— Ela até que é bonita — um disse, se agachando ao meu lado e segurando firmemente o meu rosto. Olhei para enorme cicatriz em sua testa e fiz uma careta.

— O que foi? Não acha os meus filhos bons o suficiente para lhe tocar? — ele perguntou sarcástico e eu cuspi em suas botas, como sinal de que o desprezava — não deveria ter feito isso, vadiazinha — ele chutou o meu rosto e minha cabeça pendeu para trás com a tontura — podem se divertir com ela, mas sejam rápidos. Quero por as mãos no meu tesouro o quanto antes. — ele disse ao seus filhos que me olharam como se estivessem famintos.

— Não, por favor — pedi baixinho, sentindo as minhas lágrimas passarem por cima de meus machucados.

shhhh — o da cicatriz pediu e começou a desabotoar suas calças.

Eu acertei um chute em seu estômago com o resto de forças que tinha, e tentei sair dali, mas os seus dois irmãos me seguraram pelos braços.

— não, não, não — pedi desesperada quando o vi passar suas mãos nojentas por minhas pernas e subir o pano de meu vestido.

Quando o vi se posicionar para começar a me violentar, eu fechei os olhos em meio à soluços. E quando eu o senti, eu tentei pensar em um dia ensolarado em que eu brincava com as minhas irmãs no jardim do palácio. Enquanto eu ouvia seus gemidos que me causavam náuseas, eu tentei lembrar de como o meu pai contava suas aventuras para mim antes de dormir quando eu era pequena. Meu corpo ficou cada vez mais fraco e minhas partes íntimas ardiam, quando um líquido quente saiu do seu corpo e melou a minha perna. Eu abri meus olhos e o vi sorrir para mim com seus dentes amarelados, virei o meu rosto quando ele passou seus dedos imundos por minhas bochechas arranhadas.

— Uma pena que tenha que morrer — ele lamentou falsamente.

Então, seu pai gritou alguma coisa. Os meninos me largaram quando viram que alguém se aproximava.

— SOCORRO! — eu gritei desesperada para a pessoa vir até nós.

— Calem a boca dela, seus idiotas — ele mandou e um deles tapou a minha boca com um pano. O outro amarrou minhas pernas e minhas mãos com cordas.

— Temos que ir...— um deles tentou falar, mas foi interrompido por uma flecha que atravessou o seu peito. Ele olhou assustado para o seu pai e logo caiu aos seus pés, morto.

Rapidamente, eles ergueram suas espadas com medo do desconhecido. Eles não sabiam de onde a flecha havia vindo, por causa da escuridão e do silêncio da floresta. Tudo continuou quieto até outra flecha acertar o outro filho, dessa vez no olho. O pai se virou para nós e quando tentou falar algo, uma flecha acertou sua cabeça. Como instinto para se proteger, o meu violentador se posicionou atrás de mim e botou uma faca em meu pescoço.

— APAREÇA! — ele esbravejou — APAREÇA OU ELA MORRE! — ele acrescentou, assustado.

Ouvimos passos e logo detrás de uma árvore, surgiu o responsável pela morte da família dele. Henry.


************************************
Pode ter sido difícil ler isso, mas o estupro foi algo bem comum nesse tempo e a mulher não podia fazer nada a respeito, a não ser ficar calada. E em todas as minhas histórias, por mais fictícias que sejam, eu me sinto na obrigação de retratar algo da realidade. Fora que esse evento motivará a personagem principal a tomar algumas decisões que eu considero importante na história.

AgainstOnde histórias criam vida. Descubra agora