Treze: Apunhalada Pelas Costas

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O café da manhã terminou e todos se levantaram da mesa. Os reis se retiraram para a sala particular de meu pai, onde resolve coisas relacionadas ao nosso país. Minha mãe, por sua vez, leva a Rainha Katherine com Lady Margaret para o jardim real. Certamente, discutiriam sobre meu noivado ou sobre minha festa de aniversário. Perco os outros de vista, com exceção da Rosie, que vem em minha direção.

— Alguém vai se casar com um herói — brinca apertando minha bochecha.

— Como se aquela história fosse verdade — reviro os olhos e recebo um leve beliscão na bochecha por causa do meu ato.

— Não faça isso! — reclama — e é verdade, a história circulou por todos os reinos e vilas — comenta e eu caminho ao seu lado.

— O salvador da pátria — zombo e ela ri, me repreendendo logo em seguida.

— Você deveria procurar ele. Mostrar o castelo e, talvez, conversar. Vai ser bom conhecer a pessoa com quem você vai se casar. — aconselha e eu assinto, me distanciando para procurar pelo príncipe de olhos azuis. O encontro acompanhado por...minha irmã?
Eu sei que é deselegante e errado escutar as conversas alheias atrás da porta, mas eu sentia que algo naquela situação não se encaixava.

— Você também gosta de cavalgar? — pergunta caminhando ao seu lado.

— Eu amo! — o quê? Desde quando Dulce gosta de animais? — embora não tenha muita prática por meus pais serem rígidos demais — abaixa a cabeça.

— Meus pais também sempre foram rígidos comigo, principalmente por ser o futuro governante — o príncipe diz.

— Esse peso fica nas costas da Anabela, embora eu ache que ela ainda não esteja preparada para governar o nosso país. Ela não se importa muito com os deveres e está sempre com um livro em mãos, se auto excluindo das conversas importantes — conta e eu sinto raiva. Não é mentira, mas por que ela tinha que contar isso para ele? Qual o objetivo?

— É uma pena que sua irmã seja a mais velha. Eu me casaria facilmente com você. Além de esperta, é visivelmente a mais bonita entre suas irmãs — põe uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, que sorri timidamente. Chega! Não vou me condenar ouvindo isso.

Saio dali e, na tentativa de chegar rápido aos meus aposentos, acabo por esbarrar em alguém.

— Perdão — levanto a cabeça e dou de caras com o primo do príncipe. Ótimo.

— Você está bem? Parece atordoada. — nota — não que eu me importe — acrescenta de maneira fria.

— Eu estou bem — respondo direta — com licença — me viro e subo as escadas que me levam ao corredor do meu quarto. Entro nos meus aposentos e expulso todos os criados que ajeitavam as coisas por ali. Tento tirar minhas vestes o mais rápido que consigo, estou me sentindo sufocada. Se ele não quer casar comigo, por que está aqui? Eu não quero casar com alguém tendo noção de que essa pessoa não me quer. E pior, que deseja estar com outra pessoa.
O choro vem antes que eu possa impedi-lo. Me sinto fraca e impotente. Eu sei que não sou a mais atraente entre minhas irmãs e, muito menos, a mais preparada para o cargo que me foi concebido. Mas escutar isso vindo de outra pessoa é doloroso.
Eu precisava fazer algo que impedisse esse casamento sem constranger meus pais. Eu não podia ficar e ser infeliz por causa de uma coroa. Eu iria fugir.

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