Capítulo 1 - Como tudo começou

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Ser Pai, já não é fácil. Pai gay então, muito menos. Sempre é mais dispendioso, e como em todas as criações, nem tudo é sempre um mar de rosas. Fácil.

A criação de um filho então, de fácil não tem nada, imaginem dois ao mesmo tempo. Isso aí, dois filhos lindos, o Rui e o Sérgio, meus filhos de sangue, e do Simão.

Simão é o meu marido e companheiro, que desistiu de ser mãe para virar pai. Confusos? É fácil!

Simão já foi Ana, e eu já o conheci assim no feminino. Eramos já grandes amigos, de longa data, melhores amigos mesmo. Dividíamos apartamento, quando a história de mudar de sexo começou. Tudo só por amor, a mim.

Estávamos na sala, conversando e rindo, como tantas outras vezes, quando ela se saiu com essa conversa.

Ana: Filipe. Sabes que eu gosto de ti, mais do que como amigo. Eu te amo! Mas como tu só gostas de homens, eu nunca insisti em ti, e preferi investir tudo na amizade.

Tu sempre me disseste, que gostavas de conhecer um homem, que fosse, assim como eu, na madeira de ser, da forma que a gente se entende. Chegas-te mesmo a me dizer, que se eu fosse homem, tu namorarias, casarias, e até terias filhos comigo.

Por isso me veio uma ideia maluca à cabeça. E se eu mudasse de sexo, e virasse homem. Tu ficarias comigo?

Filipe: O quê? – na hora tomei susto. Fiquei increde-lo com o que ouvia – Tu, estás falando sério?

Ana: Sim. Muito sério. Eu te amo, e não é de hoje. Tu sabes!

Não aguento mais, ter que te consular, por causa de caras que não prestam, pois tu só escolhes errado. Por isso se tu dizes que o único motivo para não estares comigo, é esse, eu estou disposta em fazer a mudança, só para te fazer feliz e ser feliz.

Filipe: Eu não sei o que dizer. Isso seria...inédito...fantástico para mim, para nós! Mas não é justo eu aceitar isso, pois podemos não dar certo, e aí tu vais sair prejudicada.

Ana: Não. Se acontecer isso, só tenho que me apaixonar por outro gay ou bi – disse com um leve sorriso – Então qual é a decisão final?

Filipe: Vamos a isso! Mas antes vamos ter que ver uma clínica boa para isso, e avaliar os custos, para dividimos despesas. Já que eu sou o responsável por essa mudança.

Ana: Não precisas de te preocupar com isso, eu já pesquisei sobre isso e já escolhi a clínica. Só vou ter que ir um ano para Espanha.

Filipe: Então e eu? Vou ficar aqui sozinho, durante um ano. Eu quero acompanhar todo o processo, estar ao teu lado!

Ana: Não te preocupes, que vais estar! Sempre que for importante, tu vais lá estar. Aliás à sertãs partes que convém seres tu a escolher! – disse já rindo e  me fazendo rir, só de lembrar que partes seriam.

Assim foi, um ano depois de tantas viagens entre Portugal e Espanha, nasceu o meu Simão. Diga-se de passagem, que ficou um gato. Quem nunca o conheceu como Ana, nem desconfia que aquele homem lindo, meu homem já agora, outrora já foi mulher.

Depois da mudança, passamos a planear os nossos filhos. Graças à clínica que guardou os óvulos da Ana (Simão), para serem fecundados com o meu esperma, e gerados em uma barriga de aluguer.

Dois anos depois, da Ana (Simão), mudar de sexo, lá estávamos nós, prontos para ser pais. Se é que alguma vez a gente está preparado para tal. Principalmente para ser pai gay. Mas no final sempre vai valer a pena, e não vão faltar histórias para lembrar e contar. São algumas dessas histórias e lembranças que eu vou partilhar.

Amor sem limiteOnde histórias criam vida. Descubra agora