Capítulo 19

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POV CHRISTOPHER.

“Chega a ser cômico como algumas pessoas reaparecem em nossas vidas e mudam algumas certezas. Há mais de dez anos não penso em Dulce e não há vejo. Desde que fui estudar na capital nunca consegui conversar com ela direito. Fazia no mínimo uns três anos que não há via nem nos natais da cidade – já que não ia para lá a um bom tempo.

E quando ela aparece em minha vida novamente foi como um furacão, chegou me beijando de repente, me colocou em problemas com minha namorada e ainda fica implorado por sexo casual, por conta de um azar.

Minha história com Dulce começou há muito tempo atrás quando nossas mães se tornaram amigas inseparáveis. Nós tínhamos uns nove anos e Dulce era um terror, me obrigava a deixar jogar futebol, queria destruir meus carrinhos e ai de mim se não deixasse brincar comigo. Sempre acabava chorando e eu levando bronca de minha mãe. A odiava por isso, então sempre que podia a desprezava nos jogos, mas era só ela perder para fazer um escândalo. Sempre competitiva.

Ela era diferente de todas as garotas, quase não brincava de boneca e nunca usava vestido. A via como um garoto. Quando crescemos mais um pouco ficava chorando na frente de casa para jogar vídeo game, e ai de mim se deixasse perder. E o pior era que zombava de mim por perder. Aquela mulher sempre foi louca.

Quando enfim chegamos a adolescência as coisas mudaram, nossos corpos estavam se desenvolvendo e comecei a conhecer melhor as garotas. Com treze anos já havia ficado com uma infinidade de meninas e adorava aquilo, todas elas vinham para cima de mim. Comecei a ir à festa e ficar popular no meio das garotas. Havia me encontrado, era um garoto popular e desejado. O que mais poderia querer?

Dulce sempre estava aprontando alguma para mim, certo dia contou ao pai da garota com quem estava ficando sobre nós dois. Nunca passei tanto medo, quase fui obrigado a namorar a garota por culpa dela. E quando namorei Anahí, já tinha meus quinze anos, mas Dulce quase enlouqueceu. Ficou três dias sem falar com Anahí e comigo. Nunca entendi direito o porquê dela ser assim, parecia até que tinha ciúmes.

Ela nunca teve ciúmes, sempre me odiou e eu também sempre a odiei. Era como gato e rato, tudo que um fazia o outro achava um jeito de por defeito. Tudo que eu fazia para ela era errado, meu sabor de sorvete preferido para ela era pior, toda a garota que eu ficava era feia, sempre me batia jogando futebol e me dedurava para minha mãe. Ela era um terror.

Isso do futebol uma vez me fez levar uma advertência, por culpa dela. Sempre ficava no meu pé para pedir aos outros garotos para que ela pudesse jogar os meninos só aceitavam se ela jogasse com a saia da escola. Mas eu bem sabia as intenções deles, era só ela escorregar que iria mostrar tudo. Não iria permitir isso, então quase sai no soco com um deles. Essa garota mexia tanto comigo que até brigar por ela eu brigava.

Quando estávamos entrando no ultimo ano Dulce foi passar um mês na casa dos avôs, não me lembro à cidade, mas era muito tempo. Achei no começo que seria um alivio ninguém estariam ali para encher meu saco durante as férias, poderia curtir a beça. Porem não foi isso que aconteceu. Todos os dias pareciam que faltava algo, ninguém implicava comigo no vídeo game, ria por eu quase passar pelo conselho da escola, criticava as garotas que iam a minha casa. Não havia ninguém para implicar comigo, e isso me afetou demais. Não imaginava que todo o ódio que sentia de Dulce, era porque eu gostava dela.

Sim, eu gostava dela. Mas jamais iria assumir muito menos para ela. Então veio o último ano, a pressão o vestibular, a mudança de casa. Eram tantos planos, mas a baixinha continuava no meu pé o tempo todo. Eu estava ignorando as matérias do ultimo ano, não estava nem ai para nada. Só queria ir a festas e beijar muito. Eu nunca havia feito nada com uma garota além de beijá-la. Mas claro que ninguém sabia.

Estava a ponto de reprovar em uma matéria, iria fazer uma prova extra para tentar passar. E Dulce me infernizou por quase um dia inteiro dizendo que era tão ruim que não iria conseguir passar. Então apostamos que caso eu reprovasse iria sair pela rua com a camisa do time de futebol dela e iria queimar a camisa do meu. Até no futebol, nós éramos do contra. Mas claro que trapaceei, colei na prova e passei. E como castigo ela iria beber até eu decidir quando deveria parar. Dulce nunca havia bebido na vida.

O grande problema é que nos trancamos no quarto, e ficamos somente os dois bebendo e falando sobre coisas aleatórias, aquela era uma das ultimas festas que estaríamos juntos. E no meio disso tudo eu a beijei. Fiz a coisa que sempre quis, mas escondia de todas as maneiras, para ninguém jamais descobrir. O beijo levou a outro e a confissões que nem me recordo mais.

Chegamos ao fim da noite em minha cama, com ela se entregando a mim e eu me entregando a ela. Jamais tinha transado com ninguém, Dulce havia sido a primeira, mas ela não sabia disso. Não sei se valaria a pena contar, não sabia como seriam as coisas no dia seguinte. Mas aquela noite, jamais me esqueceria. Apesar da bebida estava fazendo efeito em meu corpo, eu ainda a sentia e conseguia me lembrar de tudo. Foi uma noite inesquecível.

Mas no dia seguinte, não sabia o que fazer, como agir, ou o que falar. Então decidi deixar para lá, continuara agindo como sempre, como se nada tivesse acontecido. Ela não dava nenhum sinal de que queria conversar sobre o que aconteceu ou sobre o que havíamos confessados aquela noite. Nada. Estávamos mais estranhos que o normal e afastados. E na festa de formatura tudo que recebi em troca daquela noite, foi um belo soco na cara.

Ficou roxo por três dias e Dulce quem saiu chorando da festa. Essa garota era louca, me evitava e guardava ódio de mim, como iria adivinhar que ela estava zangada por tê-la tratado com indiferença?

Eu era um babaca, naquela noite havia visto que o que queria era aquela garota, queria sua presença de todas as maneiras. Finalmente havia assumido isso para mim, mas por não ter atitude a perdi. Fui embora de Monterrey com o olho roxo e palavras instaladas.

E agora tantos e tantos anos depois, Dulce reaparece de surpresa, dizendo e fazendo coisas que jamais pensei que ela faria. Mostrando seu lado divertido, atrevido e lindo. Ela estava muito mais linda do que a ultima vez que há vi quanto tínhamos apenas 17 anos. Esta mais madura, feminina, sexy. Mas uma coisa continua a mesma, o lindo sorriso que havia me esquecido do quanto me atingia há mais de dez anos.

Mas agora as coisas mudaram, não sou mais aquele cafajeste, tenho uma namorada e a amo muito. E Dulce só esta balançando essas certezas. Eu amo Belinda, não posso trair ela. O meu novo eu jamais faria isso.          E ele também jamais teria ignorado Dulce no passado. E este é o dilema, tudo que ficou entalado aquele tempo ainda esta aqui? O resto de sentimento ainda existe? Essa aproximação me deixa confuso, mas não quero me afastar. Não consigo me afastar.”

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Desculpem pelos erros de português, estou tentando encontra-los, mas estou sem tempo de editar certinho. Enfim, tá ai um capítulo do Christopher contando como se sente em relação a tudo isso. Me digam se gostaram da narração dele, ainda terá outras em outros momentos. 😚😚

Procura-se o amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora