Procura-se o amor.

Capítulo 24

- Verdade tia, acho que precisamos muito de um banho. – Essa história de banho seria ótima, poderia tirar meu azar de vez. Tinha que dar certo.

- Vocês têm razão, vou avisar a May que irão se atrasar. Andem rápido no banho em. – disse como uma mãe que era. Tia Ale sempre foi fofa comigo e se voltava contra Christopher quando não deixava brincar.

Subimos a passos largos. Pude ver de longe o grande aglomerado no Jardim e a cerimolialista em cima de um palco que até então não tinha, dando as instruções necessárias.

- Vamos tomar banho então? – perguntei assim que chegamos aos fundos da casa.

- Um de cada vez. – respondeu em tom de advertência.

- Sério? – fiz beicinho. – até imagino você no banho.

- Não começa... – subimos as escadas.

- O que tem demais? Só um banhinho não mata ninguém...

- Mata o meu relacionamento! – caminhamos pelo corredor imenso e vazio.

- Chris isso será só um favor para mim. Não vai envolver mais nada não é? Você pode dizer isso a ela.

- Não vai envolver mais nada Dulce, tem certeza disso? – ele parecia irritado.

- Claro que tenho. – sorri sem confiança. – Não é?

- É, você acha que é? – me pressionou contra a porta do banheiro. – Será que ainda não percebeu o conflito que estou enfrentando dentro de mim por conta disso?

Ele me encarava carrancudo, mas seus olhos expressavam a ternura que suas palavras não transmitiam. Nem percebi quando minha respiração ficou ofegante, mas fui inundada por palavras que me remeteram a outros pensamentos.

Ele gostava de mim? Enfrentava uma guerra consigo mesmo, por minha causa? Por mais coisas que poderiam ser envolvidas?

Só posso estar ficando maluca mesmo. Não pode ser verdade. Estamos os dois mais envolvidos do que queríamos estar?

Apesar das dúvidas e da mineira como ele havia falado, eu sentia alegria. Meu coração pulsava feliz. Meu corpo dava sinais de relaxamento, com aquela suposta confissão.

- Porque Dulce? Tantos caras por ai e você veio provocar justamente a mim que já estou em um relacionamento estável e feliz. – Aquelas palavras me feririam. Ele estava feliz não estava, porque haveria de se envolver mais?

- Porque Christopher por sua culpa eu não consigo ter um relacionamento feliz e duradouro como o seu. Você sabe como é parecer uma boba na frente um homem interessante e ele te descartar por achar você meio anormal? Não conseguir manter um relacionamento mais de dois meses por sempre meter os pés pelas mãos. Isso é tudo culpa sua. É por isso que estou atrás de você Christopher, você me deu azar. – confessei.

- Eu? – me imprensou mais na porta. – Como eu te dei azar Dulce?

- Aquela noite quando nós ficamos Christopher. É tudo culpa daquela noite. Eu era virgem cheia de expectativas e você o pegador da escola. O resultado foi esse: você recolheu toda a parte boa daquela noite, enquanto eu fiquei louca quando percebi que para você foi apenas mais uma noite e absorvi toda a energia negativa, que correspondeu ao azar. – expliquei. Meus olhos estavam marejados, era complicado lembrar aquela noite e confessar tudo isso a Christopher.

- Quem disse que foi apenas mais uma noite Dulce? Como você pode achar que eu pensava assim?

Ele parecia irritado e triste. Era isso que seus olhos revelavam. Passei os últimos doze anos da minha vida acreditando que aquela noite foi só mais uma noite para Christopher. Que não se importava com o que sentia e por isso agia com tanta indiferença. Não estava nem ai para mim e meus sentimentos, o objetivo dele era ficar com o Maximo de garotas que conseguia e se gabar para os amigos.

Tudo que acreditava era mentira?

- Com licença? Vocês irão usar o banheiro? Estou apurada... – uma senhora nos interrompeu.

- Vou tomar banho. – Christopher me empurrou com delicadeza e entrou no banheiro batendo a porta com força. Ele estava mesmo zangado.

- Acho que atrapalhei alguma coisa. – a senhora deu um sorriso amarelo.

- Atrapalhou uma conversa que deveria ter acontecido há doze anos. – sai batendo o pé.

As palavras dele não saiam de minha cabeça. O que ele queria dizer? Tinha um significado para ele? Não foi apenas uma noite?

Entrei no quarto em que iria ficar peguei uma roupa na bolsa e segui para o banheiro. Talvez um bom banho me acalmasse. A água limpando meu corpo também limparia meus pensamentos. Mas não. Continuava a pensar naquelas palavras. O que eu significava para ele? Nunca iria descobrir.

Pensei no que ocorreria se tivéssemos tido essa conversa no passado, se ele sentisse algo, se aquela noite teria outro significado. Poderíamos estar fazendo o nosso ensaio de casamento também, ou termos ido juntos para a capital. Iríamos fazer planos para o nosso casarmos? Sonharíamos em dividir a mesma cama, a ouvir as reclamações do outro e passar por momentos difíceis juntos? Iríamos ter filhos? Faríamos juras de amor?

Não acredito que estou pensando nisso.