Capítulo 9

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- Um rato! Gente, um rato. Um rato te mordeu! Que perigo eles transmitem raiva! AI meu Deus. – fingi desespero enquanto me enfiava no meio das pernas de Alfonso, dando a impressão que estava fazendo outra coisa ali.

- Dulce? O que você esta fazendo ai? – perguntou enquanto massageava a perna. – ideia maluca de me morder foi essa?

- Foi um rato que te mordeu e eu estava procurando um brinco. – Aquela posição estava estranha. Eu sou estranha.

- Senhora... – a recepcionista do restaurante veio até a mesa e só consegui pensar em uma coisa.

- Eu não estava fazendo sexo oral nele. Eu juro! – disse rápido e só pude ouvir as risadinhas abafadas dos meus companheiros de mesa. – ah o que eu to falando, não é isso não. Eu nunca fiz essas coisas... – a moça me olhava assustada. Porque sempre me atrapalho com as palavras? Tentei levantar da mesa, mas batia cabeça e tudo só parecia piorar. – Não em um restaurante. – será que da para calar a boca? Briguei comigo mesma e finalmente consegui me manter em pé.

- A senhora está bem?

- Claro que sim... Foi o drink, com certeza. – sentei na cadeira da ponta da mesa.

- Os senhores ainda não fizeram nenhum pedido. – A queridinha da recepcionista não percebeu que eu estava disfarçando. Já acham que não bato bem, fazendo essas coisas então, só vão ter certeza.

- Pedi sim, aliás, traz mais umas três pra eu agüentar esse jantar.

- Ok. – deu um sorrindo confuso. – Vou pedir para o garçom vir atende-los.

Assim que ela saiu os quatro ficaram me encarando e logo depois caíram na gargalhada.

- Tão rindo de que?

- Você precisava ver a cara do Poncho quando disse que estava fazendo sexo oral nele. – Christopher estava quase chorando de rir. Acho que em outra vida era uma palhaça. – O que estava fazendo debaixo da mesa?

- E porque mordeu minha perna?

- Er... Um brinco eu perdi um brinco. – Levei a mão a orelha.

- Você está com dois brincos. – Nunca consigo mentir, alguém já reparou isso?

- Era outro brinco, não esse, outro. – dei um sorrisinho e agradeci aos céus quando o garçom veio nos entregar o cardápio. Ficamos um tempo em silêncio e pude observar de canto de olho que a namorada de Christopher me olhava. Não basta tentar fazer o cara ficar comigo, ainda tenho que agüentar a namorada chata me encarando como uma concorrente.

- Porque não pedimos nachos? Eu adoro nachos! – disse enquanto olhava os outros pratos do cardápio. – E alguma coisa quente, afinal essa noite será caliente. – lancei um olhar sedutor para Christopher. PONTO PARA MIM. Bem percebi quando ele engoliu em seco e desviou o olhar. Hoje é o dia.

- Não estou vendo nada caliente por aqui. – A namorada tinha que comentar.

- É porque não vemos, sentimos. – retruquei e ficamos nos encarando. Logo percebi a antipatia que estava entre nós duas. Sei que agi errado, mas preciso disso, ou ficarei sozinha para sempre.

- Vamos fazer os pedidos ne? – Alfonso tentou amenizar a situação.

Fizemos os pedidos e começamos a conversar. Anahí ficou relembrando algumas coisas do passado e de nossa amizade com Christopher e é claro que ele não perdeu tempo em me alfinetar.

- Era uma época boa mesma, pelo menos a Dulce agia mais normalmente.

- A culpa de meu jeito é toda sua!

- Dele? Porque dele? Christopher disse que você piorou sozinha. – disse a namoradinha.

- É claro, eu fiquei sozinha como não iria piorar não é mesmo. – olhei para Ucker. – Mas agora tudo irá mudar. – como estava sentada na ponta e os dois homens estavam sentados perto de mim, poderia roçar meu pé nas pernas de Christopher. Ele não iria resistir a isso.

- Ai Christopher que isso! – remexeu Belinda na cadeira, será que até a minha perna ficar maior quando quero conquistar alguém com ela?

- Eu não fiz nada.

- Como não? Você tava com...

- Gente um passarinho. – interrompi o assunto deles.

- Passarinhos não voam a noite Dulce. – Esse veterinário gosta de implicar comigo.

Continuamos nossa conversa nada animadora. Belinda contou sobre o trabalho, era engenheira e os projetos que já haviam feito. Contou como conheceu Christopher e aproveitou para fazer uma mini declaração olhando mais para mim do que para ele.

Não queria fazer mal a esse casal, não mesmo. Apesar de me insultar involuntariamente, ainda sim tinha sentimentos e não seria justo faze - lá sofrer por conta disso. Que pessoa má eu sou!

Tinha que seguir o plano seria tão rápido que ele nem se daria conta. Não era uma traição, ele não havia consentido. Porque me sinto tão culpada? Ah maldita consciência.

Os pratos finalmente chegaram e comemos em silêncio. Estava com tanta fome que esqueci meu lado sexy e ataquei meu grande prato de nachos com muito molho e palmito.

Estava meio distraída, mas pelo canto de olho pude ver que Christopher estava me observando, ele olhava atentamente. Será que estava suja? Havia até parado de comer para reparar em mim. Só poderia estar suja. Além de não conseguir agarrar o cara ainda fico suja na frente dele.

- Estou suja? – perguntei pegando um guardanapo e limpando rápido a boca.

- Ah não, de jeito nenhum. – respondeu um pouco sem graça. Eu hein, esse carinha também é estranho.

Enfim chegou o momento do plano, disse que iria ao banheiro e sai da mesa, fiquei escondida em um pilar próximo ao banheiro, mas que também poderia ver a mesa.

Era hora de Anahí entrar em cena. Eles ficaram conversando sobre alguma coisa e riam também, entre risadas Anahí levantou nada sutil e simplesmente jogou a taça de vinho em cima de Christopher. Não acredito que ela tenha feito isso, era para disfarçar, ela jogou na maior cara de pau. Depois dizem que eu sou atrapalhada.

Ela disse algo para ele e então o vi se levantar, a "Bel" quis vir atrás, mas ele disse algo para ela que voltou a se sentar. Agora era hora. Tchau azar! Corri para o banheiro tentando não cair com aquele enorme salto. Entrei no banheiro masculino e me escondi em uma das cabines, logo vi alguém passar pela cabine e entrar em outra. Era ele, era agora.

- Hoje você não me escapa Uckermann. – fiz a melhor cara sexy que conseguiria e chutei a porta agarrando o homem que estava ali e só então me dei conta. – Quem é você? – Me afastei rápido.

- Não quero escapar. – o velho tentou me agarrar, mas corri para fora da cabine e para a minha surpresa Christopher estava se limpando nas pias.

- Dulce? – me olhou através do espelho e tudo que quero é entrar em um buraco agora e nunca mais sair.

- SOCORROOOO! – sai gritando tentando correr o mais longe daquele restaurante e daquelas pessoas. O velho não veio atrás de mim, mas mesmo assim continuei correndo. Ouvi a voz de Anahí me chamando enquanto corria para a porta. Vou me trancar naquele hotel e não sair nunca mais.

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