Há dois anos
Narrado pode James Schmittel
Desde o inicio dos tempos, a união de duas almas supostamente apaixonadas é nomeada de matrimônio, o que era hoje para mim, o dia do meu casamento, ou mesmo matrimônio, se preferir.
No início do dia, eu estava na sala de estar da casa dos meus pais, sentado em uma das muitas poltronas redecoradas que ficavam espalhadas pelo ambiente, com meu pai me fazendo companhia enquanto tomávamos algumas doses de uísque e escutávamos Guns 'n' Roses de música ambiente. Enquanto Lea tinha o seu dia de noiva - proporcionado por mim - junto com as suas madrinhas.
- Ela lhe ama, James, senão, não estariam juntos até hoje. Não há com o quê se preocupar, você será um ótimo pai, acredite nas palavras do seu capitão - capitão era como o meu pai gostava de ser chamado. Lembro-me dele ter se autonomeado assim quando eu tinha apenas cinco anos e estávamos indo acampar em um lago perto da casa dos meus avós. Mas era incrível a maneira que ele sabia como eu me sentia sem ao menos ter dito algo. Tínhamos uma forte ligação de pai e filho.
E eu acreditei em suas palavras, no meu pai que sempre havia despejado palavras tão sabias sobre mim e minha irmã, mesmo quando a decisão mais difícil era a escolha da cor da nossa massa de modelar. Mas hoje ele estava errado, e às 16h57min, para ser exato, eu tive a confirmação.
Eu devia ter me encaminhado para a porta da igreja, já que em poucos minutos eu faria a minha entrada pelo tapete vermelho acompanhado da minha mãe, que já me esperava por lá, para logo após ser a vez da mulher que eu pensava ser perfeita para a minha vida fazer o mesmo, mas não foi bem isso o que eu fiz. Peguei o corredor à minha esquerda e caminhei até a última sala - a sacristia - onde Lea - minha noiva - estaria se arrumando junto com as suas madrinhas para a cerimonia, ou pelo menos deveria estar.
Eu precisava entender o que era aquilo que eu estava sentindo desde cedo e como era sobre a minha relação com Lea, sobre o nosso "amor", nada mais justo do que conversar com ela e resolver aquilo de uma vez por todas, mesmo que pudesse ser fruto apenas da minha imaginação. Eu fui até lá, para que finalmente pudesse colocar o anel que eu carregava no bolso do meu paletó em seu dedo anelar esquerdo, sem nenhum peso na consciência.
Estranhei ao parar em frente à porta e percebê-la entreaberta, elas deveriam estar terminando de se arrumar e não dariam bobeira deixando uma fresta aberta.
Levantei o braço para pedir permissão de entrada, quando Valentina – melhor amiga de Lea e uma de suas madrinhas – resolve quebrar o silêncio que circulava pela sala, sua voz estava fraca e quase inaudível, diferente de como sempre a escutei, falante e elétrica. Conforme fui escutando as suas palavras, deixei meu braço que estava levantado cair, até pousar ao lado do meu corpo. Elas estavam falando de mim.
-Isso não é justo, Lea. James não merece isso e você... – Lea a interrompeu antes que pudesse completar a frase.
- Desculpa, Vale, mas você não pode entender o que se passa, eu não faria isso a menos que precisasse – sua voz estava embargada, como se tivesse chorado.
- Posso não entender, Lea, mas sei que isso o que você está fazendo está mais do que errado, não se pode brincar com os sentimentos de ninguém e James... – ela suspirou alto –... você já está indo longe demais! Fingir uma gravidez!? Sério? Achei que você fosse mais que isso.
- Eu sinto muito...
- Não, você não sente, se sentisse não estaria prestes a fazer essa burrada – a voz de Valentina agora tinha um tremor, como se sentisse raiva – aonde você aprendeu isso? Em uma das suas novelas mexicanas, em que a vilã tenta dar um golpe da barriga!? Se for, lembre-se que ela sempre se dá mal.
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Novo Remetente (Concluído)
ChickLitDivirta-se com o delicioso triângulo amoroso protagonizado por Emma Stearns, Adam Schmitel e James Schmittel. Uma troca de endereços de e-mails faz Emma, uma simples bibliotecária viciada em e-mails aproximar-se de James Schmittel, um homem misterio...