Novo Remetente (Concluído)

Capítulo 28 - "Ano novo"

"Você merece algo melhor, Emma, muito além do que você tem."

As últimas palavras pronunciadas por Genevieve após nos despedirmos pairam persistentes em meus pensamentos.

Se ela tiver razão, então... O que estou fazendo com a minha vida?

Escapo dos meus pensamentos somente no momento em que Timothy entra pela porta principal da cobertura. Vestido com uma camisa de algodão branca e um Blazer azul marinho por cima.

Após nos darmos conta de que não seria possível fazer algo em meu apartamento ou no de Pacco, alugamos uma cobertura em um prédio de luxo a poucos minutos do centro de São Francisco e Stephan, segundo ele, por estar desempregado, organizou uma festa para que todos os amigos e conhecidos que não tinham a intenção de viajar no feriado pudessem passar a virada de ano juntos. E está tudo perfeito. Além de modelo e fotógrafo, também é um bom organizador de eventos.

A decoração é bem produzida e sazonada, como os jarros de porcelana com misturas de margaridas de cores diferentes que escolhi, dividindo-se em móveis de cada cômodo. A comida, diversa, entre quitutes e pratos principais, o restaurante de Pacco ficou responsável por tudo. A bebida, uma mistura de gostos, de águas gaseificadas a uísques caríssimos. Tudo bem dividido em mesas ou na cozinha ampla, ao alcance de qualquer um.

Levanto para cumprimentar Tommy, quando o vejo sair novamente, proferindo algumas palavras, retornando, logo após, com uma mulher presa ao seu braço. Ela parece envergonhada por entrar, apesar do lugar estar quase vazio, e é claramente um pouco mais jovem que Tommy, noto, também, tão ruiva quanto. Se não soubesse que é filho único, acharia que eram irmãos.
Quando tira o seu sobretudo e se direciona ao armário, deixa à mostra seu braço coberto por tatuagens, um gibi parecido com o que o meu amigo tem tatuado em seu braço esquerdo.

Sento-me novamente para observá-los. Ele não me disse que traria alguém, mas para fazer isso já devem ter um grande nível de intimidade. A festa é bastante reservada.

Quando vejo passarem ao meu lado com taças de vinho branco e tinto, me lamento quando nego, me satisfazendo com uma água.

Pouso a mão em minha barriga ainda sem forma, sabendo que é por uma boa causa.

Penso, pelo momento, como seria se o meu bebê fosse de Tommy, como muitas vezes, em suas brincadeiras, sugeriu. Um bebê de pele clara, grandes olhos azuis e cabelos de fogo. Então concordo que, de fato, isso nunca foi uma boa ideia e que, no fundo, estou feliz por estar nessa condição.

— Emma! — Me assusto quando Timothy surge ao meu lado. — Você está tão linda!

Uso um vestido prensado branco com comprimento até os meus pés e uma faixa com pequenos bordados preso na cintura. Um decote o marca e o destaco com um colar de pedras parecido com minhas presilhas, presas ao cabelo.

— Obrigada! Você também está lindo!

O abraço, sentindo o veludo do seu blazer me aconchegar. Por um momento não quero soltá-lo.

— E quem é sua amiga? — Bato em seu ombro quando nos separamos.

— Ahn... — Ele parece sem graça em ter que apresenta-la — Emma, essa é a Connie. Connie, Emma. A melhor bibliotecária que você conhecerá! — diz apenas seu nome, sem rótulos. Sorrio.

— É um prazer, Connie — cumprimento-a — Seja bem-vinda. Estou feliz em tê-la aqui.

— Obrigada. — Sua voz é doce. Encaro seu rosto de perto, lembrando-me que a conheço. Ela é cliente antiga da biblioteca e já há vi algumas vezes por lá, a maioria sendo atendida por Timothy. Seus gostos literários são parecidos com os do meu amigo e talvez esse seja o motivo da união.