"Eu pedi ela em casamento"

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Naquela mesma noite, logo depois da saída de Victória, Jerônimo estava na cozinha esquentando um pouco de leite até que a campainha toca e ele atende:
- Silvia! O que faz aqui a essa hora? Aconteceu alguma coisa?
Ela entra de nariz em pé e com pressa:
- Não! Vim buscar Martin. Onde ele está?
- A essa hora?! Ele está dormindo.
Ela vai até a barraca e o acorda:
- Acorda filho, sua mãe chegou para te buscar. Nossa! Você falou que viajaria por duas semanas, poderia ao menos ter ligado para avisar que viria ou poderia vir amanhã! Jerô estava indignado.
- Ai, Jerônimo, não faça drama! Você deveria me agradecer por eu ter vindo busca-lo. Ela dá a mão para o filho e pede para ele buscar a mochila. Sobre a mesa, Silvia vê três copos:
- Hum... tiveram visita essa noite?!
- Sim, trouxe a minha namorada para conhecer Martin.
- E eu que achava que eu era a única louca a querer me relacionar com você.
- Eu gostaria de saber o que eu tinha na cabeça quando aceitei a me casar com você, porque você...
Martin volta com a mala.
- Aff! Vocês já estão brigando. Não deixei vocês sozinhos nem por 5 minutos! Vamos mãe!
- E o meu beijo campeão?
- Benção pai.
- Até mais, Jerônimo!
- Tchau, Silvia, e vê se me liga antes de deixar Martin dolado de fora do apartamento! Ele fala alto, ela mal ouve e bate a porta.
E mesmo com que ela não escutasse, ele continuava falando:
- Boa noite, Jerônimo! Oh, boa noite, Silvia!
No dia seguinte, bem cedo, Paula recebe um telefonema de Enrique pedindo para ela reunir os seus irmãos, pois ele precisaria falar com todos. Pediu para que se encontrassem o quanto antes no restaurante no qual eles sempre iam.
Na rádio, assim que Jerônimo chegou ele foi avisado pelo amigo que o chefão queria falar com ele:
- E ao menos você sabe o que ele queria comigo, Felipe?
- Não, ele só mandou avisar. Boa sorte, cara! Felipe bate nos ombros dele.
Jerô vai ate a sala do Castro:
- Licença, Chefão!
- Bom dia, Jerônimo! Sente-se! Bem, primeiro quero lhe dar os parabéns pelos ratings do seu programa.
- Ah, obrigado! É graças a mim e a Valéria também.
- Sim. Então, como você sabe a maior audiência vem da cidade de Água Clara e como temos uma unidade lá, o que você acha de apresentar nesse final de semana o programa desde lá?! Assim você poderia convidar alguns ouvintes para participar.
Ele coça a cabeça.
- Mas isso seria amanhã.
- Sim, daí você voltaria na segunda.
- Hum... e Valéria?
- Ela poderia administrar tudo aqui mesmo. O que a tecnologia não faz pela gente, não é verdade?!
- Sim, sim...
- Então, aceita?
- Claro! Ele fingia.
- Sabia que poderia contar com você rapaz! Pede a minha secretária para pedir as passagens.
- Ok! Jerô já se levanta. Obrigado, Castro, pela confiança.
- Que isso, rapaz! Eles dão um aperto de mão.
No restaurante, Enrique já esperava pelos filhos. A primeira a chegar foi Paula, logo em seguida Santi, eles ficaram esperando por Mariana que vinha do colégio.
- Filha, sua mãe sabe que vocês estão aqui comigo.
- Sim, papai, eu avisei a ela até porque ela ficaria preocupada por Mariana.
- Sim, ele arruma o terno, e como vão as coisas na mansão?
Mas ela não responde, pois Mariana chega.
- Diz logo o que você quer com essa reunião, daí você nem precisa fingir por muito tempo que se importa com a gente.
Santi e Paula não comentam nada:
- Senta-se, Mariana! Em primeiro lugar, eu não abandonei vocês porque continuo sendo o pai de vocês. Não vou deixar de ajudar vocês na faculdade e nem vou deixar de te pagar a escola Mariana.
Santi e Paula já se aliviam.
- Em segundo... meninos, eu sei que errei com a mãe de vocês e eu havia avisado a ela que iria morar com Tatiana.
- Finalmente sabemos o nome dela. Disse Santi.
- Filhos eu devo dizer que... Tatiana também trabalha no escritório.
- Papai, como pôde? Se surpreende Paula.
- E eu pedi ela em casamento!
- Ah, não!
- Já!
- Não acredito! Dizem os três como resposta.
- Oh, oh! Acamem-se, estamos em um lugar público. Enrique olha em torno.
- E eu quero saber se vocês poderiam ir no casamento ou na minha casa antes para conhecê-la.
- Pode ir sonhando! Diz Mariana já se levantado da mesa e Paula logo em seguida.
Enrique afrouxa a gravata.
- E você filho?
- Desculpa, pai, mas eu respeito a minha mãe. Ele se levanta, mas Enrique o segura pelo punho.
- Vamos, filho! Vai ser algo simples, é apenas no civil. Vai ser amanhã, por favor!
- Desculpa, pai! Mas nem sempre eu posso fazer as suas vontades.
Lá fora Paula, a mais velha, espera pelo irmão para irem juntos:
- E aí, você vai?
- Não, e também é justo amanhã e eu tenho que tocar com a banda.
- Amanhã! Tão rápido assim?! Ela já comia boa parte das unhas.
- Não quero estar aqui para ver isso e nem para ter que explicar para mãe.
- Vamos ter que contar de qualquer forma. Mas e aí, o que vai fazer?
- Não sei, acho que vou aceitar ir com Sebastian na casa da mãe dele em outra cidade.
- Vamos, então! Apressa Santi.
- Vamos! E você dirige!
À tarde, Victória estava no viveiro ouvindo a rádio e cuidando das flores. De costa para a entrada e com o pensamento distante, alguém chega e lhe tampa os olhos:
- Adivinhe, quem é o homem que você mais faz feliz?
- Hum... Jerônimo?!
Ele a beija ainda lhe tapando os olhos:
- O que faz por aqui? Não deveria estar apresentando o programa?
- Hum... então você fica me ouvindo? Ele vê o rádio.
- Não todos os dias, mas eu tento.
- Victória, meu chefe me dispensou hoje porque ele me chamou para ir até Água Clara a trabalho.
- E quando você volta? Ela pergunta até um pouco triste.
- Segunda mesmo! Já está pensando que vai se livrar de mim tão pronto assim?
- Não seu bobo! Adoro estar com você.
- Hum... eu pensei que amasse...
- Vou sentir a sua falta, embora seja por pouco tempo.
- Eu também, mas espero poder sobreviver sem ti. Promete que vai ficar bem.
- Só se me prometer o mesmo.
Ele a beija e ela o aperta contra o peito, depois ele a beija na testa e segura as mãos dela:
- Que Deus cuide de você por mim!
Victória o olha sair e volta a mexer nas flores, de repente, ela corta o dedo com o espinho da rosa. O espinho não chegou a cravar, mas apesar do seu tamanho lhe tirou muito sangue. Ela colocou o dedo na boca na tentativa de estancar o sangue que mal tinha razão para escorrer.

Ela ainda sabe amarOnde histórias criam vida. Descubra agora