"Ual, a tia Victória tem namorado?"

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Ainda no apartamento de Enrique e Tatiana, ela na porta e ele de pé na frente dela de surpresa. Ela retira a bolsa do braço e põe sobre a mesa sem acreditar na pergunta que ele a fez.
- Levamos dois meses para conseguir a reunião com o representante, o que foi tão importante assim para você desmarcar tudo? Você não imagina a minha cara ao encontrar o gerente Vinícius Cardoso no corredor e dizer que a reunião foi cancelada porque a advogada dele estava doente, eu não podia dizer que ela simplesmente evaporou. - Ele resmunga andando de lá pra cá.
- Evaporei... a sua filha Enrique que se você tivesse sido compreensível com ela nada disso teria acontecido.
- Ora essa, agora a culpa é da Paula!
- Enrique por Deus, eu cumpri o seu papel de pai ao tentar acalmar a sua filha. Você não percebeu como a deixou? - Ela se apoxima. - Você não se sente mal por ter dito aquilo para ela e daquela forma?
- Não me conformo com que ela esteja grávida.
- Pois está... você vai ser avô Enrique. - Os olhos dela começaram avermelhar e a se encherem de água. Sua filha pensou que ía gostar da notícia dela ser mãe... você queria o quê? Que ela não tivesse esse filho, que retirasse ele? - Ele se afasta.
- Não, mas que não fosse agora, ela acabou com a vida dela!
Ela começa a chorar mais ao olhar nos olhos de Enrique, ela passa por ele, ele a segura pelo punho, não consegue entender o que se passa com ela. Ela se solta dele e se tranca no quarto. Ele vai a frente do sofá e se senta com as duas mãos sobre a cabeça.
Na rádio, Jerônimo havia saído para buscar Martin e Valéria ficou com a supervisora que estava saindo da cabine. Vale tenta descobrir como Penélope e Jerô se conheceram.
- Hum, vai continuar observando os demais programas? - Diz Vale ao acompanhar Penélope.
- Não, vou ter que ir supervisionar outra rádio.
- Nossa, em quantas rádios está trabalhando? 
- Com essa são atualmente, essa, a ibero na qual ainda trabalho agora a distância e numa outra filial da ibero em Mato Grosso.
- Hum, e você já almoçou?
- Não, mas não estou com fome, só quero comer uma bolacha mesmo, é só dar 11 horas e fico verde de fome.
- Ah, então vamos comigo até a lanchonete, quero tomar um pouco de café pra ver se acordo.
- Então, vamos.
Na mansão, Paula chorava para a mãe na sala.
- Eu também não esperava isso dele. Cada vez mais eu desconheço Enrique.
- E comigo é o contrário mãe.
Carlota aparece na sala.
- Senhorita Paula, mas o que foi que te aconteceu? Alguma coisa com o bebê?
- Não, Carlota. Venha me ajude a levar Paula para o quarto, não fique assim filha, seu bebê pode sentir que está nervosa.
Elas levam Paula ao quarto dela, a deitam, Victória se senta ao lado dela, Carlota desce para buscar água. Quase uma hora depois Paula dorme. Victória desce e vê Sebastian entrando:
- Cadê a Paula?
- Está aqui, acabou de se deitar.
- Senhora Victória, me desculpe, mas o seu marido foi muito grosso com a Paula, se ele falasse mais alguma coisa eu não sei o que faria.
Ela segura uma mão na outra de pé na ponta da escada.
- Eu imaginei que ele reagiria mal só não pensei que fosse chegar a esse ponto, Enrique adora Paula.
- Meu pai nunca me tratou assim, senhora. Senão fosse a chefe dela para levar ela daquela sala ela teria sido mais ofendida ainda, seu marido estava fora de si.
- Tatiana? - Perguntou Victória surpresa.
- Sim, a esposa do pai dela, ela a trouxe aqui. - Ele falou com raiva e depois acalmou a voz.
- Senhora, desculpa chamar a Senhora Lopez assim.
- Oh, não se preocupe Sebastian, pois é isso que ela é, a senhora Mendonça. 
- Foi um descuido, perdão.
- Não, não se desculpe, foi minha decisão romper com Enrique e não me arrependo do que fiz. Agora, vá, vá ficar ao lado dela, vai fazer bem pra ela acordar e poder te ver.
- Está bem, com licença. - Ele sobe.
- Sebastian!
- Sim.
- Tenho que te perguntar uma coisa... Já contou aos seus pais que Paula está grávida e que vai se casar com ela?
- Ainda não, vou esperar eles virem para cá nesse final de semana e dar a notícia pessoalmente.
- Certo.
- Não vou abandonar sua filha Senhora Victória eu a escolhi para ser  minha mulher. - Victória sorri delicadamente. - E assim que falar com eles lhe aviso para combinar quando será o jantar de pedido de casamento.
- Minha filha tem muita sorte de ter um homem como você.
- Obrigado, senhora. - Ele a olha por alguns intantes e sobe.
Carlota na saída da cozinha diz para a patroa.
- Será que o Doutor Enrique vem para o jantar.
- Não sei, Carlota, e quer saber? Não me importo, se Paula quer se casar, não será eu quem irei impedir. Só espero que seja muito feliz.
O telefone toca, Victória se apróxima para atender.
-  Senhora Victória dos doces La Victória?
- Ela mesma.
- Meu nome é Raquel, trabalho aqui na padaria Empório, o seu Honório pediu para a senhora trazer o dobro dos doces de hoje porque já se foram todos. - Ela morde os lábios de felicidade e chama a amiga pra mais perto. 
- Mas é claro que sim!
- Ele também mandou avisar que amanhã acerta os de hoje.
- Excelente!
- É isso, tenha um bom dia!
- O mesmo, obrigada por ter ligado. - Ela desliga. 
- Era da padaria?
- Sim, ele quer o dobro de fatias para amanhã cedo. - Victória bate palma.
- Já venderam todos?
- Todos!
- Ai, Carlota! Isso é maravilhoso e veio no momento certo!
- O que veio no momento certo? - Perguntou Fernanda ao voltar do centro.
- Os pedidos da padaria! Foi um sucesso Fer!
- Que ótima notícia.
- Então, vamos ter que ir no mercado comprar mais trigo, fermento, cereja...
- Pode fazer a lista Carlota, podemos usar aquele dinheiro dos cavalos. E Fernanda, vou te passar as notas fiscais das compras e os valores das vendas enquanto isso, para você gerenciar os gastos.
- Por favor, não aguento ficar tanto tempo sem poder fazer nada e ver só vocês duas trabalhando. - Memé passa do corredor para a cozinha. - Não é mesmo mamãe?! - Dona Mercedez para olha pra elas e volta a seguir. Depois da discussão ela não falou mais nenhum ai. - Disse Fernanda.
- O bom é que não vou ter que ouvir mais nenhum pedido ou reclamação dessa velha! - Elas riram. - Desculpa Dona Victória e Dona Fernanda.
- Que isso, Carlota! Sabemos que mamãe não é fácil. Vamos é aproveitar! - Disse Fernanda, elas riram.
Na lanchonete...
- Aqui o açúcar! - Entregou Vale.
- Não, obrigada, não tomo café com açúcar. Agradece Penélope.
- E por quê?
- Me ajuda a me manter mais acordada e disposta.
- Hum, okay.
Valéria e ela assopram o café, Penélope abre a bolacha e coloca uma na boca.
- Você quer?
- Não, obrigada. - ela olha para Penélope e pergunta. - da onde você e o Jerônimo se conhecem? Penélope achou que ela estava até demorando com a pergunta.
- Hum, - Diz ela colocando o café sobre o pires - nos conhecemos numa loja. Na verdade, primeiro conheci Martin, ajudei ele a comprar um chinelo e depois ele me apresentou o pai dele.
- Hum, por uns intantes pensei que se conhecessem da Espanha.
- Não, não.
- E você está sozinha aqui?
- Mais ou menos. Moro sozinha, mas a minha mãe é daqui, eu sou daqui.
-  Entendi. Desculpa a pergunta, mas o que foi fazer na Espanha?  
Pene toma mais um gole de café:
- Meu pai foi pra lá quando se divorciou da minha e decidi ficar com ele quando tinha 15 anos.
- Deve ter sentido muito falta da sua mãe...
- Sim, mas ela sempre me ligava, então, ela acompanhou tudo a distância. E você, é daqui?
- Sim e moro sozinha, perdi meus pais faz alguns anos.
- Sinto muito. - Penélope olha a hora. - Ai, Valéria? infelizmente tenho que ir, tenho pouco tempo para almoçar e preparar algumas coisas para ir ver a rádio do interior.
- Oh, sem problemas. - Penélope se levanta e deixa o dinheiro da conta sobre a mesa.
- Obrigada!
- De nada! - Elas se despedem.
Próxima ao centro, Victória dirigi até o supermacado com Carlota ao lado ainda finalizando a lista.
- Não precisaremos comprar farinha porque na última semana eu comprei uma fardo no japonês.
Victória dirigiu atenta no trânsito e na conversa. Ao virar numa rua paralela ao supermercado, Victória vê Jerônimo com Martin do lado de Carlota na calçada, ela desacelera e não tira os olhos dos dois. Carlota continua falando até olhar para a patroa e vê que ela não está mais prestando atenção, ela virou o rosto e viu eles.
- Ele é o Martin?
- Sim.
- Quase maior que o pai. 
- Sim e tão lindo, mal se parece com a mãe.
- Não vai parar o carro?
- Não, é melhor que Martin não me veja, ele não vai gostar muito e vou acabar colocando pai contra filho. Vou deixar Jerônimo aproveitar um pouco de paz.
- Quando foi a última vez que se viram? Victória agora já estava na rua do supermercado.
- Em casa, no viveiro. E acho que agora vai ser praticamente impossível nos ver com Memé em casa e Martin no apartamento.
- Sua mãe não é desculpa, a casa é sua.
Victória olhou sorrindo para  amiga, ela tinha razão.
No início da tarde Enrique regressa a advocacia Mendonça, ao passar pela recepção Nanci o segue.
- Doutor Enrique! - Ela apressa o passo.
- Sim, Nanci.
- Sabe me dizer se a Doutora Lopez vai voltar ainda hoje? Porque tenho alguns papéis para ela assinar.
- Deixe os papeis que ela tem que assinar sobre a mesa dela.
- E o contrato dos japoneses?
- Me entregue.
- Vou buscá-los!
Enrique senta na cadeira, afrouxa a gravata e fica pensando na filha e na esposa. Vê motivos em Paula, mas não em Tatiana.
Naquela mesma rua, Jerônimo havia parado em frente a uma banca de jornal e devido a capa de uma revista de mulher achou um tema para o seu programa.
- Pai, por que está folheando essa revista? 
- Achei ela interessante. 
Martin leu a capa: "Cirurgias plásticas, o toque final" com uma menina bem jovem no fundo.
- Pai, as mulheres estão olhando. Por que você pegou justamente essa revista? Deixa ela aí e vamos embora.
Jerô fala com entusiamos:
- Perfeito! Jovens que ainda não tem o seu corpo formado passam por processos cirúrgicos para atingir um padrão de beleza. 
- Pai, fala baixo! - Diz Martin perto do pai. - Até o dono da banca olhava estranho.
- Já até sei quem pode me ajudar nessa matéria! Camila, lógico. 
- Pai!
- Que foi campeão?
- Aquelas mulheres estão olhando, fale baixo.
Uma loira e uma morena se apróximam.
- Por acaso você é Jerônimo Acosta? Da rádio 102.7?
- Sim!
- Eu te disse. - Afirmou a loira para a morena. - Quando você começou a falar eu reconheci sua voz, sempre fiquei muito curiosa para te conhecer.
- Aqui estou! - Ele riu.
- Você poderia tirar uma foto com a gente? - Disse a morena.
-  Mas é claro.
- Menino, você pode bater a foto no meu celular?
- Tá!
Eles se juntam e a foto é tirada. Elas se despedem falando que adoram o programa e ainda aprovam o novo tema. Jerô ao deixar a banca se vira para o filho.
- Ai Martin... você ainda tem muita coisa pra aprender sobre mulheres. - Ele bagunça o cabelo dele.
Minutos depois Jerônimo volta pra rádio.
- Vale, cadê Penélope?
- Já foi embora!
- Mas já?
- Sim, ela está trabalhando em mais duas rádios e precisava terminar algumas pendências.
- Ah, depois tenho que falar com você sobre o próximo tema.
O dia passou rápido e a noite chegou corrida. A campainha na mansão toca, Memé que passava da cozinha para a escada de caminho ouve a campainha tocar de novo, ela resmunga e vai atender.
- Penélope, minha querida! 
- Memé, como está?
- Indo, trocando o peito de peru pela manteiga, o meu leite desnatado pelo caipira, não sei se sobrevivo por muito tempo... Se queixa Memé.
- Sobrevive sim, diz Penélope ao entrar. - Onde estão todos?
- Filha! - Fernanda aparece nas escadas e Memé some.
- Com quem estava falando?
- Com a Memé...
- Ah, ela fala com você?
- Sim! - Elas se cumprimentam com um abraço.
- Venha sente-se aqui! Elas se sentam no sofá da sala.
- Me conta como foi o seu primeiro dia?
- Tranquilo até - Penélope coloca os pes sobre o sofá - conheci alguns setores, observei um programa e já me preparei para a viagem para Trê Lagoas.
- Quando vai? 
- Acho que amanhã a tarde. Me conta! Por que a vovó não tá falando com ninguém?
- Fala vovó de novo que ela aparece aqui que nem um fantasma.
- Me conta, vai!
- Ela e a sua tia brigaram esses dias.
- E por quê? O que a tia Victória fez?
- Defendeu o namorado dela.
- Namorado! - Pene se apróxima - Ual, a tia Victória tem namorado?
- Sim, faz alguns meses. 
- E ele é gato?
Fernanda olha para os lados:
- Sim e bem mais novo que ela e ele também trabalha numa rádio. 
- Ah, é?
- Sim, até tinha conversado com ela de que você e ele iriam adorar se conhecer.
- E me conta, qual é o nome dele? - Penélope já estava ansiosa.

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