Um oficial de justiça

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Era manhã, Victória já havia acordado e cuidado do seu vivero de flores. Ao voltar para dentro de casa, ela caminhou pelo corredor e vagamente entrou no quarto de Santiago. Como se buscasse reconhecer onde estava, ela juntou as partituras espalhadas pelo chão e colocou sobre o teclado. Depois entrou no quarto de Paula, retirou os livros da cama e os pôs sobre a estante. Por fim, entrou no de Mariana e só dobrou algumas peças de roupa. Ainda vagarosamente, ela entrou no escritório do ex-marido, Enrique, e foi o único lugar que não reconheceu. Olhando atentamente para cada livro, pasta e móveis ela decidiu transformar o cômodo. Não sabia se faria uma despensa ou um outro quarto, até que Carlota atrapalha as suas escolhas e diz que há um oficial de justiça na sala:
__  Bom dia, Sra. Victória! Um oficial lhe aguarda na sala. Victoria olhou interrogativa. É sobre o seu divórcio. Ela ficou imóvel:
__  Sra.?...

__  Sim, um oficial.
Victória foi até a sala:

__ Bom dia, oficial!

__   Bom dia, Senhora Mendonza! Vim lhe pedir para que assine esta declaração. Ela agia no automático.

__  Claro!

__  Muito obrigado! Tenha uma boa semana!

__  O mesmo.. Ele saiu e ela, olhando para a porta, se sentou no sofá como se parasse para refletir sobre o que acabara de fazer.
Mais tarde na rádio...
__ Valéria qual é o tema do programa de hoje? Pergunta Jerônimo.
__  Conversaremos sobre: Uma segunda chance. Vamos nos referir as mulheres que se divorciam e depois dão uma nova chance ao matrimônio, que tal?
__ Perfeito! Só espero que a pessoa na qual estou pensando ouça o programa.
__ O que você disse?
__ É...vamos começar o programa!
Ao vivo.
__  Boa tarde! Eu sou Valeria Sains!
__  E eu sou Jerônimo Acosta!
__  Hoje o tema é... 
De volta ao escritório, Victória havia retirado duas estantes e encaixotado os livros para o motorista entregar ao ex. No escritório ela colocou algumas flores na parede e na mesa, escolheu um tapete e decidiu que ali continuaria a ser um escritorio, só que dela.
Próxima à única estante que restava, ela ligou o rádio e procurou a voz de Jerônimo:
__  Outra ouvinte.
__  Oi, meu nome é Carla!
__  Pode falar Carla, estamos te ouvindo.
__  Primeiro quero dizer que adoro vocês dois e que vocês fazem um belo casal.
__  Obrigada! E sorri maliciosamente para o seu colega de trabalho.
__  Hum! hum! Obrigada, Carla, mas eu e Vale apenas trabalhamos juntos.
__  Então, sobre o tema, eu e o meu marido brigamos demais, discordamos e chegamos a ser muito impacientes um com o outro e eu não sei se eu aguento um divórcio.
Jerônimo dá um sinal a Valéria para poder responde:

__  Carla, isso ás vezes é normal na relacao, até o momento em que nunhum dos dois perde a razão, caso contrário os limites para uma relação considerada normal se desestabiliza. Quando um dos casais já não sente mais amor pelo outro não tem como forçar que está tudo bem ou que algo vai melhorar. Não tenha medo do divórcio, pense em você e depois no seu parceiro. Ninguém pode obrigar alguém a amar. Privilegie a sua felicidade, encare um outro romance talvez, procure amar e ser amada, é a vez da VICTÓRIA! Ele diz o nome dela com convicção.
Sentada na mesa do escritório, ouvindo a rádio e com a mão no queixo, Victória, já vermelha, ria.

Ela ainda sabe amarOnde histórias criam vida. Descubra agora