Insegurança

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Desde a noite anterior Enrique e Tatiana não trocaram uma palavra e também na manhã seguinte ao irem juntos para o trabalho. Tatiana queria que Enrique conhecesse mais os seus amigos, lhe fizesse companhia ao sair para poder se desestressar, dançar, se divertir. Ela não compreendia muito que ele era mais caseiro do que ela imaginava. Enrique era acostumado a ir em festas aos finais de semanas, e por chegar sempre tarde do trabalho, ele preferia sentar no sofá, ler algum livro acompanhado de um chá bem gelado, conversar com alguém, mexer no computador ou terminar algum assunto pendente. Ele detestava ir para lugares barulhentos, onde nem sequer dá para ouvir a outra pessoa falar, ter que ficar em pé a quase todo o momento, justamente o que acontecia quando saia com a esposa. 
Na mansão, após Victória lembrar Jerô do remédio e ir pelo leite de Clementina, Camila chegou. Victória estava no viveiro, largou as luvas e foi atender a amiga. Elas ficaram na sala junto com Jerô.
- Prontinho! Comprei as passagens, você parte amanhã cedo e como você já vai levar os bolos, dá tempo de você chegar no hotel se arrumar e ir para a reunião. Disse Jerô ao comprar as passagens pela internet.
- Agora sem mas, Victória!
- Estou com medo, não entendo nada de empresa, de negócios. Não sei o que dizer a eles!
- Nada, simplesmente nada. Apenas precisa enfiar o doce na boca deles! - Camila não queria que a amiga desistisse.
- E se eles me fizerem perguntas que não sei responder?!
- Diga que estamos tratando, estamos comprando, até porque o negócio está apenas no início. Nesse tipo de reunião você precisa mostrar que está apar de tudo, por mais que não esteja e que não entenda.
- Mas não estou e nem entendo, Jerônimo! Ela estava aflita. O que vou dizer para todos aqueles grandes empresários sendo que eu sou só uma simples dona de casa?
- Você é muito mais que uma dona de casa Victória! Hum... ja sei! Se sentir medo de falar com eles imagine que estão todos sentados na privada.
- Na privada?! Repetia Camila.
- E por que eu imaginaria eles bem nesse momento?!
- Porque assim você não vai se sentir menor que eles. Eles são apenas homens como nós que mijam, que...
Victória o interrompe:
- Não, não, por favor, não continue já estou até enjoada só de você falar.
- Enfim, so quero dizer q ninguém ali é melhor do q você. 
Ela entortava a boca:
- Não sei nem com que roupa ir!
- Ah, que tal aquela blusa que compramos para você sair com Jerônimo?! Você poderia usar com o blazer azul.
- Camila!!!
- Quê?
Jerô olhava lisonjeado:
- Embora você não vá se vestir para mim, eu deixo.
- Mas algum impedimento, Sra. Santisteban?
- Hum... não sei...
- Agora você só tem que escolher os doces que vai levar.  Avisou Jerô
- Sim, deixando eles na geladeira a noite inteira eles não derretem até a reunião. Tenho que avisar a Carlota!
- Mas por que todo esse entusiasmo em avisá-la? Pergunta Camila.
- Agora Carlota é minha sócia, entrou com capital e tudo.
- Agora vai ter que dar um nome para a sua mais nova empresa. MotivouJerô.
- Hum... que tal " doces a la Victória". Sugeriu a amiga.
- Hum... Não, a mim me encanta "La Victória"!

Os dois adoraram. Finalmente viram ela segura com alguma coisa.
Enquanto isso no escritório de Enrique, ele havia saído na hora do almoço e nem sequer havia comunicado a esposa, apenas deu a notícia a ela quando foi a sua sala, mas ela tinha ido entregar alguns papeis.
- Se divertiu ontem?  Perguntou ele enquanto revisava uns documentos.
- Sim, encontrei a Valéria.
- Que bom! Ah, esta tarde chega o novo sofá!
Ele falava e olhava para os papeis.
- Sofá novo, mas por quê?
- Não aguento mais aquele sofá mole, parece até que engole a gente, eu preciso de um mais duro por conta da minha coluna.
- Poderia ter me chamado na hora do almoço para escolhermos juntos.
- É apenas um sofá Tatiana, você ia perder o seu horário de almoço.
- Teríamos almoçados juntos. Ele não olhava para ela. Mas tudo bem, não importa era mesmo apenas um sofá.
- Sim, foi o que eu disse...
Ela se irritou por ele não ter consultado ela, até porque ela adorava aquele sofá que não tinha nem 2 meses. 
- Quer que eu prepare algo para o jantar ou vamos pedir?
- Como você preferir.
Ele não valorizava a atenção que ela dava a ele.
No quarto de Jerô o telefone tocou:
- Henri! 
- Olá, Jerônimo! Não quero te incomodar, mas tenho que te dizer, Martin está aqui na frente do seu apartamento.
- Como assim? Eu disse a ele que estaria na casa de Victória. Aff! Me passa para ele, por favor, Henri!
Ele passa.
- Oi.
- Por quê a sua mãe te deixou aí? Por que não disse a ela que eu estou na casa de Victória?
- Eu falei, mas ela disse que era a sua responsabilidade ter ficado comigo no fim de semana, e como ela não saiu antes, por sua culpa, ela saiu agora e me deixou aqui.
Jerô alisava a mão no rosto:
- Faz assim então, pede para o Henri te colocar num táxi e informar o endereço de Victória.
- Para aí eu não vou, nem que você venha me buscar!
- Ai, Martin! Então passe para o Henri.
- Chora, man!
- Henri quero lhe pedir um super favor!  Ele coça a bochecha. Teria como você ficar com o Martin por alguns dias?
- Claro, vai ser bom ter um amigo por perto agora que você está aí.
- Valeu, amigão! Vou ficar te devendo essa.
- Que nada Hombre!
- Bem, Não deixa ele ficar até tarde no computador e o que ele precisar e só dar a chave do apartamento que ele pega.
- Okay! Deixa comigo!
- Qualquer coisa me ligue. Passe para ele. Martin atende. Campeão você vai ficar na casa do Henri.
- Prefere ficar com ela do que comigo, ainda bem que vou ficar com o Henri, pelo menos ele se importa comigo.
- Não fale assim Martin! Martin entrega o celular para o amigo.
- Tudo bem, homem.

- Obrigado, Henri! Não sei mais o qu fazer com esse menino... fale para ele que mandei um abrao e que o amo.
Henri avisou e Martin continuou calado com a cara emburrada.
Eles desligam.
- Problemas com Martin? Pergunta Victória ao entrar e ouvir parte da conversa.
- Sim, a mãe o deixou na porta de casa.
- Então traga ele para cá.
- Sim, eu disse isso, mas ele não quer vir.
- Eu sempre sendo a causa das brigas entre vocês...
- E da minha felicidade não conta?
Ela ficou triste mesmo assim.
- Queria que fosse comigo para sampa.
- E quem disse que não vou?! Meu coração vai com você, Victória!
- E para quando comprou a volta?
- Para o fim da tarde mesmo. Não posso ficar dias sem te ver.
Ela o beija e o olha nos olhos:
- Obrigada por gostar de mim tanto assim.
No cair da noite Vict com a ajuda de Carlota fizeram seis sabores de bolo para levar. No dia seguinte, ela estava nervosa, com as mãos geladas e tremendo se despediu dos filhos e da amiga, colocou os doces no táxi e voltou para abraçar Jerô encostado na porta. Aquele abraço é o que daria força a ela nas próximas horas.

Ela ainda sabe amarOnde histórias criam vida. Descubra agora