Uma torcida inesperada

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Jerônimo era jornalista, adorava falar sobre política e causas socias, no entanto, trabalhava como radialista há seis anos numa das rádios mais respeitosas do estado de Mato Grosso do Sul, sua amiga Valéria não era apenas a sua amiga, era sua chefe e a pouco ambos haviam assumido o cargo de diretora de um programa para mulheres.  
__   Valeria, é teria como eu sair só por alguns instantes? Prometo te pagar por essa!
__   Ah, Jerônimo se eu for realmente cobrar você já me deve um mês de expediente. Mas tudo bem, só me diga uma coisa?!
__   Quê?
__   Onde você vai com tanto entusiasmo?
Ele aponta para ela quase iniciando uma resposta, mas decide não contar:

__  É... prometo não demorar! Bjs, Vale!
Alguns minutos depois, Jerônimo chega na casa de Camila:
__   Ah, não, você não! Ela quase fecha a porta na cara dele, mas ele a impede:
__   Nope, nope, Camila! Eu não vou tomar o seu tempo só quero uma coisa.
__  “Tá”, fale de uma vez... Ela murmura.
__   É... Camila, qual é o endereço da casa de Victória?
__  Você está mesmo sentindo algo por ela, neh?
__  Sim!
__  Bem, como a minha amiga não merece o marido que tem, eu vou lhe ajudar. Mas pelo menos finja que não fui eu quem lhe dei, ok?!
__  Pode deixar! Obrigado, Camila! Sabe que te vejo um ano mais nova essa manhã?!
__   Ah, não seja tão puxa saco!
Enquanto isso Victória estava em casa e foi chamada por Carlota, a sua  empregada, dizendo que o seu marido estava na sala.
__   Sra. Victória, seu Enrique está na sala e deseja falar com a Sra...

Enrique havia saído de casa há poucos dias após a discussão que eles tiveram.
__   Enrique aqui?!
Ela se dirige até a sala.
__   Olá, Enrique!
__   Oi, Victória, como esta?
__  Como você acha que eu estou?
__   Você deve estar se perguntando por que estou aqui, então vou direto ao assunto...
__   Por mim tudo bem.
__  Victória, eu não vou mais voltar para casa.
__   Você não deve estar falando sério?!
__   Você entendeu, não torne isso mais complicado.
__  É tao simples para você vir até aqui e me dizer isso não é mesmo? 
__   Calma, Victória, não é por aí.
__  É sim, Enrique. Eu dei a minha vida por essa família, eu estive com você todo esse tempo. Eu vi você crescer na sua carreira enquanto eu me preocupava se a Mariana precisava de um psicólogo, se o Santiago precisava de uma guitarra nova ou se Paula havia ou não dormido de tanto estudar.
De repente Jerônimo estaciona perto da entrada da casa de Victória, ele se dirige a porta e vê pelo vidro Victória e Enrique discutindo. A porta estava entreaberta e ele podia ouvir tudo. Ela continua:
__   Eu entreguei o meu futuro nas suas mãos, deixei de pensar em mim para pensar se o jantar estaria pronto na hora que você chegasse, se Santiago não haveria estacionado na sua vaga, se você preferia dormir amanhã até tarde, pois assim eu cuidaria para que ninguém lhe acordasse antes... Victória distancia o olhar e acaba vendo Jerônimo do lado de fora, atrás de Enrique, fazendo joinha e aplaudindo. Ela balança a cabeça e volta a tentar falar, mas Enrique a interrompe:
__   Jamais disse que você não é uma excelente mãe ou esposa, pelo contrário Victória, sempre tive muito orgulho de dizer a grande mulher que você é a todos os nossos amigos. Se eu fosse você eu reconheceria isso.
__   E se eu fosse você Enrique eu jamais me separaria de mim.
Jerônimo do outro lado do vidro só sabia comemorar e mandar beijos. Ela o olhava estranhamente, mas com um toque de agradecimento pela torcida.

Ela ainda sabe amarOnde histórias criam vida. Descubra agora