Enciumada

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Na noite anterior, Victória deu conta de todos os bolos, já que eram os mais encomendados e mais práticos de se fazer para ela. Ela estava muída, esgotada, ficou até às 3h de pé, assando, recheando, fatiando e embalando. Para ela não era tão chato porque era o que de melhor sabia fazer, mas a quantidade de bolos a deixava sem tempo para sair, dormir ou poder conversar melhor com os filhos quando regressavam, mas era um sacrifio q ela fazia para mostrar a si mesma e aos filhos de que era dona de seu próprio nariz e que não se submeteria ao pouco amor de um homem por pura comodidade.
Um pouco antes das 6:30, Santi passa pela cozinha para cumprimentar a mãe sentada na mesa:
- Bom dia, mãe! Ele beija a face dela.
- Bom dia filho! Como foi ontem à noite?
- Bem, cada vez consigo mais shows nos bares do centro.
Ele coloca a mochila sobre a cadeira, abre e pega a carteira:
- Para você.
- Imagina!
- Mãe, é para você comprar mais ingredientes para os doces e para ajudar nas contas.
- Santi, os doces estão dando lucro e estão pagando pelos ingredientes, além do mais agora eu tenho o dinheiro dos cavalos.
- E quanto conseguiu com o Stuart e a Julieta?
- R$ 200 mil.
- Então estamos salvos?!
- Sim, sim - diz ela rindo - vai dar para pagar as contas atrasadas e as desse mês. O dinheiro que sobrar aplico na empresa.
- Que bom ouvir a Sra. falando assim, sabia que de alguma forma ia sair a diante sem ceder ao papai.
- Obrigada, filho. Sei que nada disso seria possível sem a sua ajuda e a de Mariana. Quem sabe com as coisas melhorando nós compramos um carro novo para você?! Foi lindo o seu gesto de vender o seu carro para nos ajudar.
- Que isso mãe! Eu faria isso de novo sem pensar. E n verdade, já estou de olho numa moto, com mais uns três shows eu acho que compro.
- Maravilha! Então já guarda esse dinheiro para dar de entrada.
- Tem certeza que não vai precisar? Ele estica a mão com o dinheiro, ela fecha a mão dele e da uns tapinhas.
- Seu apoio incondicional me é o suficiente.
- Ele dá outro beijo na face dela.
- Também te amo.
Ele fecha a mochila e sai rápido.
- Não vai tomar café?
- Não, tenho que chegar cedo hoje, tenho uma reunião com a galera.
- Vá com o meu carro, não vou usar ele por agora.
- Blz! Mas de qualquer jeito vou ter que sair agora, é bom que passo para pegar uma amiga.
- Amiga?...
- Sim apenas amiga.
Assim que Santi saiu, Victória se levantou com a xícara e foi até a pia. Enquanto lavava a xícara uma rosa surgiu bem a sua frente, ela se vira e Jerônimo a beija encostada na pia.
- Ai, Victória... - Ele não tira o olho dela.- E como está ou melhor, como dormiu? Ela ainda ficava sem jeito diante dele.
- Mal, se é que em algum momento cheguei a dormir. E você?
- Mal também. 
- Por quê? Ela cheirava a rosa.
- Porque me faltava você.
Ela sorri docemente, ele se vira de costas e vê todos os doces do outro lado da mesa.
- Você fez tudo isso sozinha?
- Uma parte sim, Carlota antes de ir embora havia feito todos os recheios.
- Deve estar sendo difícil ter que fazer tantos de um dia para o outro e quase sozinha, mas já verá que depois que aquele Dr. Dominguez ligar e lhe disser que a contrata você vai ter um monte de funcionários.
Ela admirava ele abrindo os braços para ao demonstrar o tanto de funcionários, ele falava aquilo com mais certeza e entusiasmo do que ela.
- E imagine só a dona Mercedes mandando em toda essa mulherada!
- É pensando bem, mamãe com aquele gênio ninguém ia ficar enrolando. Eles riam. Espero que ela me ajude mesmo quando vier para cá.
- E quando ela vai vir?
- Não sei, ela e a Fer ainda têm que vender a casa e se desfazer de alguns móveis que terão que vender porque não cabem aqui.
- Hum, já te disse da novidade?
- Qual novidade?  Ela enruga a testa.
- Contratei uma empregada!
-  Quando?
- Domingo ela havia passado lá em casa, foi indicação do Herbiz.
- ... E como ela é?
- Muito bonita! Ela é alta, tem um cabelo loiro e uns olhos claros que nem o seu.
- Ela é tão jovem assim?
- Não, não muito, mas da conta da limpeza.
- E você gostou dela? Diz Victória se afastando, fingindo não se importar tanto.
- Sim, ela é encantadora! Tenho certeza que vai gostar dela tanto quanto eu. Ele adorava ver ela enciumada.
- E ela está indo todos os dias?
- Não, porque também não sou tão rico. Só a contratei mesmo porque mal paro em casa e Martin é alérgico a poeira.
- Hum... Ela não o encara.
- Cê acredita que até almoço ela fez para mim! Ela deixa de mexer nos doces para as caixas e olha para ele.
- Nossa, ela realmente gostou de você?!
Ele ria por dentro:
- Hum, não sei, acho que eu estava muito exigente com ela, não deve ter gostado muito de mim. Ele olha para a cara dela de insegurança, leva a mão até o rosto dela e a beija com força, ela sente as pernas bambas, ele percebe e a segura bem junto a ele. Victória sente seu corpo esquentar, seu coração acelerar, mal consegue se controlar e o beija com o resto de força que a presença dele deixou nela.
- Hum ! humn! hum!
Victória e Jerô ficam imóveis ao verem Mariana logo à frente.
- Não queria atrapalhar só queria dizer a minha mãe que vou dormir na casa da Lisa.
- E por quê? Pergunta Victória, ainda sem se virar, não queria mostrar a filha o rosto todo vermelho e manchado de batom.
-  Porque ela vai me ajudar em física, cada dia eu entendo menos porque eu tenho que estudar isso.
- Mas você passa aqui à tarde? Ela se vira.
- Sim, para deixar as caixas e o dinheiro dos doces, daí amanhã venho cedo para pegar eles.
-Está bem. Beijo, filhota!
- Beijo mãe! Ela sai com a caixa de doces.
- Tenha um bom dia! Grita Jerô.
Ela responde alto do corredor:
- Bom dia, Jerônimo!
Victória tapa o rosto com as duas mãos.
- Ei, ei, ei, não fizemos nada de mal. Diz ele tirando a mão dela do rosto.
- Eu sei, só não queria que ela nos pegasse assim.
- Ela nem se importou. Ela decide olhar para ele.
- O que vai fazer hoje à noite?
- Nada, se eu conseguir arrumar casa agora de amanhã e preparar os doces à tarde.
- Então eu a convido a passar - Ele diz ao pé da orelha dela. - essa noite comigo.
- Você sabe que...
- Que vai ter que voltar bem antes que a Cinderela. Diz ele pausadamente e reclamando.
- Isso mesmo!
- Mal vejo a hora de que aceite ser minha esposa. Não vou passar uma noite sem você. As palavras dele descrevia os desejos dela, mas ela não foi capaz de comentar ou acrescentar. Sei que sente o mesmo Victória, por mais que não se sinta capaz de me dar uma resposta.
- Sim, você sabe que sim.
- Então, me deixa te amar essa noite, quero sentir seu rosto sobre o meu peito, sua ternura, seu corpo e seu coração se entregando a mim com tanto amor.
- Também quero me recostar sobre seu peito, me agarrar a ele e te sentir apenas meu, nós dois sendo apenas um só... Te amo, Jerônimo.
Ele mantem a mão sobre o rosto dela, ela se aproxima da boca dele e eles ficam se olhando nos olhos.
Minutos após a saída de Jerônimo, Paula sai para a facul.

Na faculdade:
- Meu amor! Ela encontra seu namorado Sebastian.
- Você não imagina a proposta que recebi!
- Realmente não tenho ideia. Diz ele após lhe dar um beijo. Ela coloca os braços ao redor do pescoço dele.
-Meu pai me convidou para estagiar no escritório dele!!
- Meus parabéns!! E como vai fazer com a facul?
- Eu so vou trabalhar a tarde e de início não seráo todos os dias, só tem um probleminha que está mais par algo desgradável.
- O que é?
- Vou trabalhar para Tatiana.
- A amante do seu pai?!
- Esposa! Ela será a minha chefe.
O telefone dela toca:
- Senhorita, Paula Mendonça?
- Sim.
- Aqui é da clínica onde a Sra. realizou alguns exames ontem.
- Ah, sim. Sebatian ouve a ligacao.
- Eu estou ligando para avisar que os seus exames estão prontos, basta comparece ao balcão com o cartão do convênio e retirar.
- Okay, então, muito obrigada.
- A clínica agradece e tenha um bom dia.

 - Você está bem? Pergunta Sebastian.
- Sim, minha mãe quem me obrigou a fazer uns exames de rotina.
- Bem, se você quiser eu acompanho você até o hospital assim que eu sair da aula.
- Ah, não, obrigada meu amor, eu não vou buscar hoje porque tenho muito que estudar, talvez no final da semana eu vá.
- Okay!
Umas 14h, naquele mesmo dia, Paula entra na clínica.
- Oi, boa tarde!
- Boa tarde! Diz a recepcionista.
- Eu vim apenas buscar os meus exames. Ela entrega o cartão.
- Ah, espere um instante.
- A mulher folheia um monte de envelopes enquanto isso Paula nervosa fica olhando para os lados.
- Paula Mendonça?
- Sim!
- Ah, então é esse mesmo.
Ela pega o envelope, se despede da moça, quase tropeça de caminho para o estacionamento. Ela pega a chave, entra no carro, coloca a bolsa no banco do passageiro e abre os papeis, na segunda folha, em segundos ela lê: "Positivo”.

Ela ainda sabe amarOnde histórias criam vida. Descubra agora