Com as visitas mais frequentes de Naldo ao sítio, Pedro andava de orelha em pé, mas segurava a língua para não se estranhar com Lucas. Haviam feito um "pacto" de respeito mútuo e selado com um abraço demorado após a última conversa. Só que o mais velho não ficava confortável em ver o jovem sendo observado pelo filho do funcionário cada vez que passava por sua casa.
— Oie Naldo! Tá morando aqui?
— Não Lucas. Férias. Por isso que estou vindo mais seguido passar com o pai. Sabe como é... depois que a mãe e ele separaram, ficou aquela bagunça lá.
Lucas pendurava umas camisas suas que havia lavado, fez um: "aham" e acabou não percebendo que o rapaz tinha cegado tão perto por trás e com o calcanhar pisou-lhe os dedos expostos pelo chinelo de tiras.
— Uia, é magrelo, mas pesa, heim. — Naldo se abaixou pra esfregar os dedos, rindo para disfarçar a dor.
— Quem mandou chegar tão perto!
As respostas secas do jovem afastavam muitos caras interessantes e que na maioria das vezes não lhe interessavam, mas com Naldo, ele resolveu pedir desculpas.
Dois meses depois... em março no dia vinte e seis, Lucas completou seus dezessete e todo feliz chegou em casa vestindo uma camiseta preta que ganhara de aniversário dos colegas.
— Viu como eu sou querido? Só tu que é ruim comigo.
— Ah vem aqui seu nojento. — Pedro deu um apertão no rapaz e beijou demoradamente seu rosto. A pele de Lucas era macia, muito clara e a barba não crescia, então foi muito fácil notar o rubor escuro quando o mais velho lhe soltou. Não houve comentário, mas um olhar misterioso de ambas as partes. O jovem sentiu o coração batendo com força e achou que Pedro deveria estar escutando e Pedro sustentou o olhar completamente confuso.
— Pedro... Pedro... — Uma voz feminina enfraquecida sobressaltou os dois e eles correram na direção do quarto de dona Sandra. — Me ajuda, filho, a minha cabeça tá... rachando...
Lucas percebeu antes do mais velho que dona Sandra estava tendo algo mais grave e ligou para o bombeiro mesmo, pois foi o número mais rápido que lembrou. Dona Sandra foi pré atendida, encaminhada para o hospital e Pedro seguiu de carro com o rapaz, que avisou algumas pessoas que ela havia passado mal.
— Calma, Pedro. — Lucas quis acalmar o motorista que perseguia a ambulância em alta velocidade. O rapaz preferiu guardar pra si algo que os bombeiros comentaram enquanto preparava a bolsa da mulher.
"Ela sufocou com o vômito... calma, segura assim... a pressão caiu?"
"É... nada bom".
Seu silêncio permitia que a última frase martelasse com força e ainda assim teve força, naquela pouca idade para segurar a mão de Pedro e foi nessa hora, quando chegavam ao hospital que ele desabou e abraçou seu "irmão", um pouco filho e amigo.
— Lucas, ela vai...
— Nada! Não vai, fica forte, Pedro. — Naquele momento ele foi o suporte do Pedro que chorou o que conteve por alguns anos e não conseguiu entrar na recepção do Pronto Atendimento para fazer o registro de sua mãe, tendo que o menor lhe auxiliar.
— Moço, tem que ser maior de idade.
— Moça esse documento aqui é daquele cara, é filho da mulher que entrou ali...
Pedro teve que se acalmar e tirar Lucas do balcão ou ele ia acabar socando o atendente. Acabou o procedimento e ficou de prontidão para obter as primeiras notícias. E por sorte chegaram alguns parentes, primos e tios que em primeiro momento estiveram presentes, mas com o passar de dias naquela função de ir e vir, só Mariana, Bruno e ele que puderam se revezar na função de acompanhantes.
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...