Te pedi perdão...

6.3K 630 503
                                    


Com seu Werner descobrindo a respeito da relação do neto com o patrão, esperava-se que algo de terrível acontecesse. Agressão, uma parada cardíaca, choro convulsivo ou alguma ameaça. Mas ele não fizera nada disso, apenas baixou a cabeça, se retirou e com isso o clima ficou pesado. Pedro tinha receio que seu Werner tentasse lhe prejudicar pelo fato de Lucas ainda estar com dezessete anos. Mesmo tenso, o final de semana passou e a preocupação fez Pedro ir até a casa do velho funcionário.

— Opa, Preta... Cadê o alemão ruim?

— Tá roçando aquele mato lá perto de onde arrebentaram a cerca, ele disse que tem que consertar, até me deixou uma nota aqui pra você comprar o arame.

— Tá tudo tranquilo com ele?

— Não muito. Ele me contou. Eu tenho gente na família que é desse jeito que vocês são, daí falei pro Werner não ficar contando por aí, porque tem muita gente com maldade... Ele tá um pouco mais calmo, mas queria matar vocês dois.

— Ele que tente.

— Calmo, rapaz. Eu falei que ele estava com raiva, hoje tá bem mais calmo. Eu disse pra ele que o Lucas sempre foi. E antes que fique fazendo safadeza por aí, pelo menos achou uma pessoa decente.

— A senhora falou isso? — Pedro estava completamente incrédulo, pois nunca gostara da Preta, esposa do seu Werner. Hoje ela lhe dizia que fora capaz de amenizar uma situação que tirou o sono de Pedro por duas noites.

— Falei mesmo! E se ele ficar me perturbando que quer ir embora porque tem vergonha que alguém saiba, ele que vá sozinho. Nessa idade, onde que vão dar emprego e moradia que nem tu dá pra gente?

— Ah...Obrigado Preta. Obrigado mesmo. Será que ele me escuta?

— Deixa passar mais uns dias, espera só ele ficar mais acostumado. O Lucas a gente sabia, mas tu... ficou meio estranho. Deixa ele te procurar.

Pedro achou estranho foi a reação de Preta, muito tranquila em sua opinião, uma vez que não confiava em quase ninguém naquela altura do campeonato.


— Lucas, eu tava pensando caso sobrar uns pedaços de terra, eu vender e investir em construção.

— Fazer prédio?

— Investir em terrenos urbanos e construir casas germinadas, prédios baixos. Olha, não é a curto prazo, mas se eu ficar com o sítio mesmo vou pensar na ideia.

— Tá achando que pode perder isso?

— Eu faço qualquer coisa pra me livrar de mais problemas. Quando acontecer a audiência eu faço questão de ir. Quero conversar com as duas.

— O Max não disse que são gente vingativa? Se gravar o seu rosto e depois quiser fazer coisa contigo?

— O pai as enganou e nós, então eu acho que estamos no mesmo barco. Pelo que soube, elas querem pensão corrigida e o valor que ele subtraiu do sogro, nem sei. Mas não estão erradas.

— Tu desistiu de ir cobrar explicação dele, né?

— Se for ou não for, não muda muito pra mim. Aposto que chegando lá, ele vai se fazer de louco e não vai me contar muita coisa.

— O que o Bruno queria então?

— Acho que desabafar, tá pesando tanta coisa errada que fez. O pai e ele acordaram de passar os bens no nome do Bruno, o esperto sabe que o pai tá velho e aceitou, diz ele, que ficou desconfiado de alguma coisa errada e foi atrás de investigar. 

Te carreguei no colo...Onde histórias criam vida. Descubra agora