O inverno chegou naquele ano e parecia ainda mais frio devido à tristeza que pairava no ambiente.
A geada era algo que distraia o olhar enquanto Pedro tomava chimarrão com Lucas, seu companheirinho que pulava cedo da cama para fazer café para os dois.
Pedro sentia dor pela saudade e por alguns ressentimentos. Lembrava-se das duras palavras com as quais, seus pais lhe acusaram ainda na infância, de ser culpado pelo acidente que levou Márcia embora pra sempre. E por anos ele acreditou e aceitou essa culpa.
Lucas também se fechou bastante, pois percebia que Pedro estava a ponto de ter um colapso nervoso. E mais uma vez, o jovem sentiu a necessidade de amadurecer outro tanto. Apenas abraçava o mais velho com carinho, sem cobrança, se achando importante demais quando conseguia fazer Pedro se acalmar.
E naqueles dois meses, não houvera a menção do capital parado de sua mãe. Algo que ele estranhou por se tratar de Bruno.
Mal sonhava ele, o quanto o irmão estava cheio do sentimento amargo do arrependimento e sua esposa Lorena então lhe deu a primeira cutucada.
— Sim, aquele prédio da tua mãe vai ficar só pro Pedro? No mínimo ele ficou com ela só porque tava de olho no capital. Quantas vezes tu pediu pra ajudar e ele não quis? Até eu me ofereci, lembra?
— Não enche minha paciência, a mãe morreu esses dias. Queria ver se fosse a tua...
— Faz quase sessenta dias que ela morreu.
— Lorena, deixa o Pedro quieto, pelo amor de Deus. Olha o que o cara já passou.
— Porque quis, a gente se ofereceu...
— Ah cala a boca! No final que tu ficou me infernizando ele. Ninguém tá passando fome aqui pra ir perturbar o Pedro agora.
— Da parte das crianças eu não abro mão.
— Mas meu Deus, pare. Deixa a Chica morrer, quero fazer isso contigo. Sabe que devo pro pai, né.
— Tá! Mas olha quanto que vale aquela fazenda?
Bruno estava farto disso, errou muito com o irmão e o mínimo que podia fazer em nome da amizade que já tiveram, era deixa-lo em paz. Pedro certamente lhe procuraria quando fosse tomar alguma decisão, porque dos dois, era a pessoa confiável.
Lorena fora uma pessoa de origem humilde e há muito que Bruno não mais enxergava a moreninha bonita, simples e acanhada, mas uma mulher prepotente que o cobrava e comparava com outras pessoas mais influentes com as quais se relacionavam naqueles anos.
Se Bruno sossegara, em termos, seu João começou a cutucar o filho mais novo quando foi visitá-lo na fazenda com a esposa, uns trinta anos mais moça que ele.
— Mas já pensou, guri... Vem um temporãozinho por aí. A Rita não quis saber o sexo da criança, mas tomara que seja piá. Mulher é só pra se sujeitar depois.
— Como assim, pai? Só se a mulher quiser né! O senhor é muito machista, hoje mulher não aceita esse tipo de coisa.
— Falar em mulher... Já passou da hora de tu se ajeitar e me arrumar uns netos pra passear lá onde moro.
— Nem tudo é como o senhor quer. Se for pra ter mulher só pra ajeitar a casa, eu pago uma empregada.
— Mas tá louco, piá. Parece que não gosta da fruta.
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...