Setenta dias se passaram desde que Bruno jogou sua merda no ventilador.
Ele disse com todas as letras que traía o próprio irmão com sua namorada na ocasião em que a mãe deles encontrava-se doente. Pedro passou algumas noites pensando onde havia falhado em sua existência. Com certeza tinha algo que ele não sabia ou devia ser filho adotivo, naqueles exemplos em que esse recebe menos amor. Ou a família não gostava dele e queria puni-lo pelo acidente com Márcia.
Passava horas nas madrugadas, com Lucas adormecido em seus braços, a pensar que negligenciou Celina em favor de cuidar de sua mãe, então houve uma lacuna... sim, foi depois de umas semanas que pararam de ser ver que veio a "novidade". Estava com medo de confiar demais em qualquer pessoa e não queria transmitir isso ao Lucas, porque o rapaz sabia até mesmo o segredo do cofre que Pedro tinha em casa.
Sobre o namoro, era algo leve, doce, quente e romântico. Lucas dormia com ele desde que voltara da viagem que fez em julho a casa de sua mãe Amanda. Durante o dia, eram Pedro e Lucas como todos conheciam, o próprio rapaz percebia e aceitava a necessidade da discrição com aquele relacionamento.
Ficou combinado que não iam se expor, mas caso houvesse algo a ser dito, diriam com certeza. Pedro nunca deixou de ser reflexivo com sua aceitação e estava se munindo de toda a força e argumentação que precisasse para defender isso. Apenas se aceitou e não ia abrir mão do amor e companhia de Lucas. Precisava, mas acima de tudo amava-o.
Quanto a intimidade, ambos estavam maduros para o sexo, só que o mais jovem ainda tinha medo de ser penetrado e Pedro não via necessidade dessa "agressão" se Lucas não se sentia pronto. Nunca houve menos intensidade por isso. Satisfaziam-se com carícias cada dia mais ousadas, beijos, provocações e sexo oral que só melhorava.
Num dia que amanhece com céu limpo, galo cantando alto e som dos caminhões que saiam cedo para a cooperativa, Pedro acordou atrasado, pois havia dormido apenas duas horas naquela noite. Sonhara com Márcia, as circunstâncias de sua morte e sua incapacidade de ajudar a menina. Chorou muito, como há tempo não chorava. Depois se acalmou quando notou o quanto seu Lucas era espaçoso naquela cama, isso causava-lhe risos. Dois meses de namoro e dois meses que precisou adaptar-se a um espaço trinta centímetros que lhe sobrava, porque o jovem grudava nele e empurrava, se remexia, roncava, sem querer batia e chutava o pobre grande homem.
Lucas o auxiliava no pequeno escritório, onde o mais velho recebia fornecedores, credores, funcionários e profissionais que o atendiam com o gado. As coisas ainda não estavam todas resolvidas porque haviam impostos parcelados, débitos no contas a receber sem previsão de serem quitados e as coisas corriqueiras necessárias, o estresse moderado do dia a dia que ocupavam aquelas cabeças. Pouco a pouco, eles deixaram as memórias ruins foras das conversas e dos pensamentos.
E foi nesse dia que chegou na fazenda junto com Bruno, um advogado e grande amigo de Pedro que tinha o mesmo nome que ele, mas era tradado por Max, de Maximiliano seu segundo nome.
— Rapaz do céu, tava sumido. — Pedro aperta com vontade a mão do amigo, encara Bruno e os convida a sentarem-se. — Já imagino o que é...
— É... quase isso. Opa, esse é o Luquinha? Tá um homem, espichou heim?
— Ah oi! — Lucas cumprimentou somente o advogado e foi para a porta. —Pedro, eu vou ficar lá em casa pra vocês conversarem.
— Fica Lucas. Sabe que isso me poupa tempo...
— Não né, capaz de sobrar pra mim e não quero saber. — Lucas saiu o mais depressa que pode porque não conseguia olhar na cara de Bruno sem pensar em avançar.
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...