Depois de sair do sítio de Pedro, seu João pegou a BR 282 e acelerava o quanto podia, parecendo indiferente aos perigos e riscos de acidente na estrada sinuosa. Viajou por quase duas horas sem paradas, ignorando os protestos de Rita.
— João, pelo amor de Deus vá mais devagar, tu tá com a tua filha no carro.
— Ah cala a boca, Rita. Vai me ensinar a dirigir.
— Mas tenho medo desse trecho, já deu tanto acidente... calma filha... o papai não tá brigando. João, para o carro e deixa eu acalmar a Fabi.
— Se eu parar essa merda, surro as duas...
*
— Bah, onde será que o pai foi, Pedro? Vim de carona com ele e minhas roupas estão no carro. Ele saiu daqui tão nervoso que pode fazer besteira.
— Não posso fazer nada, Bruno. Nem tu. O pai tá no juízo mais perfeito que tem. Se fizer merda é de ruim que é.
— Oi, desculpa. Tu que é a Jacira, eu sou o Bruno. — Pedro e o irmão adentraram em casa e Jacira levantou para cumprimentar o meio irmão. Diferente da forma amistosa que recebeu Pedro em sua casa, há poucos anos atrás, não sorriu para Bruno e nem mesmo disse que estava feliz por conhece-lo. — Teu filho?
Genuíno já tinha ido para casa e aconselhou a esposa a não se desgastar mais com aquilo.
— Sim, muito prazer, sou Paulo. Gente, alguém me explica que loucura foi essa, que tô em choque!
Lucas sentou perto de Jacira e Paulinho, começou a contar o que sabia, pequenos detalhes de uma conversa extensa, enquanto Bruno e Pedro saíram para caminhar e conversar. Tudo que precisava fora dito. Eram apenas assuntos sobre sobrinhos, primos e alguns detalhes com relação ao patrimônio que dona Sandra recebeu na separação. Pedro tinha a empreiteira e com isso terminaria a obra do prédio, depois conforme acordo no papel, preto no branco, ficaria com um apartamento a mais.
Parecia que a tarde seria menos tensa do que foi a manhã. Jacira voltou para casa e chegando lá, Genu a recebeu sorrindo, ele era um tipo que nunca ficava de mau humor e essa alegria contagiava toda a família.
— Que vidão! Eu aqui esfregando o bombril na panela pra não apanhar da mulher e a mulher passeando.
— Ai Genu, achei que ia ficar triste e mais decepcionada com aquele homem, mas não sinto mais nada. Nossa. O que leva uma pessoa a fazer isso?
— Não liga. Nunca precisou dele. Esse véio de bosta. Eu fico brabo contigo se te pegar chorando pelos cantos.
— Contigo, eu nem sinto vontade de chorar, haha.
— Claro, sou gostoso! — Genuíno tinha 1,65 de altura, pançudinho, usava um bigode, cabelo crespo baixo e pele queimada de sol. Nunca foi um cara bonitinho, era simpático, sorridente, um tipo honesto e trabalhador.
Jacira não conseguia ficar séria perto dele. Final de tarde, fez janta e Paulinho chegou com Lucas.
— Não fico naquela casa com o Bruno. Ou Pedro manda ele embora ou eu vou.
— Ai menino, não faça esse tipo de coisa. — Paulinho apelou. — Se eu fosse tu, grudava ainda mais no bofe. Né pai?
— É... mais eu preferia grudar na tua mãe.
— Não consigo ficar perto dele que me dá vontade de arrancar os olhos do Bruno. Ai, eu tô passando raiva.
— Lucas, não fique se corroendo. — Pedro apareceu na porta. — Ele tá tentando ligar pro pai dele pra vir buscar.
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...