— Lucas para de agir como criança, você tem dezessete anos.
— Já deu pra ver que tu nem presta a atenção no que fala. Tá me chamando de piá e quer que eu não haja como um piá.
— Você é menor de idade e eu já tenho trinta e um. Pensa em como isso pode ser um problema... Você é menor! — Pedro falou pausadamente a última frase.
— Jura? Tem um montão de vezes que sou mais cabeça que tu.
— Tudo isso só pra me perturbar com esse absurdo do namoro?
— Absurdo? Azar é teu se não quer.
— Espera um pouco só. Calma, entendeu? Quem olha pra eu e tu sabe muito bem que somos como irmãos, que minha família cuidou de ti, podem achar que acontecia algum tipo de abuso... Quer se achar tão maduro, tenta olhar por esse ângulo.
— Tá, me leva embora e não me abraça mais, ouviu?
— Não funciona assim.
— Não... Eu sei tá. Mas porque que me beijou?
— Ah Lucas... — Em vez de uma resposta, o mais velho passou a mão nos cabelos, todo irritado.
Aquele clima tenso perdurou por dias porque Pedro precisou se manter firme, quando sentia a necessidade básica de ser carinhoso como sempre fora com o Lucas. Como os abraços estavam "proibidos", o mais velho ficava longe e aborrecido, lembrava e muito, um cachorro pidão com seus olhos castanhos que magoado encarava Lucas.
Mesmo que a natureza de Lucas o impelia ao tripúdio, ele optou por ignorar o mais velho para que não ficasse com aspecto de provocação. Pedro era macho taurino, maduro e obviamente, o sangue fervia quando Lucas o olhava com desinteresse. Fosse pela falta de uma namorada ou mesmo falta de sexo por sexo, ele andava nos "cascos" e soltando os cachorros em algumas pessoas, como a Preta, esposa do avô de Lucas:
— O Werner disse que a fazenda tá quebrada. Vai sobrar dinheiro pra me pagar a faxina da semana?
— Alguma vez eu atrasei? Seu Werner que me apareça na frente hoje.
E com Bruno no telefone:
— Quer saber se a mãe anda boa? Vem aqui e olha. — Pá!!! Não desligou delicadamente o aparelho.
E com seu Werner, quando o pegou comentando com o caseiro que estava preocupado que o salário podia não sair, pelos boatos que o velho espalhou:
— Depois de velho, deu pra inventar mentira e fazer fofoca. Já atrasei aqueles meses lá "atrás", mas o pessoal não tá em dia?
— É mas o teu pai disse que se um dia ele largasse isso daqui, ia falir tudo.
— Vai lá e trabalha pra ele então!
E com o pessoal de uma das cooperativas que compravam o leite:
— Todo mês tenho que ligar pra cobrar e deixo vocês depositarem sem juros, agora a nota de devolução, tão me cobrando os juros porque? Quem tá nervoso? Tô só falando!
E com a Celina que espalhou a fofoca de que Pedro brochava quando namorou com ela.
— O que foi, Celina? O macho não dá conta que tem que me cutucar? Vai a merda vai!
Lucas estando ao lado do homem ao telefone arregalou os olhos e ficou assim até que Pedro desligasse.
— Tá gritando com todo mundo porque?
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...