— Pedro, ai me desculpa, peguei no sono. — Jacira levantou o rosto amassado e ajeitou o longo cabelo escuro onde os grisalhos disputavam a atenção dos olhares. — Acho que é um pouco de ansiedade com isso tudo.
— Não precisa se desculpar. Mas sobe e descanse, nem se acanhe. Vou preparar um café e um mate. Toma chimarrão?
— Já tomei, mas não tenho por costume. Posso acompanhar vocês?
— Claro. — Lucas que respondeu enquanto acendia os gravetos que iniciariam o fogo no fogão a lenha. — Jacira... ai por favor, diz que vai ficar. Eu fiquei triste quando o Paulinho foi embora, senti falta dele. Ele vai ficar, né?
— Ele vai, mas eu ainda preciso resolver meu lado. Gosto de tudo certinho. Me encostei por problemas de coluna. Minha patroa que me ajudou a dar entrada, então tenho que conversar com ela. Mas fico contente que gostou do meu menino, ele é bonzinho.
— É bonzinho, mas...
— Lucas! Dá uma "carrera" no teu vô e pede se... ele... pede um quilo de erva emprestado. — Pedro deu aquela cortada em Lucas já antevendo que ia falar besteira.
— Tem erva.
— Tem, mas quero a moída grossa. Sim eu sei que tem, mas pede lá. — Quando Lucas estava longe ele riu e comentou com a irmã. — Meu guri é meio franco demais. Então não se ofenda, por favor.
Jacira deu risada e comentou que Paulinho o adorou, também contou sobre as respostas secas e diretas que seu filho disse que recebera. No fim, ela elogiou o rapaz, pois nos dias atuais raramente as pessoas tem essa coragem de falar exatamente o que pensam.
Depois do café, Jacira tomou um banho e desceu para acompanhar o irmão até a casa nova que ficava há cinquenta metros da casa de Pedro. Estava muito escuro para ver na noite anterior quando chegara e agora podia olhar com calma. Simples e pequena, foi o que Pedro afirmara. No entanto era uma bonita casa de madeira nova, tinha poucas peças e essas eram espaçosas. Toda de assoalho envernizado, forro de madeira e duas peças feitas de material, que eram o banheiro e uma lavação grande. Só faltava pintar, mas as tintas estavam compradas e colocadas num canto da casa, aguardando a primeira oportunidade de colorir o ambiente.
Jacira abraçou Pedro de repente e chorou, chorou muito. Talvez pega pelas lembranças de seu passado difícil com sua mãe, devido a negligência paterna. Não queria sair de dentro daquela casa, passou a fazer planos, levou o marido para compartilhar da alegria, Paulinho já queria comprar uns móveis e ficar na casa, disse que até sem pintura ela ficaria bonita e gostaram da cor da madeira.
— Dá pra gente trocar a tinta por verniz, essa madeira é plainada e bem lixada, tem gente que aplica verniz escuro e fica bem bonito, estilo colonial. Mas tem verniz claro também. — Pedro sugeriu.
— A gente compra quando se mudar, Pedro. Não fique gastando comigo.
— Deixa de bobeira, Jacira. Meu coração tá mandando. Se fossem há uns anos atrás, eu não poderia fazer isso. Enfim, isso aqui era do pai e ele doou uns bens pra eu e o Bruno e só tu que não ganhou. Graças a Deus que me ajeitei financeiramente e posso te ajudar a ter um começo. Aquele dinheirinho deixa guardado. Esquece que tem ele.
Era lindo de ver o olhar castanho dela, perdido na residência nova. Fora todos os dias "cheirar" a casa vazia durante o tempo que ficou hospedada na casa de Pedro. Esperou chegar o verniz escuro e quis por toda a lei, aplicar na casa. Fizeram mutirão e Mariana, Rodrigo, seu Werner, Aldo e a esposa se ofereceram para ajudar.
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...