Pedro ainda levava tudo na conta, mesmo sentindo algum alívio na parte financeira.
Os bens que recebera como doação de seu pai eram alguns alqueires de terra e junto com isso dois CNPJ. Uma empresa produtora de leite e uma serraria com beneficiadora de madeira de eucalipto. A serraria era o que menos dava prejuízo, pois as perdas eram apenas materiais. Perder animais sempre fora um problema para Pedro e os fatores que vinham diminuindo a produção do leite, o influenciaram a desistir desse tipo de negócio.
Foi na viagem para o litoral, que ele teve tempo para pensar e amadurecer suas ideias e os novos passos que daria ao retornar para sua pequena fazenda.
Pedro não se esqueceu do quanto se lascou juntando dinheiro para pagar o ITBI sobre todos os bens "recebidos" e foi surpreendido quando tirou uma nova matrícula da propriedade na prefeitura. O loteamento que já fora incorporado a fazenda, muito antes de Pedro poder dar continuidade aos projetos de saneamento básico, levar água e energia elétrica, descobriu que tinha sido desmembrado anteriormente por seu João. Um rolo muito bem feito.
Quando voltou de viagem com Lucas, pagou o que tinha de impostos atrasados, negociou o rebanho e alguns bens que deixaria de usar. Chamou o irmão para saber o que iam fazer com relação ao prédio que dona Sandra tinha deixado.
Bruno não queria decidir nada por hora, reclamou que seu João começou a cutuca-lo logo que ele voltou do Mato Grosso, pois estava preocupado que não fosse reaver o que possuía. Nessa questão Pedro não quis se envolver e nem soube qual o resultado daquilo na ocasião. Seu irmão e cunhada estavam se acertando e pretendiam mudar de ares e cidade. Era Chapecó, uma cidade maior e muito urbana que o casal andava "namorando". Aproveitariam o recesso escolar de inverno dos filhos para providenciar os trâmites necessários para a mudança.
Era metade de março e Pedro lidava com um jovem extasiado no ensino superior.
— Pedrooo... ai imagina só, logo que eu me formar em Letras quero fazer Direito. Na aula de latim eu estou aprendendo tantos termos jurídicos. Sabia que tenho um colega que é advogado?
— Não sabia não, Lucas. Não quer mais ser professor? — Pedro sabia de uma coisa: Lucas faria falta em seu pequeno escritório. — Pode dar aula meio período só e meio trabalha aqui. Ganha um pouco mais.
— É. — Lucas ainda tinha na ideia que professor era A Profissão. — Pedro, o Paulinho da Jacira vem mesmo no inverno?
— Ah vem sim. Ele disse que nunca saiu de Cuiabá e não conhece frio. Vamos levar ele pra conhecer a serra, ver neve, geada aqui no pasto.
— Tá, só que eu vou junto. — Lucas ficou vermelho indicando ciúme.
— Amor do Pedro. Eu falei: "vamos". Bicho ciumento. E a moça tatuada?
— A Cecília? Aiiii Pedro ela é muito fofa. A gente conversa pelo MSN todo dia.
— Onde isso?
— Aqui no escritório. Você não põe internet ali em casa...
— Nem vou por. Se ficar grudado nesse computador não consegue estudar e nem me dar atenção.
Lucas ficou emburrado, claro. Fazer birras que comoviam Pedro era sua especialidade, porém o mais velho ignorava um tanto para conscientizar o jovem que ele precisava amadurecer. Ainda pela manhã, tudo ficou bem entre eles, ambos acertaram o ritmo de trabalho e até o almoço falaram apenas sobre assuntos referentes aos negócios que estavam resolvendo.
— Grande Rodrigo! — O namorado de Mariana voltara a ficar mais presente na fazenda junto com a prima de Pedro. Isso se deu após Bruno ter se afastado. — Tem novidades boas?
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Te carreguei no colo...
RomanceFinalizado! Romance ambientado no Meio Oeste Catarinense. Afeição pode se transformar em afinidade. A afinidade pode se tornar uma paixão. Romance adulto. Contém descrição de cenas de sexo entre homens. LGBT. Se você estiver lendo esta história em...