Esposa do Imperador

Reencontro: Quando o Passado e o Presente Se Entrelaçam.

Enquanto eu observava distraída a vitrine de uma loja, perdida em pensamentos, o som suave de meu nome sendo chamado ecoou no ar, instantaneamente reconhecível como a voz de Jess, minha melhor amiga. Meu coração deu um salto de alegria ao me virar e encontrar seu rosto familiar entre a multidão, e antes mesmo que ela pudesse se aproximar, meus passos já a levavam em sua direção, envolvendo-a em um abraço caloroso que pareceu selar nosso vínculo inquebrável, como se o tempo não tivesse passado entre nós.

Ana Odry: 

Jess, que saudade! Onde você estava todo esse tempo? 

Minhas mãos encontraram o caminho até o seu rosto, deslizando suavemente enquanto buscavam conforto em seus olhos. Era como se através do contato físico pudesse transmitir toda a gratidão e alegria que sentia por revê-la após tanto tempo.

Jess Michel:

 Ana, se acalme. Conseguimos fugir com algumas pessoas e estávamos em uma cidade próxima daqui. Quando soubemos que a situação estava mais tranquila por aqui, decidimos voltar. Estávamos te procurando. 

Senti suas mãos pousarem suavemente em meus ombros, transmitindo um gesto de apoio e tranquilidade, como se quisessem acalmar a tempestade de emoções que tomava conta de mim naquele momento. Era reconfortante sentir sua presença ali, oferecendo seu apoio silencioso em meio ao caos que havia dominado minha mente

Ana Odry: 

Estávamos? Estávamos quem?

Olhei para ela confusa. Quem mais estaria me procurando além dela? Minha família inteira estava morta. Ao pronunciar aquelas palavras, ouvi meu nome sendo chamado novamente. Virei-me e reconheci a voz, não podia ser outra pessoa senão ele. 

David? Você sobreviveu. 

Seus lábios já estavam sobre os meus quando percebi, deixando-me atônita com sua atitude. David, meu ex-noivo, que me traiu com nossa madrinha de casamento. Empurrei-o e afastei-me. 

Não, eu já te disse que acabou. Nunca mais me beije.

Limpo meus lábios, fitando-o com uma mistura de incredulidade, irritação e confusão. As emoções tumultuavam dentro de mim, como um turbilhão de sentimentos prestes a explodir.

David Loham: 

Me desculpe, não consegui me conter ao te ver viva. Quando fugimos, te procurei e não te encontrei. Pensei que estivesse morta e entrei em desespero. Mas eu tinha que fugir. Senti tanto a sua falta. 

Seus olhos eram janelas para sua alma, transmitindo uma sinceridade que era impossível ignorar, e sua voz carregava uma emoção genuína que tocava profundamente meu coração. Passado algum tempo, nos encontramos em um café, e ali desabafei tudo o que havia vivido durante aquele período turbulento. Eles ouviram atentamente, compartilhando minha dor e tristeza ao saber da perda irreparável de meus pais e irmãos. Era difícil reviver aquelas lembranças, mas senti um alívio em poder compartilhar meu fardo com eles. Após a conversa, convidei-os para morarem comigo em minha casa, onde poderíamos nos apoiar mutuamente e encontrar algum consolo na companhia um do outro.

Ana Odry:

Bom, é aqui que moro, e é aqui que vocês dois vão morar. Escolham seus quartos e fiquem à vontade. Vou preparar um lanche para nós, e, por favor, se precisarem de alguma coisa, falem comigo. Meio que sou uma chefe por aqui, e as pessoas me respeitam muito. 

Logo eles estavam se instalando, e passamos aquela noite inteira conversando e rindo, relembrando os dias antes da invasão, como se quiséssemos resgatar um pouco da inocência perdida. Uma semana se passou, e tudo continuava em harmonia. Jess compartilhava seu dom da dança, David ensinava música às crianças, e eu coordenava os afazeres do dia a dia. Era uma tranquilidade que há tempos não experimentávamos. Não havia guerra, não havia tristeza, apenas a promessa de dias melhores. Contudo, o destino, com sua ironia implacável, já traçava outros rumos para nós, preparando-nos para enfrentar desafios que sequer imaginávamos. Mal sabíamos que o véu da paz logo seria rasgado, e teríamos que nos unir mais do que nunca para sobreviver aos tempos difíceis que se avizinhavam.