O céu acima de suas cabeças era um manto de escuridão. Uma negritude sem estrelas, ofuscadas pelo brilho das luzes da Cidade que Nunca Dorme.
Choe fitava a multidão que se aglomerava na Times Square. Pessoas seguiam apressadas pelas ruas nova-iorquinas, desviando o melhor que podiam da garota lunática parada no meio da rua que encarava o céu com um ar melancólico.
A morena fechou os olhos assim que sentiu a primeira gota de chuva cair em seu nariz. Fria contra o calor da sua pele. Ela deslizou pela curva do seu rosto, encontrando seu caminho pela bochecha da garota, como uma lágrima. Como se o universo chorasse pelo coração remendado dela. Uma sensação familiar invadiu seu corpo. Memória de uma pequena menina de vestido rodado a z u l como o da Alice no Pais das Maravilhas, e botas amarelas saltitando em poças d'água, apesar dos protestos da mãe, gargalhando para a chuva que acariciava sua face de bochechas proeminentes.
Depois da primeira gota se seguiram outras. A seu redor homens e mulheres corriam, ainda mais afobados do que antes, para se proteger da chuva. Ela ficou. Deixou que a água encharcasse suas roupas. Lavasse a sua alma. Sentindo as gotas geladas da chuva baterem contra sua pele.
Ao longe, uma música tocava provavelmente de algum dos enormes tabloides a seu redor. Choe logo a reconheceu: Style da Taylor Swift.
Aquela música lhe recordava seus momentos com sua mais nova desilusão amorosa: Connor. Sempre que ouvia Style a garota tinha vontade de chorar, pois a melodia trazia recordações que desejava esquecer. Mas, naquela noite, ela queria dançar.
Esquadrinhando o local, reparou no rapaz a sua esquerda, que como ela, não fugira da chuva. Ele tinha quase o mesmo ar desolado da garota, parecendo perdido em seus próprios pensamentos. Uma careta de dor se contorcia em seus olhos semicerrados pela chuva. Soltando o ar dos pulmões Choe foi de encontro a ele
Ele era alto, e vestia preto dos pés a cabeça, dando destaque a sua pele alva e a seus olhos cinzentos contra o cabelo cor de mel. O olhar confuso, enquanto observava à morena se aproximar.
-Me dá a honra dessa dança?- ela perguntou em um tom cortês, como se estivessem em um baile, e não no meio da rua.
Colin, não sabendo como reagir àquela situação estranha, apenas assentiu.
Ela pegou as mãos dele, tão grandes comparadas as suas, colocando-as em sua cintura. Em seguida, deslizou os braços pelos ombros do garoto. Eles começaram a se mover no ritmo da música. Sentindo-a reverberar pelos seus ossos.
Havia algo entre eles. Algo especial. Como uma conexão. Não sabiam o que, assim como o vento, só sabiam que existia. Sentiam isso em seus corações, em cada batida.
A música cessou, e a bolha na qual os dois estiveram imersos, mantendo-os alheios as gotas da chuva, presos no olhar um do outro, estourou. Eles trocaram olhares. Então sorriram.
Dois meses depois
Era uma noite fria em Nova York. Choe se aninhara ao peito de Colin, e assistiram a um filme qualquer que estava passando na televisão.
-Não acredito que você simplesmente me convidou para dançar no meio da chuva- falou, mais para si do que para Choe.
A garota apenas deu de ombros, dizendo que também não sabia.
-Eu apenas tive vontade de dançar, então eu vi você e te convidei.
-Maluca- balançou a cabeça, sorrindo com certa incredulidade.
-Por você - a morena deu uma piscadela- meu amor.
-Depois da Mary, eu pensava que nunca iria encontrar alguém, que me completasse da mesma forma que ela. - Colin a encarou- Então você veio. Fez-me acreditar novamente. Consertou-me. Iluminou meu mundo, como ninguém havia feito antes. Com um simples pedido, você me amou.
Aquelas palavras aqueceram seu coração. Só percebeu que estava chorando quando o polegar de Colin limpou a pequena lágrima que caíra de seus olhos.
Ela sorriu em meio às lágrimas.
-Eu te amo, Colin Bennet.
-Eu também- ele disse com um sorriso doce desenho em seus lábios finos.
Então, o garoto se inclinou, levando os lábios nos dela. Sentindo a sensação que sempre invadia seu corpo sempre que se beijavam. Não importasse quantas vezes os seus lábios se tocassem, sempre sentiria as borboletas em seu estômago, o coração acelerado contra o peito. Pelo visto, aqueles sintomas colaterais de amar nunca saíam de moda.
AZUL!
É só isso que tenho a declarar. Obrigada. E tenham um bom dia
xoxo
Mel
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[CONTOS] histórias engarrafadas
Short StoryUma série qualquer de contos independentes, que assim como o título diz são garrafas lançadas em um oceano feito de tantas outras histórias a serem descobertas no Wattpad. Histórias que esperam serem encontradas e feitas das palavras de um coração e...