Aquarius Café

Capítulo Nove- Os Apaixonados Vovô e Vovó

Uma coisa era bem perceptível: eles eram apaixonados um pelo outro. Era pegacão vinte e quatro horas por dia e isso era verdade, pode perguntar para qualquer um que trabalha ou visita o café.

Seu Humberto era caminhoneiro e Dona Pietra uma enfermeira, ambos aposentados. Um casal que pelo que eu via, era classe média, com uma grande família e aparentemente feliz. Uma meta que eu acho que nem todos alcançariam.

Diversas vezes o encontrei se pegando no carro anos noventa de seu Humberto, e sem papás na língua eles assumiam uma vida sexualmente ativa para dar como exemplo para os mais jovens – ou como Dona Pietra costuma dizer, imaturos e insensatos.

Suas perguntas se resumiam à três regularmente: "Cadê Esse Fogo?", "O Sexo Virtual Ainda É Popular?" ou no pior das hipoteses que não era exatamente uma pergunta, mas ao me ver uma ordem; "Vão Trepar!" Ambos praguejávam de desgosto. Como pode perceber meu caro leitor, sim, eles valorizam muito à prática sexual.

Muitos baristas do café não aguentavam o jeito insensível e indiscreto deles, e os empurravam para eu o atende-los. E como de costume – deles – eu era bombardeado de perguntas sobre se eu ainda era virgem, ou se eu tinha o costume de transar toda semana, e o pior, se eu conhecia todas as posições da famigerada Kamasutra. Mas essa não era a pior parte, a pior de todas, era quando eles se usavam como exemplo, narrando sua vida romântica, sexual, e pessoal todinha. Pois é, T-O-D-I-N-H-A! Horrível, não?

Se você acha que não, experimenta ouvir dois senhores de oitenta e poucos anos narrando uma das possíveis milhares de transas que tiveram na semana passada, com direito até a palavras totalmente explícitas que eu não pretendo repetir aqui.

Mas saindo desse assunto, eu os admiro na parte da cumplicidade, é difícil conhecer um casal que estão firme e forte desde os vinte anos, principalmente um casal que até hoje mantei uma "chama ardente" viva.

Para este casal, eu só tenho à dizer:
Parabéns