8. Relaciomentos precisam de amor. Você me ama?

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POV Mike.

- Amoree, eu voltei. - cheguei cantarolando no quarto, fechando a porta.
- Legal. Passa minhas batatas pra cá. - ele resmungou enrolado em minha coberta rosa do Batman só com os olhos de fora, parecendo um burrito. Me sentei na cama e estendi o prato pra ele, que foi para pegar, mas eu recolhi a mão de volta. - Mike!
- Na na ni na não, eu quero algo em troca. - dei um sorriso inocente e Tony revirou os olhos pra mim, bufando e tirando o cobertor de cima de si. Estressadinho.
- Desembucha, Fuentes. - falou num tom que dizia "para de brincadeira com minha cara antes que eu te bata".
Pensei nas opções de benefícios que eu poderia ter chantageando ele, até que uma ideia cruzou minha cabeça.
- Eu quero um beijo. - sorri descaradamente malicioso.
- Okay. - ele foi lentamente até mim, em direção em minha boca e meu coração começou a bater no ritmo da Black Parade. Mas aí ele virou o rosto de repente e beijou minha bochecha.
Não disfarcei minha cara de merda ao ser trolado e ele começou a rir de mim.
- Eu tô com fome, me dá logo isso. - puxou a prato da minha mão e se sentou, começando a comê-las. Me arrumei melhor na cama e me cobri, estendendo a mão pra pegar uma batata. - Tira a mão. - me deu um tapa.
- Nossa, para de ser maldoso! - reclamei.
-

Ora, ninguém mandou você desperdiçar sua oportunidade de me chantagear com um beijo. Você podia ter pedido batatas. - deu de ombros.
Encarei aquele ser com mais apreciação do que deveria.
- Como uma criatura tão fofa como você pode ser tão maligno com alguém tão bom como eu?
- Porque 1) eu não sou fofo, 2) você não é bonzinho e só faz o que eu mando porque me ama e 3) para de me perturbar e vai colocar Os Sem Floresta pra gente assistir.
Eu quase disse que o número 2 estava correto, mas fiquei quieto e obedeci ele, como sempre. Ser apaixonado pelo Tony não é algo muito fácil, porque ele meio que me escraviza e como eu sou trouxa, sempre cedo às vontades dele. Eu sofro isso há 3 anos, desde que tinha 13 anos e descobri que ver Tony sem camisa e o abraçar ele na hora de dormir causava sensações fortes demais em mim e daí em diante, não importava com quantas garotas eu namorasse, era Tony que permanecia em minha mente e fazia meu coração bater forte. Era ele quem eu deseja por completo, embora fosse errado.
Eu vivo o completo clichê de ser apaixonado pelo melhor amigo e ter medo de se declarar e acabar destruindo nossa amizade. Que merda.
- Feliz, Sr. Mandão? - pergunto apagando a luz e voltando a me deitar debaixo das cobertas.
- Uhum. Vai ganhar até outro beijinho. - ele sorri pra mim.
- Sério? - pergunto estupidamente animado.
- Não. - fecho a cara e ele ri. - Mas te dou uma batatinha. Fecha os olhos.
- Pra que? - o olhei desconfiado.
- Fecha a porra dos olhos. - bufei e obedeci. Quase infartei quando senti a respiração de Tony se mesclando com a minha, a pontinha de seu nariz em minha bochecha e seus lábios macios colados ao meu por alguns segundos. - Pronto, não precisa implorar por beijos meus. Bobão. - soprou em meu ouvido e um arrepio desceu pela minha espinha. Abri os olhos e Tony já não olhava mais pra mim, parecia estar concentrado no filme. Suas bochechas estavam coradas.
Soltei o ar devagar, tentando acalmar meu coração babaca. Não é a primeira vez que eu e Tony nos beijamos, assim, não beijos, apenas selinhos. Isso acontece muito em festas onde bebemos além da conta. E isso me mata. O desejo de querer mais sempre acaba comigo, porque é algo que eu não posso ter.
Minha boca ainda formiga, me lembrando o quão idiota e sujo eu sou por sentir essas coisas por meu melhor amigo. Mas não é hora de ter uma seção de auto-piedade, vou guardar isso pra quanto estiver sozinho.
Estendi minha mão e roubei silenciosamente algumas batatas, já que Tony parecia concentrado na tartaruga do filme falando algo que eu não fazia a menor ideia do que era. Logo Turtle me estendeu o prato vazio e eu o pus no criado-mudo que ficava do meu lado. Me deitei corretamente e Tony se deitou em meu peito, passei meu braço por sua cintura e enterrei meu nariz em seus cabelos, sentindo o perfume deles. Ele se aconchegou melhor em mim e eu comecei a acariciar lentamente suas costas, me sentindo quente e feliz.
- Você já superou o término de seu namoro com a Clary? - perguntei, tentando confirmar minha teoria dele estar mais manhoso e carente que o normal por conta disto.
- Mais ou menos. Sabe, eu até gostava dela. Mas não posso dizer que perdi o amor da minha vida. - respondeu, ainda prestando atenção no desenho.
- Por que terminaram?
- Ela disse que não gostava mais de mim e que estava apaixonada pela melhor amiga. Eu fiquei meio triste, mas passou rápido. Pelo menos ela foi sincera e foi atrás de quem ela gostava realmente. - deu de ombros. Woah, que facada hein. Ela era uma víbora irritante que ficava puxando Tony para todos os lados a manhã toda, mas é mais corajosa que eu. Vergonhoso.
- E elas estão juntas agora? - pergunto.
- Sim e são lindas. Dá pra ver o carinho com que elas se olham. - ele disse sorrindo.

Ficamos em silêncio, envoltos numa bolha de carinho e risadas. Droga, o som da risada de Tony era uma música para mim. Seu corpo junto ao meu me deixa tão bem, e não há palavras que possam descrever isso.
Eu devia falar logo... Meu plano sempre foi fazer isso quando bêbado, porém acho errado. E se eu o beijasse e ele correspondesse pelo álcool e no outro dia nem se lembrasse o que eu disse?

Para de ser um bundão, era o que minha consciência gritava. Até uma garotinha mimada é mais corajosa pra se declarar que você, seu cuzão. Minha consciência me deixava com vontade de rir e sair do meu próprio corpo pra me bater. Cala a boca, respondi.

Meu Deus, como eu sou retardado.

- Turtle, e se nós fôssemos um casal? - comecei com minhas perguntas sem nexo. Vamos achar uma brechinha e aí, talvez, eu fale de uma vez isso que está entalado na minha garganta e no meu coração há três anos.
- Nós somos praticamente um casal. Dormimos juntos, eu te faço de escravo, tomamos banho juntos, você cozinha pra mim, damos bitoquinhas. - começamos a rir. - Seu peito vibra quando você ri e seu coração tá acelerado. Que adorável. - ele faz uma cara fofinha e eu arregalo os olhos, sabendo que ele tá ouvindo a The Black Parade que tá rolando no meu coração. - Ok. Mas por que a pergunta?
- Ah, sei lá. Tava planejamento oficializar nosso bromance. - digo como quem não quer nada.
- Sério? - ele parece interessado e se vira pra mim, o cotovelo apoiado no meu peito e o rosto apoiado na mão. Sua sombrancelha estava erguida e um sorriso quase malicioso brotou em seus lábios.
- Yeah. - eu sopro, retribuindo o sorriso. Minha mão vai para sua bochecha, acariciando a pele quente e macia. Fito seus olhos escuros e brilhantes, lindos.
- Relacionamentos precisam de amor. Você me ama? - ele sussura bem baixinho, tímido e corando.
- M-muito. - eu malditamente gaguejo. Oh, porra. Pronto, falei.
Tony dá um sorriso tão brilhante e isso quase me cega. Seus olhos parecem estrelas. Suas bochechas atigem um tom forte de rosa nunca visto antes por mim.
- Relacionamentos também precisam de beijos.- seu rosto está tão próximo...

Tento raciocinar o que ele disse, mas seus lábios contra os meus me tiram o fôlego e me deixam tonto. Meu corpo inteiro formiga e as malditas mariposas pre-históricas saltitam em meu estômago, revirando de uma forma maravilhosa. Eu pareço uma garotinha beijando pela primeira vez, mas não dá pra evitar.
Retribuo o beijo e nossos lábios se pressionam ansiosamente um contra os outros. Lambo seu lábio inferior pedindo passagem com a língua e ele cede, me permitindo explorar sua boca úmida e quente. Sinto um solavanco no meu baixo-ventre e enterro meus dedos tatuados em seus cabelos, o puxando mais para mim. Nós beijamos até o perder o fôlego e eu mordo seu lábio inferior, o puxando para dentro da minha boca e fazendo Tony praticamente gemer. Ele ama mordidas.
Quando nos separamos por completo corados e ofegantes eu percebo o que acabamos de fazer e noto que Turtle tá praticamente no meu colo. O olho, sem palavras.
- Beijão hein. - eu começo a rir como idiota e ele me acompanha.
- Eu que o diga. Praticamente arrancou meus lábios. - ele passa a língua por eles e eu os noto vermelhos. Fui que fiz isso, yeah! - A quanto tempo queria isso?
- Há três anos. - respondo e ele me olha incrédulo. - Eu tô falando sério. Me segurar não foi nada fácil.
- Eu já desconfiava. - Tony faz cara de Sherlock Holmes.
- Mas, você me ama também ou...? - pergunto baixo, com medo da resposta.
- Claro, seu idiota! Acha que ia ficar distribuindo beijos de graça? - sou acertado por uma tapão na nuca. - Embuste!
- Nossa! Já começou a me agredir e me xingar?! - faço bico.
- Aw, desculpa babacão. - Turtle acaricia meu tórax e sela seus lábios com o meu. O puxo pela nuca e o beijo novamente, adorando a sensação de finalmente ter sua boca contra a minha. O beijo é mais lento e carinhoso que o primeiro, suas mãos estão em meus ombros e nós sorrimos entre ele.
- Você vai ter um infarto. - Tony ri.
- E você se transformar num tomate. - sorrio e beijo sua testa, o fazendo fechar os olhos.
Turtle se ajeita em meu peito novamente e nós terminamos de ver o filme entre risos e beijos.

PERRENTES FINALLY IS REAL, BITCHES!

N/a: eu odeio o wattpad, ele bugou esse cap 29488383 vzs antes de eu conseguir postar, af.

Broken Pieces • KellicOnde histórias criam vida. Descubra agora