Homicídio

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Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: 'Não matarás', e 'quem matar estará sujeito a julgamento'. Mas eu digo a vocês que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: 'Racá', será levado ao tribunal. E qualquer que disser: 'Louco!', corre o risco de ir para o fogo do inferno. "Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta. "Entre em acordo depressa com seu adversário que pretende levá-lo ao tribunal. Faça isso enquanto ainda estiver com ele a caminho, pois, caso contrário, ele poderá entregá-lo ao juiz, e o juiz ao guarda, e você poderá ser jogado na prisão. Eu garanto que você não sairá de lá enquanto não pagar o último centavo.
Mateus 5:21‭-‬26

Eu acho muito interessante observar a profundidade do cristianismo. Nossa era, a plenitude dos tempos, o advento de Cristo, trouxe mais luz e entendimento à Lei. Enquanto a Lei condenava a ação, Jesus condena a motivação que leva ao ato.

Na época da Lei, o homem que matava deveria morrer sem perdão; salvo, se o assassinato se desse de forma acidental, não premeditada e nem motivada por alguma disputa:

Disse também o Senhor a Moisés: "Diga aos israelitas: Quando vocês atravessarem o Jordão e entrarem em Canaã, escolham algumas cidades para serem suas cidades de refúgio, para onde poderá fugir quem tiver matado alguém sem intenção.
Números 35:9‭-‬11

Hoje o homicida que se arrepender, confessar e se converter a Cristo por meio da fé no sacrifício de Jesus é perdoado por Deus e será salvo - isso no campo espiritual. No âmbito físico, ele responderá à sociedade e às leis da mesma. Se Deus o quiser livrar, tudo bem, se não, ele sofrerá as consequências de seu pecado.

Mas na Lei, Deus também trata da motivação, observemos Números 35, a partir do versículo 9. Deus estabelece as cidades refúgio, equivalentes aos presídios de hoje, para servir de abrigo até o julgamento e, caso condenado, como detenção.

No julgamento se analisava de que forma se deu o assassinato e a sua motivação. Se não houvesse intenção e nem fosse motivado pelo ódio, a vida seria poupada, mas a pessoa ficava detida nessa cidade até a morte do sumo-sacerdote, o juiz do caso. Se a pessoa saísse antes do tempo, poderia ser morto pelo vingador da vítima.

A intenção ou motivação poderia ser ódio, hostilidade, briga ou se utilizar de algum objeto contra alguém, sabendo que o tal poderia matar.

O julgamento deveria contar com o depoimento de duas ou mais testemunhas e não haveria resgate pela vida do assassino - este deveria ser executado. E Deus explica o porquê:

Não profanem a terra onde vocês estão. O derramamento de sangue profana a terra, e só se pode fazer propiciação em favor da terra em que se derramou sangue, mediante o sangue do assassino que o derramou. Não contaminem a terra onde vocês vivem e onde eu habito, pois eu, o Senhor , habito entre os israelitas".
Números 35:33‭-‬34

Como Jesus disse, anteriormente, ele não veio abolir a Lei, mas cumpri-la. E ele vai além: Ele veio nos explicar mais detalhadamente a Lei. Veio nos ajudar a cumpri-la, ou, pelo menos, nos ajudar a identificar a origem do pecado. Ele veio nos alertar quanto às nossas motivações, para que prestemos atenção ao nosso interior, não permitindo que sentimentos maus se alojem e se tornem em atos pecaminosos condenados pela Lei.

Jesus nos orienta a olharmos para dentro de nós mesmos. Ele mostra que muitas vezes não pecamos exteriormente, talvez por medo das consequências da lei, mas carregamos o pecado dentro de nós, em nossos corações, apodrecendo-nos lentamente e sem percebermos.

Jesus não quer apenas atos e ações santas, mas corações e sentimentos santos.

Eis os passos que levam ao homicídio:

1) a ira. Aquele que se irar sem motivo contra seu irmão será julgado.

2) a ofensa. Quando a ira é expressa em palavras ofensivas, visando maldizer, difamar e ofender o próximo.

3) o desprezo. Um sentimento tão profundo que trata a pessoa como se já não existisse mais. Como se estivesse morta.

Desse momento em diante, você se tornou um homicida. Quer seja fisicamente, caso o ato seja praticado. Quer seja espiritual e emocionalmente através da anulação de sentimentos bons e amorosos.

Desta forma, percebemos que o homicídio físico ou o espiritual são igualmente pecado: condenável diante de Deus.

A mensagem da Igreja é de salvação. Não de condenação. Uma mensagem de arrependimento.

Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. Mateus 4:17

O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho. Marcos 1:15

Então, para que não sejamos condenados pelo Senhor, Jesus nos aconselha a nos reconciliar com a pessoa que nos deixou irados. Perceba que Jesus aqui não quer saber se sua raiva é justa ou não, ou se você está certo ou errado; ou se a tal pessoa pediu ou não perdão. A iniciativa tem que ser nossa.

Outro detalhe a se observar é que Jesus está falando da ira que foi expressa contra alguém gerando uma ofensa. Quando falamos motivados pela raiva, normalmente, magoamos o outro, falamos coisas que não devíamos. Então, nesse caso, devemos sair do nosso lugar e nos reconciliar.

Se nos irarmos e conseguirmos nos conter, então, devemos nos acertar apenas com o Senhor. A questão fica entre nós e Deus. A ira é algo que sempre nos atingirá, mas devemos aprender a lidar com ela.

"Quando vocês ficarem irados, não pequem". Apazigúem a sua ira antes que o sol se ponha
Efésios 4:26

Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a vingança; eu retribuirei", diz o Senhor.
Romanos 12:19

Jesus veio refinar a Lei. O homicídio é pecado, fato que todos conheciam muito bem; mas a ira que leva ao homicídio, também é.

Sedes santos, como o Senhor é santo.

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