Ainne estava com os olhos arregalados. Nunca conseguia entender como sua mãe sabia tanta coisa, até mesmo do povo do Norte que era inacessível aos humanos.
— Como você sabe disso mamãe?
Sua mãe sorriu e como se lembrasse de algo, ficou séria e falou com o olhar carregado de preocupação. — Precisei aprender filha. Você precisa saber, será importante, por isso conto essa história todas as vezes que me pede, para que nunca esqueça nada.
Ainne ignorou essa parte, seu interesse era o fascínio que a história da Cisão lhe proporcionava, era poder imaginar como era o mundo fora da caverna, mas não precisava a mãe se preocupar sobre ela decorar, ela já tinha decorado tudo há muito tempo. Ainda assim, sua maior alegria era ouvir essa narração de sua mãe. Então para não quebrar a história ela pediu.
— Continue mamãe. O que aconteceu com eles?
Ela balançou a cabeça. — Depois de um tempo quase nada mais se ouvia falar sobre esse povo, foram esquecidos quando ninguém mais arriscou explorar as terras do Norte, pois os peregrinos que vinham de todo o mundo para aguardar o julgamento em frente ao portão, sabiamente começaram a usar uma mesma trilha quase grudada ao abismo e então, como algo natural, uma estrada larga de terra batida surgiu, e ali, somente ali segundo muitos, era seguro atravessar e por ela até hoje muitos povos chegam, de vários locais do mundo e com costumes completamente diferentes um do outros, somente a língua não é mais estranha, mas os costumes ainda prevalecem.
No inicio muitos acharam exagero uma pesagem que durasse tantos anos, mas depois de um tempo, todos os humanos foram entendendo que o mundo vasto e enorme carecia de tempo para que fosse feito o aparte com justiça.
Mas aos ímpios ainda restava esperança. Pela justiça divina todos os homens ainda restantes na terra, teriam o direito a ter seus descendentes pesados pela mão, e com o tempo, isso se tornou a esperança dos ímpios. Se não podiam estar no paraíso, que pelo menos seus filhos ganhassem essa benção. E por conta dessa esperança, várias comunidades, tribos, clanades e clãs começaram a surgir.
Muitas comunidades foram criadas no lado dos ímpios, tribos que iam aumentando cada dia mais por conta da quantidade de viajantes que chegavam de todo o mundo somente para ser pesado pela mão divina.
Alguns agora chamados por todos de peregrinos, visto que estavam há anos andando para chegar ali, faziam essa longa jornada somente pela esperança de ser aceito do outro lado, aceito no lado dos justos e poder finalmente voltar a ter a fartura de dias já quase esquecidos pelos ímpios que agora vivem basicamente aglomerados perto do portão.
Alguns, os já julgados pela mão divina e sem chances de adentrar o paraíso arriscavam ficar mais distante, ainda assim não perdiam a pesagem anual e esses são chamados de nômades, pois nunca param muito tempo no mesmo lugar. Ainda tem aqueles que não mais saíram de frente ao portão e por conta de cada vez mais aumentarem, uma vila enorme se criou, uma vila que tudo pode ser comercializado e a esses são chamados de residentes. E a essa vila foi dado o nome de Cidadela.
— Existem mais povos?
Sua mãe assentiu. — Existem os Ribeiros que vivem á margem do rio, separados por um muro baixo construído em apenas um dia pelos anjos e nesses muros um aqueduto serpenteia baixo ao alcance de todas as mãos e as torneiras são abertas diariamente por eles para manter a água sempre fresca e acessível aos ímpios. Mas em suas colônias não é permitido a entrada de ímpios. Os Ribeiros são os únicos considerados justos sem precisar passar pela mão, porém o grande mistério é que eles não puderam adentrar as terras do Sul.
Segundo os anjos, eles não podem se corromper. E agora somente a esses poucos humanos que se é permitido viver da terra nos dias de hoje, são misteriosos e não temem os ímpios, pois eles têm um tipo de proteção divina, não sei como eles são de verdade filha, pois para nós nunca foi permitido entrar em seus domínios. Então esses são realmente um povo estranho que apesar de justos não podem entrar no lado dos justos e ainda assim, apesar de não serem Nefilins, eles podem plantar, pois da mão deles tudo nasce.
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A Era dos Anjos- Os filhos de Ayel- Degustação
FantasyQuando matar um semelhante era a única maneira para se viver mais um dia, eles vieram e ditaram a sentença. Então ímpios e Justos viraram todos na terra. A regra agora é outra. Os pecados são pesados em vida, o mundo foi dividido e todos terão que a...