Capítulo 6- Estragando tudo novamente

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GAEL


Eu andava de um lado para o outro no meu escritório. Na saída do bar tive que deixar que Iam me levasse embora uma vez que fui de carona com ele, pedi que ele fosse direto para o hotel do meu pai onde eu trabalho e assim que chegamos me tranquei em meu escritório sem deixar que ele me seguisse.

Eu estava além da ira, se não fosse o corte que a Íris me deu eu teria estragado tudo de cara mais uma vez. Meu Deus, eu rezava pra não ter estragado tudo com ela!

Vê-la ainda mais linda, dançando tão entregue, como se dançasse só pra mim, e ao mesmo tempo me ignorando totalmente, mexeu comigo de tal modo que não pude evitar de ir até ela. Eu precisava estar com ela naquele momento, tinha de convencê-la de que eu era o único cara que a amaria de verdade, precisava tê-la de qualquer forma. Eu simplesmente esqueci todos os meus bons propósitos e o meu plano de não assustá-la. Se ela não tivesse me enfrentado, eu teria ferrado tudo e ela estaria fugindo outra vez pela manhã.

O fato dela ter me enfrentado criou o choque necessário pra me fazer acordar do transe, ela nunca havia me enfrentado antes, mesmo quando eu fiz as piores merdas, mas pelo incrível que pareça o fato dela se mostrar mais forte só a fez mais linda pra mim. Muitas vezes quando eu lhe fazia mal, depois me odiava pelo que tinha feito, e pelo fato de fazer com que ela tivesse tanto medo de mim, mas eu simplesmente não conseguia me controlar, eu não podia.

Quando a vi pela primeira vez, eu tinha 6 anos de idade, ela havia se mudado para a cidade com sua mãe a pouco tempo e havia recebido uma bolsa de estudos na escola onde eu estudava. Eu me lembro de olhá-la pela primeira vez e pensar que se tratava de um anjo, com seus cabelos em um tom de vermelho claro e os olhos verdes brilhantes, misturado ao ar tímido e doce que vinha dela. Eu havia perdido minha mãe a pouco tempo, e um pouco antes de morrer, quando ela tentava me explicar que não estaria mais ali ao meu lado, me fez a promessa que daria um jeito de cuidar de mim de onde estivesse. Quando Íris entrou na sala de aula, e notei sua forma de anjo, me ocorreu que minha mãe deveria tê-la mandado do céu para me fazer feliz, para diminuir um pouco a solidão que me oprimia. Então me levantei e ofereci o lugar ao meu lado a ela. A partir desse dia nos tornamos melhores amigos, quase irmãos, fazíamos tudo juntos.

Não sei exatamente quando os sentimentos inocentes que tínhamos um pelo outro se tornaram mais sérios, mas quando eu tinha 8 anos, já tinha a certeza que me casaria com ela um dia, e fizemos essa promessa para estarmos sempre juntos. Aos 12 anos eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ela, mas somente no seu aniversário de 15 anos tive coragem de pedi-la em namoro, e ela aceitou.

Tivemos um ano perfeito, e eu me apaixonava mais a cada dia, mas as coisas começaram a mudar rapidamente quando ela fez 16. Ela era muito linda, e ganhava corpo, e eu sabia que já não era o único menino que a desejava. Ao mesmo tempo nosso namoro se tornava cada vez mais sério, nossos beijos e toques mais intensos, e eu comecei a me ressentir ao imaginar que outros caras pudessem desejá-la desse modo, eu me afogava em ciúmes e temia que algum cara pudesse roubá-la de mim.

Uma tarde o nosso professor de história resolveu fazer um trabalho em dupla, mas ele próprio havia escolhido quem faria par com quem, e para o meu ódio a Íris faria dupla com o Marcos, um babaca que não tirava os olhos de cima dela. No dia seguinte quando ela me contou que pretendia ficar depois da escola para fazer o trabalho com o Marcos na biblioteca, nós tivemos nossa primeira briga séria, eu disse que não a deixaria sozinha com aquele babaca, disse que ia junto com eles, ela não aceitou disse que sabia se cuidar, e nós discutimos por toda a manhã, mas eu aceitei e ao fim da aula fui para casa e a deixei na biblioteca. Mas não conseguindo me conter, um tempo depois resolvi voltar para buscá-la. Ao chegar a porta da biblioteca tudo que vi foi o babaca abraçando minha namorada, eles estavam apenas se despedindo, mas na hora eu não pensei em nada, algo gritava em minha mente que ele iria roubá-la de mim, e eu parti pra cima do cara com tudo.

Eu bati muito nele, e só não fiz algo pior pois alguns professores conseguiram me conter. A Íris chorava muito e quando tentei me aproximar não deixou, pediu a uma professora que a levasse pra casa e eu fui conduzido a diretoria. Levei uma suspensão de uma semana e fiquei de castigo por um mês, tentei ligar para Íris todos os dias mas ela não atendia. Então uma noite, sem poder suportar mais ficar longe dela, fugi do meu castigo e fui até sua casa. Chamei na janela do seu quarto e para minha surpresa ela a abriu, mas não saiu para me encontrar.

- O que você faz aqui Gael? Você devia estar de castigo. - ela falou friamente.

-Eu preciso falar com você. Porque você não atende minhas ligações?

- Eu acho que não temos nada pra conversar. - ela disse sem conseguir olhar nos meus olhos.

- Como não? Eu preciso que você me perdoe Íris, eu perdi a cabeça, não vai mais acontecer eu prometo.

- Eu perdoo. Mas não vou conseguir esquecer o que você fez. Eu odeio violência Gael, odeio de verdade, eu não quero ser mais sua namorada. - ela diz tentando enxugar as lágrimas que começam a cair pelo seu rosto.

- Você não está falando sério. Nós não vamos terminar, nunca! - eu falo desesperado.

- Nós já terminamos, acabou Gael! Você passou dos limites.

- Eu passei dos limites! -eu não me contive e comecei a gritar com ela, sabia que devia manter a calma, mas novamente eu não pude, ela queria terminar, mas eu não ia deixar, ela era minha. - Eu te encontro agarrada a um cara e sou eu que passei dos limites?

- Eu não estava agarrada com ele, nós somos amigos e nos despedíamos, só isso. E eu não quero mais falar sobre isso, ok?! Vai embora por favor Gael, antes que você acorde minha mãe e toda vizinhança! - ela fala já começando a fechar a janela.

- Eu vou, mas eu não aceito isso! Nós não terminamos, depois que você se acalmar nós vamos conversar e vai ficar tudo bem. - eu disse tentando me aproximar dela, mas ela apenas recuou.

- Não, não vai. - ela disse, depois se virando e entrando em casa, enquanto eu ficava ali parado tentando não crer no que acabara de acontecer.


Mal D'amore #Wattys 2017Onde histórias criam vida. Descubra agora